O que você faria se, durante uma viagem de carro, de repente um policial te pedisse para parar na rodovia? A resposta mais óbvia seria atender ao pedido e mostrar seus documentos. O grande problema é que você está viajando na rodovia 50 (a mais deserta do país), sendo abordado por um policial monstruoso, o que reserva um destino ainda pior para os viajantes.
Essa é a premissa básica do livro de suspense/terror Desespero, de Stephen King, lançado em 1996 e que rendeu uma adaptação para a televisão em 2006. Sobre o livro, não conheço nenhuma outra pessoa que o tenha lido e que não tenha gostado, e me incluo nisso, mesmo demorando um pouco para imergir na leitura, o que foi melhorando ao longo da história.
Inicialmente, o autor busca proporcionar um clima de suspense por meio do policial da cidade de Desespero, Collie Entragian; do que ele pode ter feito e, principalmente, do que ele ainda pode fazer. Assim a primeira parte do livro se concentra em criar um clima de mistério em torno dele, além de apresentar os demais personagens.
Na segunda parte da história é que vemos marcas registradas em algumas das histórias de Stephen King pois, além de apresentar um escritor que viveu uma vida cheia de problemas e vícios, também apresenta o jovem David Carver, um garoto que tem “dons” especiais e que, me arrisco a dizer, poderia ser uma espécie de “Iluminado”.
As expectativas sobre o livro, no início da história, são de um suspense sobre uma cidade abandonada, cujo policial é o responsável por atrocidades que ocorreram na região, nada novo no histórico do autor. Porém, no decorrer da narrativa, o autor nos apresenta aspectos sobrenaturais e até mesmo aborda questões religiosas, por meio de David e suas ações, o que pode não prender a atenção dos mais céticos.
Sobre a temática sobrenatural do livro, por mais que possa desfavorecê-lo diante de leitores mais incrédulos, acredito que esses momentos proporcionaram maior tensão em certas ocasiões. Exemplo disso são as “revelações” de David diante de um perigo iminente e o encontro de pessoas possuídas por Tak. Entretanto, apesar dessas questões que o livro aborda, o autor usa uma linguagem que pode assustar os mais conservadores e confundir os mais inocentes, o que distancia o romance de uma leitura infanto-juvenil, além de diversas passagens violentas causadas pela ação de Tak.
Desespero é uma boa recomendação para quem gosta de suspense e tem interesse em se aprofundar mais na vasta galeria de obras de King. A sua temática e linguagem não me incomodaram, principalmente pela abordagem que tiveram. Apenas senti falta de um desenvolvimento sobre a origem de Tak e se as ações de David eram realmente de origem divina, o que foi apenas sugerido ao longo do livro.
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