Sempre estou à procura de coisas que me inspiram. Sejam elas personalidades, livros, músicas, arte, documentários etc. E, após aquela tradicional uma hora de procura por algo que preste na Netflix, descobri ‘Abstract’. Me surpreendeu, pois poucas vezes fiquei tão encantado por um documentário, o que mostra como a Netflix tem tomado passos importantes em busca de mais qualidade dentro do seu portfólio, como demonstram as recentes nomeações ao Oscar.
Abstract é uma ode a grandes nomes do design contemporâneo. E, quando falo em design, peço que saia um pouco da caixinha e expanda sua concepção sobre o que vem a sua mente quando se pensa nessa área. Aqui não falamos apenas de design gráfico, especialidade que é geralmente associada à palavra, mas sim de diversos profissionais criativos que moldam nosso dia a dia. O documentário nos apresenta um designer de uma determinada área por episódio, passando por grandes nomes da ilustração, design de tênis, cenografia, arquitetura, design de carros, design gráfico, fotografia e design de interiores.
Os episódios não seguem um padrão, eles são moldados com base na pessoa que é apresentada. Isso quer dizer que as transições de tela, as artes, a fotografia, o roteiro, entre outras coisas são adaptados ao designer em questão. O episódio em que isso fica mais latente é o primeiro, onde é apresentado o ilustrador Christoph Niemann, criador de diversas capas para a revista TIME, New Yorker, dentre outras. As artes do Christoph estão integradas ao documentário, onde constantemente brinca com a perspectiva em tela. O artista, literalmente, entra nas suas obras, as transições de tela são alinhadas com o seu estilo de arte, ou seja, tudo é personalizado com base no artista, o que torna cada episódio muito único, despertando a curiosidade do espectador. Além disso, é muito interessante ver o relato dos artistas sobre as influências que tiveram ao longo da vida, e que acabaram moldando o seu trabalho.
Lembra que falei lá em cima de inspiração? Pois é, tem um episódio em especial que me fez refletir muito sobre como fazemos o que fazemos: aquele que nos apresenta o arquiteto Bjarke Ingels, dinamarquês mundialmente celebrado pelos seus projetos totalmente fora do comum. Tá, mas por que ele me inspirou? Bjarke não é o tipo de arquiteto responsável por obras colossais, nem grandes arranha-céus, como geralmente é associado a grandes arquitetos, muito pelo contrário. Sua genialidade vem de tornar coisas que, teoricamente, deveriam ser simples, como um conjunto habitacional, ou um deck para pescadores, em projetos geniais, bonitos, funcionais e que fogem totalmente do senso comum. E por que isso me fez refletir? Porque esse tipo de abordagem pode ser levado para nossas vidas como um todo, não só na esfera profissional. Por que só buscar excelência em grandes coisas? Por que não tornar tudo que fazemos, pela mínima coisa que seja, algo diferente e que encante as pessoas? Os principais projetos de Bjarke não são para bilionários nem para grandes empresas, são para pessoas “comuns”, fator que não o impede de fazer algo incrível ou de criar um conceito totalmente novo para algo que outras pessoas só tentariam fazer o simples.
Abstract – The Art of Design é um chamado para ver o mundo sob outras óticas, tirar aquela lente da rotina e colocar o olhar da apreciação por cada peça artística que nos rodeia. E isso pode ser feito em diversas escalas: seja em coisas maiores e complexas, como um edifício ou uma casa, seja em coisas mais simples, como a cadeira da mesa de jantar. O que está por trás de cada coisa que você toca hoje em dia é o trabalho de mentes criativas, nem sempre excelentes, mas que sempre cabe o olhar crítico, o olhar artístico. Hoje em dia, quando se fala no profissional do futuro, sempre é relatado que ele se baseia em habilidades não técnicas, mas sim comportamentais, sendo uma dessas habilidades, que sempre aparecem como destaque, a criatividade para resolver problemas. Mas sempre nos questionamos: como ser mais criativo? Como aprender criatividade? Será que tem como? Bem, não sei, mas, talvez, seja um bom começo admirar a inventividade da mente humana, o trabalho criativo de outras pessoas. Aprecie arte, livros, música e excelentes documentários como este.
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