Durante a onda de super-heróis, a Netflix decidiu inovar com sua nova série original The Umbrella Academy. Com o anúncio da Disney sobre seu streaming (Disney+), a Netflix perdeu os direitos sobre algumas séries, como Demolidor e O Justiceiro. A solução para esse problema foi criar uma série totalmente original baseada em HQs que não são da Marvel, nem da DC. O resultado é um universo novo e muito intrigante, mas que não teve todo seu potencial explorado, além de um roteiro um pouco maluco.
A série é baseada nos dois volumes dos quadrinhos de mesmo nome escritos por Gerard Way (ex-vocalista da banda My Chemical Romance) e ilustrados pelo artista brasileiro Gabriel Bá. As HQs foram lançadas em 2007 e o primeiro volume ganhou, em 2008, o Prêmio Eisner de Melhor Minissérie. O roteiro, adaptado por Jeremy Slater (O Exorcista e Quarteto Fantástico), não conseguiu abraçar muitas coisas interessantes das HQs, mas o esforço para trazer algo criativo e divertido é grande.
Tudo se passa em um universo um pouco bizarro. O dos quadrinhos é ainda mais, mas a série mostrou um pouquinho dele, deixando claro que não se trata da nossa realidade. O enredo se desenvolve em torno de sete jovens problemáticos e disfuncionais que possuem superpoderes e precisam salvar o mundo de um iminente apocalipse. São eles: Número Um ou Luther (Tom Hopper), um homem modificado geneticamente que possui super força; Número Dois ou Diego (David Castañeda), que manipula facas; Número Três ou Allison (Emmy Raver-Lampman), que possui a habilidade de manipular a mente; Número Quatro ou Klaus (Robert Sheehan), uma pessoa excêntrica que consegue falar com os mortos; Número Cinco (Aidan Gallagher), que não tem um nome e pode viajar pelo espaço-tempo; Número Seis ou Ben, que está morto e é apenas um espírito andando com Klaus; e Número Sete ou Vanya (Ellen Page), que não tem poderes.
Eles foram criados como irmãos, mas em certo momento da vida se separaram, vivendo cada um com seu complexo e seus problemas emocionais. Com a morte do pai, eles se reencontram para o funeral e algo maluco acontece: o Número Cinco, até então desaparecido, volta do futuro como um homem de 50 anos em um corpo de menino de 13 e anuncia que o mundo vai acabar em alguns dias.
Cada um tem sua personalidade bem definida, chegando a ser um clichê em certos momentos. Mas o fato é que o elenco foi bem escolhido. É muito divertido acompanhar Klaus, e Aidan Gallagher consegue mesmo passar a ideia de que é um velho em corpo de jovem. Outros personagens que se destacam são os anti-heróis Cha-Cha e Hazel.
O ritmo da série é frenético. Todas essas tramas e alguns romances são apresentados logo de cara, prendendo totalmente a atenção, trazendo certos momentos de tensão. Esse foi um grande acerto da série. Porém, lá para o meio dos 10 episódios, eles se perderam um pouco, dando ênfase demais em momentos desnecessários, como dança ao luar, conversas observando pássaros e explicações repetidas do mesmo fato. Talvez a intenção fosse reduzir um pouco a velocidade e nos dar tempo para absorver tanta informação, mas acabou desviando a atenção do que realmente interessa: o fim do mundo, que acabou ficando em plano secundário.
Os clichês são incontáveis. Eu não poderia nem explicar com mais profundidade sem dar spoiler, mas, além das personalidades totalmente previsíveis, o desenvolvimento da trama de alguns personagens também é, principalmente em relação à Vanya. Nesse ponto, preciso falar sobre o mau aproveitamento de Ellen Page, que só teve seu destaque nos últimos episódios, mas que poderia ter sido mais explorada, afinal, é Ellen Page.
O visual foi outro acerto. Diferente das cores e iluminação escuras das séries anteriores da plataforma, The Umbrella Acadamy é bem iluminada, fugindo do clichê do gênero e do tom sombrio que a Netflix sempre usa. A trilha sonora é perfeita, traduzindo essa energia frenética; escuto o tempo todo no Spotify. Isso talvez se dê pelo fato da influência de Gerard Way, que inclusive tem duas músicas na trilha. Mas é difícil ignorar que, em certos momentos, as músicas não combinam com a cena, ficando exageradas demais, como na cena em que toca Don’t Stop Me Now do Queen.
Eu gostei muito da série, é uma boa distração. Ela é divertida e até emocionante. A Netflix ultimamente vem inovando em alguns campos e aqui não foi diferente. Os pontos falhos no roteiro não atrapalharam a diversão. Além disso, o gancho deixado pelo último episódio foi muito bom. Deixou-me muito curiosa sobre a continuação. Dessa vez não foi tão previsível assim, afinal estamos falando de viagem no tempo e irmãos malucos. A segunda temporada já está confirmada, juntamente com seu elenco original. Serão 10 episódios e as gravações irão começar em breve. Vale a pena assistir.
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