The Sinner é uma série norte-americana baseada no livro homônimo da autora alemã Petra Hammesfahr. A série estreou em 2017 e com certeza vai atiçar quem gosta de séries de investigação. Ela vai de encontro ao que já estamos acostumados quando se fala em série policial, pois o seu principal foco não é descobrir quem é o assassino, mas escavar o passado do criminoso confesso para saber quais foram os motivos que levaram a pessoa a cometer tal crime.
A série desenha a trajetória do detetive Harry Ambrose (Bill Pullman), um investigador obstinado com um faro excelente. Ele enxerga muito além do que está na superfície e busca incansavelmente por explicações, sendo muito empático e chegando a se envolver pessoalmente com os investigados.
O que torna a série ainda mais intrigante é que o assassino é sempre uma pessoa muito “improvável”, aparentemente frágil ou inofensiva. Numa tradução livre, “O Pecador” remete à religião e também contradiz o que já estamos acostumados a ver sobre esse tema. Não há seitas secretas, pessoas encapuzadas ou misteriosas que fazem sacrifícios de sangue em nome do mal ou de um suposto bem maior. Abordarei isso ao comentar cada caso respectivamente.
A trama é muito bem amarrada, deixando muito pouco espaço para divagação ou especulação e, para quem se acostumou a ver séries policiais, é uma saída da zona de conforto, trazendo perspectivas completamente diferentes- tanto da atuação policial quanto em relação aos assassinos. Além disso, a narrativa é completamente alinear. Ela vai e volta diversas vezes ao passado do assassino e das pessoas à sua volta para fazer com que o espectador possa compreender tudo o que aconteceu para que o criminoso chegasse naquele ponto.
“The Sinner” foi indicada ao 75.º Globo de Ouro na categoria Melhor Minissérie ou Filme para Televisão. A trama intrigante rende cinco monstrinhos. Ela é muito envolvente e aguça a curiosidade de quem acompanha a narrativa. Além disso, a fotografia está simplesmente impecável, busca acompanhar e retratar todos os sentimentos das personagens, o que te coloca ainda mais dentro da história.
Caso 1: Cora (Também resenhado por Lucas H@ter)
Cora Tanetti é interpretada pela Jessica Biel, que também é produtora executiva da série. É a estreia da atriz em uma série de Tv, não deixando a desejar em nenhum momento. Sua atuação impecável lhe rendeu a indicação de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para Televisão no 75º Globo de Ouro, além de uma indicação ao Prêmio Emmy, do Primetime, de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para Televisão.
A sua personagem tem uma vida normal e monótona: mãe casada com um filho, trabalha em uma empresa familiar e não aparenta ter nada fora do comum. Durante um passeio com a família, ao ouvir uma canção específica, Cora tem um rompante e mata Frankie Belmont (Eric Todd). Do nada.
Isso é muito chocante, mas é muito claro que a música disparou algum tipo de gatilho nela, e nos resta tentar descobrir exatamente o que houve, coisa que nem ela mesma sabe, pois perdeu a memória do tal acontecimento. Quando o detetive Ambrose assume o caso, ele percebe que há algo muito errado e começa a procurar respostas para montar o quebra-cabeças que se torna o caso e nós vamos especulando junto com ele.
A religião é opressora no caso de Cora. Sua mãe, uma católica fervorosa, incentiva a menina a rezar constantemente para pagar seus pecados que, segundo ela, são a causa da saúde frágil da irmã Phoebe (Nadia Alexander). Cora é moldada para ceder e agradar os outros e isso é muito nítido em sua relação com os outros personagens, especialmente com Phoebe que, vez ou outra, chega a ser desconfortável.
A trilha sonora dessa temporada é simplesmente maravilhosa, recheada de músicas dos anos 1980-90 e outras canções mais atuais, mas que atendem um estilo semelhante. Aliás, a música-gatilho da Cora é Huggin’ & Kissin’ de Big Black Delta, que simplesmente gruda no cérebro de quem ouve. Ela foi escolhida antes mesmo da gravação do piloto por ser obscura e ter uma “pegada” anos 1990, época em que se passa o trauma que levou Cora a matar Frank.
Caso 2: Julian
Julian Walker (Elisha Henig) é um garoto de 13 anos de idade que envenena e mata os próprios pais durante um imprevisto em uma viagem para as Cataratas do Niagara. Ele confessa imediatamente o crime e fica sob custódia do Estado. Visivelmente perturbado, ele fala muito pouco e diz coisas que parecem estranhas ou desconexas.
Desta vez, o detetive Ambrose é chamado para observar o caso de perto por Heather Novack (Natalie Paul), filha de um amigo de Harry e detetive em início de carreira. Ele percebe novamente que há algo mais profundo naquela história e encontra Mosswood Grove, onde o garoto nasceu e foi criado. O local é cercado de misticismo e suposições por ser uma espécie de comunidade alternativa dentro de Keller, uma cidadezinha do interior.
Junto com a história de Julian, a investigação leva Harry de volta a Keller, sua cidade natal, e começa a revelar também diversos traumas da vida do detetive. Daí é possível compreender um pouco mais sobre a razão que o leva a sempre procurar se aprofundar nos crimes que investiga e procurar suas causas.
Em Mosswood, os integrantes da comunidade são submetidos a uma espécie de terapia, que Vera Walker (Carrie Coon), que comanda o local, ministra. Na tentativa de penetrar os mistérios da tal comunidade, Harry se submete a uma dessas sessões e o resultado não lhe é nada agradável. A química entre ele e Vera é nítida, mas preocupante. Nas conversas com Julian, Harry revela muito sobre seu passado quando tinha a idade do garoto.
Essa temporada é igualmente bem amarrada e surpreendente, à medida que descobrimos as coisas, queremos descobrir ainda mais para saber de onde vem tudo aquilo. Não posso revelar muito mais, senão tiraria a graça da série e o spoiler, nesse caso, tiraria toda a magia da trama.
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