Estamos em uma época de eleição e nada mais justo do que entrarmos no clima certo? Calma, meu jovem nerd, não vamos falar sobre essa dicotomia política, mas sim sobre uma ideia que rolou em um filme que alavancou a política dos Estados Unidos. Estamos falando da quadrilogia The Purge (Uma noite de crime) que se passa sob olhares horrendos, em uma América futurista e distópica.
Os quatro filmes trazem a mesma temática e mudam praticamente histórias e linhas do tempo. Em um cenário de pobreza social extrema, uma psicóloga tem uma “brilhante” ideia de oferecer à sociedade um escape emocional com uma noite do expurgo. Esse expurgo funcionaria de forma didática e irrestrita, sendo que todos os crimes perante a lei antes proibidos seriam liberados com o intuito de lavar a alma dos cidadãos estadunidenses.
A saga concebida pelo cineasta James DeMonaco (responsável pelo roteiro e pela direção dos três primeiros filmes) é em uma ordem inversa, mostrando primeiramente a adesão da ideia do expurgo e o filme mais recente lançado como foi que de fato surgiu essa ideologia. Todos os quatro filmes seguem a mesma sequência lógica: um grupo que não concorda com o expurgo versus um grupo que concorda, sendo que há um momento de inversão em que todos se vêm como participantes ativos (por obrigação ou por prazer). O filme é regado a cenas com pouca iluminação, cenas inusitadas e aquele velho suspense. Apesar de os filmes regredirem, o diretor sempre deixa um gancho para explicar como de fato aquilo surgiu no filme posterior, deixando um clima de quero mais.
Uma curiosidade que me fisgou no último filme foram os debates sobre a psicologia humana, e uma cena bastante interessante é sobre as máscaras usadas quando se está expurgando. O longa explica que, mesmo sendo educados e possuidores de massa encefálica para o raciocínio, na nossa mente ainda há instintos primitivos os quais tentamos esconder. Então, quando liberamos essa faceta sentimos vergonha e a fantasia é o abrigo do nosso “eu” sensato e seguidor de bons costumes.
Um filme com cheiro de suspense barato, mas com uma história intrigante e promissora para mais e mais filmes. Além de deixar todos que assistem reflexivos sobre como insights absurdos são impostos e aceitos como normais, como o ser humano tem esse lado negro de liberar a violência quando se é oportunizado, como o instinto de sobrevivência existe em nossas entranhas, como a economia pode afetar níveis profundos sociais e psicológicos humanos e, por fim, quem seriamos nós: agentes ativos ou passivos dessa noite de crime. E aí, qual é sua resposta?
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