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O que você faria se gostasse de uma pessoa que pode estar sendo traída e, apesar de ser próxima de você, dificilmente retribuiria seu interesse? No caso do protagonista de She Would Never Know (adaptação da webtoon Senior, Don’t Put on That Lipstick), tentar ajudar e persistir com a maior sinceridade possível.
Yoon Song-Ah (Won Jin-A) é uma funcionária dedicada do Marketing da KLAR, uma marca de cosméticos. Ela também namora, em segredo, o chefe do departamento, Lee Jae-Shin (Lee Hyun-Wook). Chae Hyun-Seung (Rowoon), o mais jovem da equipe, foi treinado por Song-Ah e é apaixonado por ela.
A primeira questão é que Jae-Shin, o namorado de Song-Ah, está noivo. Hyun-Seung descobre isso por acaso, porque uma de suas irmãs é dona de um ateliê de vestidos de noiva. A segunda questão é que o fator da idade é muito importante, especialmente para Song-Ah, que recusa veementemente a ideia de estar com alguém mais novo, como Hyun-Seung. Mas ele não está nem um pouco interessado em desistir: além de fazer com que ela descubra que está sendo enganada, quer que ela perceba que merece mais e que há alguém disposto a dar o que ela merece. A princípio, os dois até fingem estar juntos para que Jae-Shin deixe Song-Ah em paz. Isso traz seus próprios obstáculos e momentos cômicos, pois o fingimento é só para Jae-Shin e mais ninguém do escritório deveria “descobrir”.
O carisma de Rowoon (do grupo de k-pop SF9) é um dos grandes pilares do drama, apesar de não ser o único. As interações de Hyun-Seung com suas irmãs são interessantes, porque os três parecem ter uma cumplicidade e um carinho muito grandes e se apoiam muito. Já os colegas de trabalho reconhecem o protagonista como alguém que, além de muito bonito, é competente e trabalha muito mais do que a média — o que ele atribui à mentoria de Song-Ah, que o treinou na empresa. Os dois personagens funcionam bem juntos, têm muito respeito um pelo outro e não parecem ficar parados no mesmo ponto para sempre.
E já mencionei que eles trabalham muito? Eles trabalham muito. Isso é até uma questão que o drama levanta lá na frente: a dedicação ao seu trabalho é importante, mas até que ponto a sua felicidade deve ser colocada em risco por isso? Será que vale mesmo a pena?
No início, Song-Ah parece ter problemas com a mãe, mas não sabemos muito bem que problemas são esses. Ela divide apartamento com uma amiga que acaba até ficando no fogo cruzado algumas vezes. Jae-Shin também parece ter seus problemas com o pai e uma amizade meio estranha com o diretor da KLAR, Lee Jae-Woon (Lee Gyu-Han). Mais detalhes disso tudo vão se revelando aos poucos. Eu achei o desenvolvimento da questão da Song-Ah com a mãe bem interessante e acabei me afeiçoando à personagem da mãe, que teve espaço para crescer e se mostrar de verdade. Já Jae-Shin parecia, a cada episódio, ficar mais insuportável, assim como todo seu arco: a questão com o pai, a amizade com Jae-Woon e o noivado com Lee Hyo-Joo (Lee Joo-Bin), irmã do amigo. Ainda bem que o drama, com razão, o coloca para escanteio por um tempo.
Além do carisma de Rowoon, os personagens secundários de She Would Never Know fazem toda a diferença: os colegas de trabalho fofoqueiros e muito parceiros, as irmãs maravilhosas de Hyun-Seung e sua sobrinha mais maravilhosa ainda, ou até o amigo chef. Eles são responsáveis por alguns poucos momentos mais dramáticos e muitos momentos cômicos na história. A sobrinha, Ha-Eun, se destaca por ser mais perspicaz que 80% do elenco de adultos — inclusive protegendo sua tia Chae Ji-Seung (Wang Bit-Na) das investidas do diretor Jae-Woon no começo — mas sem deixar de ser uma criança. Uma criança que se importa e sente muito.
São esses três personagens, Ha-Eun, Ji-Seung e Jae-Woon, que mais roubam a cena e crescem ao longo da história.
Caso você tenha se decepcionado com Something in the Rain — e, infelizmente, nunca esqueço como me decepcionei com esse drama —, esse é pra você. Mas She Would Never Know é realmente bem mais leve, do tipo que começa até despretensiosamente, acaba conquistando e entrega tudo que precisa. Algumas pessoas questionaram o ritmo lento, mas isso não me incomodou. Nem é um drama tão lento quanto A Piece of Your Mind, por exemplo.
De modo geral, é uma história que faz você se sentir bem e se importar com os personagens. Há alguns momentos dramáticos, reviravoltas e obstáculos pelo caminho, sim. Mas She Would Never Know não rouba do espectador os momentos felizes e o otimismo em nome de uma falsa sensação de realismo que na prática só significa sofrimento.
Até em um certo momento em que a série poderia ter seguido por um caminho bastante problemático com um certo trio de personagens, e em que parecia que isso ia acontecer, ela subverte positivamente as expectativas. Falar mais que isso seria um spoiler. Mas esse trio já desperta dúvidas desde o início, então não preciso falar muito, e o desenrolar é feito de forma interessante.
She Would Never Know tem ainda uma trilha sonora original das boas. A primeira música, Lean on Me, já é de Kim Jong-Wan, que faz parte da banda de rock alternativo NELL — e cujas participações em trilhas incluem as de Suspicious Partner, Weightlifting Fairy Kim Bok-Joo, O Rei Eterno e Tale of the Nine-Tailed. Talvez eu tenha um fraco por baladas de rock que explodem no refrão? Talvez. Não nego.
She Would Never Know estreou na JTBC sul-coreana em 18 de janeiro e seu último episódio foi exibido em 9 de março de 2021. Não se falou muito do drama por aqui, mas foi uma grata surpresa. Ele está disponível, em alta qualidade e com legendas, no iQIYi e agora na Netflix.
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