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Entre junho e julho de 2022, pudemos conhecer a segunda parte da história de Kim Yumi e suas células. E, mesmo quando parecia que tudo ia dar errado, o drama deixa mais uma vez um saldo positivo — e um caminhão de ansiedade para a possível próxima temporada.
O texto contém spoilers da primeira temporada de Yumi’s Cells e, mais adiante, breves revelações desta temporada também.
A segunda temporada de Yumi’s Cells, também chamada simplesmente de Yumi’s Cells 2, retoma de onde a anterior parou: o término do relacionamento entre Yumi (Kim Go-Eun) e Gu Wung (Ahn Bo-Hyun). É mais um golpe na Célula do Amor, que fica baqueada, recusando se abrir outra vez. Mas ela não contava com o carisma natural e os esforços de Yu Babi (Jinyoung), que pouco a pouco acaba conquistando todas as outras células e demolindo os muros do coração da protagonista.
Conhecendo o básico sobre o webtoon que deu origem ao drama, já sabíamos que Babi seria o próximo namorado de Yumi desde sua primeira aparição na temporada anterior. E, também de acordo com o webtoon, sabíamos que em tese ele não seria o último namorado, o que garantiria mais uma temporada englobando início, meio e fim de um relacionamento. Mas é curioso o desenrolar desse relacionamento, da vida dos dois, e de como o próprio Babi é apresentado durante a temporada. Até porque a dinâmica muda várias vezes e a abordagem é extremamente diferente da que foi dada a Wung.
Começa como um romance de escritório, enquanto os dois ainda trabalham juntos. Ele não esconde que está interessado nela, mas ela não sabe se está pronta para outro relacionamento depois do que aconteceu com Wung. Também não sabe se esse interesse dele é confiável de verdade. Quando acabam ficando juntos, é uma relação escondida dos colegas de trabalho — um segredo que não dura muito, pois Yumi decide largar o emprego e investir na escrita. É uma decisão corajosa, que significa depender da célula avarenta enquanto sua poupança permitir, até alcançar algum sucesso ou desistir completamente.
Embora tenha sido decisão dela, essa é uma mudança de vida muito difícil de sustentar sem apoio. E Babi é o maior fã e apoiador da carreira de Yumi na escrita. Um apoiador genuíno, que acredita no talento dela e a desafia. Vale lembrar que é ele que inicialmente a convida para ser redatora de mídias sociais na empresa, meses antes. Agora, enquanto namorado, sua atenção é redobrada, mesmo depois de ser transferido para trabalhar em Jeju.
Ao telespectador, e, a princípio, a Yumi, Babi se mostra exatamente assim — atencioso, sensível, e dedicado. Ele sabe dizer a coisa certa na hora certa e se faz sempre presente. Mas existe uma questão importante, que vai incomodando mais à medida que a temporada vai passando: as células de Babi pouco aparecem, exceto em dois ou três momentos muito específicos. Então a sensação é de que não o conhecemos a fundo como conhecíamos Wung, ou de que ele não é tão confiável.
Yumi’s Cells 2 também traz Wung de volta. Inicialmente desiludido, ele se torna um CEO de sucesso, chuta para longe a Célula do Orgulho que tanto atrapalhou no passado, e tenta se reaproximar de Yumi. É muito bom ver esse lado de Wung. Ele comete extravagâncias que não teria a oportunidade de cometer antes, e encara muitas coisas com uma alegria ingênua, quase infantil. De seu jeito, também dá muito apoio à carreira de Yumi como escritora, embora figure muito mais no campo do apoio moral que, de fato, na atenção ao trabalho dela.
Mas foi exatamente nessa divisão, nessa tentativa de criar um triângulo amoroso, que senti que Yumi’s Cells 2 perdeu tempo demais e, francamente, foi até injusta com Babi. Wung teve a chance de se mostrar por inteiro para o público, com sua história, suas fraquezas, e seus defeitos. Já Babi, além de ter que dividir sua temporada com um interesse amoroso anterior, foi elevado a um lugar raso de perfeição idealizada — só para, logo depois, ser reduzido a um traidor sem nem ter traído.
Não que eu ache que os motivos que levaram ao término desta vez estão errados. É uma representação interessante de como a idealização só leva a sofrimento, algo triste de acompanhar, especialmente com atuações de tão alto nível que intensificam a experiência. A questão da confiança é importante para Yumi por conta de traumas anteriores, e seu nível de desconfiança é acima do comum. Já vimos isso na temporada anterior. E o coração de Babi é um tanto volátil, sim. É nítido que ele começou a prestar atenção nela quando ainda estava com a ex-namorada, e que uma outra pessoa chamou sua atenção durante o relacionamento.
Aqui cabem dois “poréns”. O primeiro porém é que, sabendo que prestou atenção demais em alguém que não é importante, ele toma medidas para se afastar. A prioridade de Babi é Yumi. E ele confia nela quando a situação é invertida, como quando sabe que vai encontrar Wung. O segundo porém é que o público consegue ver que ele ficou balançado por outra pessoa em uma das poucas aparições de suas células. Yumi não. Ela age puramente de acordo com os limites dela — o que, novamente, não está errado.
É ao abordar essas situações e experiências mais cinzentas, cheias de nuances, que Yumi’s Cells brilha, como na temporada anterior. Além da atuação magnífica, a participação das células torna tudo mais real. Elas mostram o que pode acontecer quando você destrói uma informação no seu cérebro para preservar seu relacionamento, quando desfaz suas próprias regras em nome do amor, ou quando tudo o que sobra ao fim de algo bom é uma raiva incontrolável. No caso de Yumi, outra cena emocionante é a decisão de deixar o amor completamente de lado e tornar a carreira sua maior prioridade. É também muito satisfatório acompanhar a jornada dela como escritora.
Uma grande dúvida que ficou no ar quanto a Yumi’s Cells é se haveria, como no webtoon, mais uma temporada. Essa incerteza atrapalhou meu aproveitamento e, em certos momentos, fez pensar que não seria possível encerrar a segunda temporada de uma forma decente caso não houvesse a terceira. Por exemplo, o final se aproximava e ainda restavam elementos de um triângulo amoroso, mas com os dois ex-namorados da protagonista. Gostamos dos dois, mas as questões que levaram aos respectivos términos não foram resolvidas, então optar por voltar definitivamente a algum deles não fazia sentido. Ao mesmo tempo, infelizmente, não condizia com o que foi apresentado no começo encerrar a história com Yumi sozinha. Também não havia tempo de apresentar um novo interesse amoroso criado do zero a essa altura. E aí?
Caso Yumi’s Cells realmente não receba uma nova temporada, o final que temos até agora não vai agradar o público totalmente. Mas, considerando como as coisas estavam nos episódios intermediários, senti que as roteiristas e o diretor fizeram quase um milagre. Funcionou muito bem. Núcleos secundários, que desta vez tiveram mais destaque, ficaram bem amarrados. Yumi mostrou mais amadurecimento que nunca, tanto em sua carreira quanto na vida pessoal — me deixa muito feliz saber que ela, Wung, e Babi podem se permitir extrair o que foi bom e seguir em frente. E ainda há espaço suficiente para desenvolver uma bela temporada final.
Embora de uma forma diferente da primeira, e com alguns sustos no meio do caminho, a segunda temporada de Yumi’s Cells se encerra mantendo o alto nível estabelecido no começo. As reflexões e representações que conquistaram o público continuam aqui, garantindo momentos divertidos, tristes, e emocionantes. E o carisma peculiar desses personagens continua sendo cativante.
Os 14 episódios de 65 minutos estão disponíveis no Viki.
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