Com Love in Contract, Park Min-young estrela seu segundo drama de 2022 e levanta uma dúvida entre os fãs: será que a atriz está em uma fase ruim?
Choi Sang-eun (Park Min-young) trabalha oferecendo ajuda social a homens solteiros, como uma espécie de falsa esposa profissional para situações pontuais. Eles a contratam quando precisam causar boa impressão em chefes ou familiares mais conservadores, que acreditam que só exista maturidade ou felicidade na vida adulta após o casamento — e avaliam o valor da pessoa por seu companheiro. Linda, multitalentosa e carismática, Sang-eun sempre consegue se adaptar facilmente a qualquer situação e atingir os objetivos necessários. Por isso, oferece um serviço altamente personalizado, caro e exclusivo.
Prestes a encerrar essa fase de sua carreira e se mudar para o exterior, ela mantém apenas um cliente: Jung Ji-ho (Go Kyung-pyo), um homem rico e metódico sem nenhuma habilidade social. Ji-ho é seu cliente há cinco anos, e o que o torna mais diferente da maioria é que o único compromisso de Sang-eun com ele é fazer companhia para o jantar três vezes por semana. Os dois mal conversam nessas ocasiões e pouco sabem um sobre o outro, mas mesmo assim vão se afeiçoando.
Enquanto isso, o ator Kang Hae-jin (Kim Jae-young), vizinho de Ji-ho, reconhece Sang-eun de outros tempos e contrata seus serviços para acalmar a família rica. Isso adia um pouco a “aposentadoria” da protagonista. Parte da motivação dele é também um antigo amor não-correspondido por ela, o que cria situações engraçadas e inconvenientes envolvendo os dois vizinhos.
A princípio, Love in Contract poderia ser apenas uma história simples e curta sobre Sang-eun e Ji-ho se apaixonando. Talvez tivesse dado mais certo. Mas esse é um drama no formato tradicional de 16 episódios de uma hora, então existem mais camadas, que muitas vezes envolvem o passado dos protagonistas.
O motivo de Sang-eun estar encerrando a carreira é que ela sente já ter quitado sua dívida com a misteriosa Yu Mi-ho (Jin Kyung), que aparece em flashbacks como uma mistura de babá, mentora, e golpista profissional. Mi-ho criou Sang-eun no exterior, com o nome de “Jamie”, para ser seu maior projeto. O propósito era apresentar a garota como a herdeira perfeita de uma família rica e fazê-la se casar com algum herdeiro de outra família rica. Mais especificamente, o alvo era um irmão mais velho de Hae-jin. Mas o que acontece na noite desse evento é que ela perde o controle, levantando da mesa aos gritos, jogando um pote de molho na cabeça do suposto pretendente, e deixando uma bela impressão no irmão mais novo dele.
Hoje, com o nome “Jamie” no passado, ela divide apartamento com o amigo Woo Gwang-nam (Kang Hyung-suk), que foi um de seus primeiros clientes. Gwang-nam é gay e a vida dele tende a ser instável, pois a maioria das pessoas o abandona ou descarta ao descobrir sua sexualidade, fazendo com que continue no armário. É um dos motivos por que ele valoriza tanto Sang-eun, que o acolheu como verdadeiramente é. Além de cuidar da casa, ele trabalha como instrutor de taekwondo, mas não se apega muito a nada ou ninguém por medo. A mudança planejada para o exterior é sua esperança de uma vida melhor.
De certa forma, tudo o que Hae-jin faz é frustrar os planos de Sang-eun, Gwang-nam e Ji-ho, e isso faz dele um personagem difícil de gostar. Muito difícil. Ele age em benefício próprio, e nunca parece andar no mesmo ritmo que o resto das pessoas ao seu redor ou se importar de verdade com o bem-estar delas. Seu arco parece tratar do fato de ele ainda não ter encontrado sua identidade, preso entre um passado de chaebol que detesta, uma carreira de ator estagnada e uma certa rebeldia sem causa.
