O livro de estreia do britânico Richard Osman promete muito logo na sua apresentação, dizendo que é um fenômeno editorial que não se via na Inglaterra desde Harry Potter. Bom, eu nunca li os livros do bruxinho, então não posso afirmar isso, mas O clube do crime das quintas-feiras entrega o que promete. O hype é válido!
A premissa é simples: idosos, em um retiro para aposentados (que está mais para um hotel de luxo para aposentados), que tentam resolver crimes há muito arquivados pela polícia. Eis que um crime real acontece, e é aqui que o elemento thriller entra e a gente pode ver como esse gênero literário pode conversar bem com a comédia. É a prova de que até uma história de assassinato pode ser engraçada.
Os personagens principais são o ponto alto da história. Eles são impetuosos e testam, a todo momento, os limites – sejam eles morais ou legais – só para terem o que querem, até porque eles são idosos, aposentados, inocentes e só um pouquinho curiosos (só que não). Elizabeth, Ibrahim, Joyce e Ron não se reúnem toda quinta-feira para discutir ópera japonesa, como consta na agenda da sala de reunião. Eles querem fazer justiça às vítimas de casos sem solução e só isso já é motivo para gostar deles.
Depois de certa idade, você pode fazer basicamente o que quiser. Ninguém vai repreendê-lo, exceto os médicos e os filhos.
O suspense também não entrega pouco, com toques sutis de Agatha Christie e reviravoltas que não são nada tradicionais, que prendem e nos surpreendem a cada página. Os quatro amigos desenterram segredos e revelações que, muitas vezes, nem estão ligadas ao crime. Isso é incrível, pois eles sempre conseguem o que querem e têm um jogo de cintura que deixa qualquer jovem no chinelo. O FBI está perdendo esse quarteto!
O clube do crime das quintas-feiras não é um livro preso na trama pronta que os livros de mistério têm. Não tem nada de acelerado na sua narrativa, ainda que seja viciante e de uma escrita fluida. Tem cenas icônicas, um humor bem britânico e muita sabedoria por parte dos integrantes do clube, aquela que só a idade é capaz de trazer.
Por mais que tenha 400 páginas, O clube do crime das quintas-feiras é muito rápido de ler. Os capítulos são muito curtos e o fato de ser narrado por vários pontos de vista deixa a leitura muito mais dinâmica. Ele tem as suas partes enroladas, para dar um pouco de drama, mas nada que deixe a gente com vontade de abandonar o livro. Como já disse, os personagens principais cativam demais. Meu sonho é tomar um chazinho com a Joyce e a Elizabeth.
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