Wandinha (Wednesday) é o mais novo sucesso da Netflix que incendiou o universo dos amantes de séries (e dos haters também). A primeira temporada estreou em 23 de novembro e, segundo a página da produção no Instagram, tornou-se a série mais vista no serviço de streaming em uma semana, ocupando o Top 1 em 83 países. Essa nova produção do Tim Burton é um spin-off de A Família Addams; uma perspectiva diferente com foco em Wednesday, que conhecemos como Wandinha. É uma série adolescentede mistério, comédia e fantasia, com o ar gótico e ácido dos Addams. Não se preocupe, não darei spoilers.
Após se vingar, de forma cruel, dos bullies de seu irmão mais novo, Wandinha foi expulsa da escola e seus pais a matricularam na Escola Nunca Mais (Nevermore Academy), um lugar exclusivo para jovens excluídos e monstros, como vampiros e sereias. É onde seus pais, Mortícia e Gomez, estudaram e se conheceram. Lá, ela é aceita, apesar de seu jeito arrogante e mórbido de ser, e se torna destaque. Contudo, ainda permanece relutante, tentando fugir, até que se depara com assassinatos cometidos por um monstro misterioso. Então, Wandinha mergulha de cabeça para solucionar esse mistério.
Tim Burton é famoso por suas produções de fantasias sombrias e excêntricas, como Edward Mãos de Tesoura, A Noiva-Cadáver e O Estranho Mundo de Jack. E vi em Wandinha todas as características de seu estilo. Mas as críticas foram muitas. Uma que me intrigou bastante foi a de que a série teria matado o estilo sombrio e mórbido que era esperado e transformado a série em um clichê adolescente, comparando-a, inclusive, com Riverdale. Mas, a meu ver, esse ponto de vista não poderia estar mais longe da verdade.
Desde o início a proposta era de uma série adolescente, devido ao sucesso recente de séries e filmes de terror protagonizados por crianças e adolescentes, como Stranger Things e It. Portanto, é óbvio que não veremos vísceras e matança explícita em uma produção com classificação para 12 anos. Além disso, espera-se um pouquinho de romance adolescente.
A jovem é retratada exatamente como ela é no filme dos anos 1990: gótica, sombria, e com um interesse assustador em morte e tortura. Parece, até, que ela está morta por dentro. Dito isto, a atuação da protagonista Jenna Ortega merece muitos elogios. A série toda, apesar dos homicídios e da investigação, só funcionou por causa do jeito estranho e mórbido de Wandinha, que deixa tudo mais interessante. E a atriz conseguiu interpretá-la de forma genial. Dizem que ela gravou cenas inteiras sem piscar e, ainda, ajudou pessoalmente a coreografar a épica dança gótica, estranha e perturbadora que virou trend no TikTok.
O restante do elenco também merece elogios, como a diretora da escola, Larissa, muito bem interpretada por Gwendoline Christie, e Mortícia, interpretada por Catherine Zeta-Jones. E não posso deixar de comentar a participação de Christina Ricci, a própria Wandinha dos filmes de 1991 e 1993, mas, dessa vez, como professora de Botânica na Escola Nunca Mais.
Vale a pena comentar também sobre a produção. A escola é ambientada em um castelo antigo e sombrio, lembrando o ambiente de uma escola de bruxas. E o figurino completa essa atmosfera. A iluminação apresenta tons frios, o que deixa tudo muito gótico.
Wandinha é o contrário de clichê. Apresenta um toque de romance e amizade, mas nada muda a personalidade mórbida da protagonista. Na verdade, essa combinação de “normal” com “excêntrico” consegue trazer à tona alguns momentos muito engraçados. E, se pensarmos de um ponto de vista mais profundo, vemos nessa produção a aceitação das diferenças em um lugar em que ser estranho é o normal — tanto que ninguém se mostra assustado por Wandinha.
Independentemente dos comentários negativos, Wandinha é uma excelente produção que adaptou um clássico aos moldes do que é considerado sucesso atualmente. É tão intrigante que consegui maratonar as 8 horas de episódios em 2 dias. Recomendo que assista com o áudio original em inglês e legendas, pois o próprio nome da protagonista em inglês, Wednesday (que se traduz literalmente para “quarta-feira”), torna-se cômico em algumas ocasiões. E podemos esperar uma segunda temporada, pois a série foi um sucesso e deixou, ao final, um novo mistério a ser solucionado.
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