Os pôsteres e descrições de Love in Contract podem passar a impressão de que existe um triângulo amoroso entre os protagonistas, o que não é bem verdade. Sang-eun tem respeito por Hae-jin enquanto cliente e um certo carinho por sua breve conexão no passado. Já Hae-jin ficou preso a uma “Jamie” idealizada que mal conhecia, incapaz de seguir em frente. Enquanto cliente, ele tem os mesmos direitos e deveres de todos os outros, incluindo Ji-ho, mas sua fama coloca Sang-eun em uma situação muito mais delicada — e se torna extremamente desrespeitoso se considerarmos que ela não pediu para ser envolvida. Ela só queria se aposentar.
Enquanto isso, o tímido e estranho Ji-ho não tem nenhuma dificuldade para conquistar o público. Ele não sabe lidar com situações sociais nem com sentimentos, além de ter dificuldades para interpretar as ações de outras pessoas, mas essa barreira vai diminuindo com a convivência com Sang-eun.
Na segunda metade de Love in Contract, o personagem de Hae-jin vai ficando menos detestável, mas o drama em si também vai mudando. É hora das inevitáveis crises do casal principal e de tratar de algumas questões em aberto. O que aconteceu para Sang-eun, enquanto ainda era “Jamie”, perder o controle daquela forma? Quem, afinal, é Yu Mi-ho? E o que ela tanto trama? Ji-ho, Gwang-nam e Hae-jin também encontram suas chances de fazer as pazes (ou não) com o passado.
Entre toda essa tensão, alguns personagens e núcleos ajudam a manter a leveza: os hilários colegas de trabalho de Ji-ho, o fofíssimo novo colega de trabalho de Gwang-nam, e, é claro, a própria protagonista. Embora tenha uma alta carga dramática em certos momentos, a Sang-eun de Park Min-young é uma ótima protagonista de comédia romântica. Aliás, Park Min-young é uma ótima protagonista de comédia romântica, capaz de injetar carisma e humor em muitas obras que seriam apenas medianas. E Sang-eun, personagem escrita para ser perfeita, parece feita sob medida para ela.
Nos últimos episódios, essa tensão toda começa a ser resolvida e o clima clássico de comédia romântica é retomado. O final é satisfatório e interessante, apesar de se acovardar em relação a um possível interesse amoroso de Gwang-nam. Essa é a minha principal crítica negativa, aliás. Até então, a orientação de Gwang-nam nunca fora usada como demérito ou indicativo de que ele estivesse fadado a ficar sozinho. Foram incluídas até algumas críticas ao preconceito e à exclusão a que ele está sujeito apenas por ser quem é, além de indicativos de que, em alguns círculos, as coisas estão melhorando. Gwang-nam merecia esse relacionamento, todas as deixas estavam no lugar, e casais héteros secundários foram confirmados com muito menos desenvolvimento. Então tudo aponta para ser apenas uma decisão covarde no que, até então, tinha sido uma representação respeitosa.
Aliás, a maioria dos personagens de Love in Contract foram mesmo uma ótima companhia ao longo dos dois meses de exibição do drama. Até Hae-jin, ao respirar outros ares, passa a ser importante de uma forma positiva em vez de só atrapalhar. Mas o conjunto da obra poderia ter sido bem melhor se apresentasse um ritmo mais estável.
Embora não seja impecável ou um dos grandes destaques do ano, Love in Contract é uma comédia romântica leve, com bons personagens e um ótimo elenco, que até certo momento assume alguns riscos na representação de personagens pouco usuais. Disponível no Viki, é um drama que teria sido objetivamente melhor se fosse mais curto, mas confesso que eu gostaria de ter passado mais tempo na companhia dele.
Mais sobre A-WORLD
Opinião Sincera | See You in My 19th Life
Em See You in My 19th Life, Jieum se lembra de suas vidas passadas. Após a morte precoce na 18ª …
Opinião Sincera | Publishing Love
Publishing Love é um webtoon de comédia romântica escrito por Rosa (Yeondu) e ilustrado por Song Yi. Também conhecido como …