[É com enorme pesar que escrevemos esta errata logo no início do texto. Battle Scenes foi descontinuado pela Copag logo após o término deste texto (09/02). Todos os fãs de Card Games estão de luto pelo que representou o jogo e pela pena de que uma iniciativa nacional de tanto potencial foi interrompida de maneira tão repentina. Entretanto, o sonho não morreu. Para mobilizar nas redes sociais, os criadores pediram para os jogadores postarem no facebook, instagram e twitter, quando forem jogar Battle Scenes, as hashtags #MARVEL #VOLTABATTLESCENES. Não alteramos o conteúdo para que não pareça que, por motivos emocionais, adulteramos nossa opinião: sinceridade acima de tudo. Esperamos com ansiedade a volta!]
Todo fã de card games sempre sonhou com um jogo competitivo e decente que tivesse os super-heróis dos quadrinhos. Não são raras imagens derivadas do Magic: The Gathering – também conhecido como o melhor jogo do mundo- com os personagens da Marvel ou DC dentro do seu sistema de jogo, além de ser parte do sonho de infância de quase todos poder imaginar, ao menos de modo estruturado, uma batalha entre heróis e vilões. Esse desejo já foi realizado, é de criação brasileira e produzido e distribuído pela Copag e se chama Battle Scenes.
Battle Scenes (doravante, BS) é, a grosso modo, o “Magic da Marvel”. Com um sistema bastante curioso de jogo, BS mistura parte do modo de jogo do Pokémon TCG (grande sucesso da própria Copag) e do próprio Magic, com opções semelhantes que não soam tão estranhos a nenhum jogador dos dois jogos. Tal sistema não é gratuito nem por acaso: o criador do BS é ex-jogador de Magic, portanto, o jogo naturalmente herda parte do metagame do TCG da Wizards of the Coast e os estilos de decks que podem ser feitos, tendo os jogadores pouca dificuldade para se adaptar ao jogo. Acredite, qualquer comparação a Magic não é nenhum demérito.
A mistura Pokemon-Magic é evidente no sistema de vitória do jogo. Para se vencer no BS só existem duas opções: o excesso de descarte que termine por acabar o deck ou a combinação de 15 pontos nos prêmios (criaturas derrotadas), aquele lembrando um estilo de vitória do Magic e este, o sistema do Pokémon. Temos, curiosamente, no sistema de descarte, o fundamento mais interessante e, talvez, de mais difícil adaptação do jogo. O descarte é praticamente forçado durante o jogo no sistema de “Contagem Regressiva” o que, paradoxalmente, pode acelerar o jogo para quem descarta ou pode acabar com a estratégia do jogador pondo suas principais cartas na pilha de descarte – além da óbvia perda de cards do deck, obrigando a acelerar o jogo para não perder por não ter mais deck em campo. Não vamos aqui explicar as regras e os sistemas, mas a “Contagem Regressiva” é uma ótima inovação do jogo, um diferencial para os outros jogos, criando uma dualidade. As cartas que são descartadas não ficam inutilizadas totalmente: servem como “energia” para invocar novos personagens. E nisso o jogo amplia a gama de estratégia enormemente, podendo uma estratégia de descarte beneficiar o próprio adversário.
O BS, até a data que o texto foi escrito, conta com 12 coleções de cartas e campeonatos anuais com premiações. Nisso, o modo competitivo também busca no Magic a referência, tendo o registro de campeonatos semanais e regionais, para além do nacional com premiação para os primeiros lugares. Também há sistemas diferentes de campeonato, tendo o limitado – com determinadas coleções – e o modo “amplo” que aceita todas as coleções lançadas. Esse sistema inspirado no Magic é primordial para a competitividade: um modo para forçar a compra de novas coleções e um outro, mais competitivo ainda, que valoriza as coleções anteriores. E isso influencia muito a formação de decks, que variam de acordo com a coleção no sistema limitado, mas se mantém mais estáticos, em geral, no modo “amplo”. Além de que é muito instigante para um fã de quadrinhos poder formar decks dos Vingadores, de Vilões, de Heróis, de Magos, de Forças Cósmicas, dos X-men, do Quarteto, Aggro, Descarte, etc, etc.
O problema do BS é a questão de não ter um grau de imprevisibilidade de jogo que o Magic e Yu-Gi-Oh! têm. A falta de cartas de “Mágica Instantânea” ou “Armadilhas” geram uma previsibilidade de ação maior que os outros concorrentes no mercado de TCG. O jogo tenta propor soluções com ações dos personagens que podem ser utilizadas no turno do oponente, entretanto, como já está em campo e a habilidade declarada na carta, o próprio adversário pode prever ou estudar a possibilidade de ações já que o jogador não pode sacar uma carta da mão e realizar uma ação que não esteja em campo no seu turno. Para quem vem do Magic, esse fator de queda da imprevisibilidade pode diminuir a empolgação de quem está acostumado a um jogo que qualquer movimento pode gerar a vitória ou derrota.
Em termos comerciais, BS tem uma estratégia competente, mas ainda limitada. O preço do jogo, comparado ao Magic, é bastante competitivo e fornecer duas novas coleções por ano estimula o jogador a comprar e renovar seu baralho, já que não é bastante caro e estimula a entrada de principiantes ao competitivo. Além disso, o jogo fornece um ótimo site com artigos oficiais sobre como montar decks, quais os novos metagame da coleção, um SAC para os jogadores, além de um glossário com todas as cartas já lançadas. Essa aproximação com o jogador cria um senso de comunidade interessante, fortalecido por um fórum próprio alimentado pelos clientes. Entretanto, a Copag tem sérios problemas que replica do Pokémon ao BS. Nota-se isso no lançamento de caixas “premium” com cards exclusivos e fortemente competitivos, um forçoso “caça-níquel” para quem está acostumado a jogos competitivos, favorecendo aqueles que gastam mais. Além disso, o BS aparece como um jogo à margem da importância que a Copag dá para o Pokémon, faltando um maior investimento em divulgação nas lojas e valorização do próprio jogo, algo que só aconteceu no seu lançamento. É correto investir logo no início, mas o abandono nas seguintes coleções “queimou” o jogo na comunidade de TCG, aparecendo como limitado em estratégia – já que só havia uma coleção – e previsível, o que hoje não corresponde em nada com a realidade.
Battle Scenes é o jogo que sempre desejamos para os heróis da nossa infância. Uma pena que os direitos comprados foram apenas os da Marvel, não tendo os da DC. Seria lindo de se ver um Marvel vs. DC nos cards ou jogar um Batman e Homem-Aranha vs. Thor e Aquaman, por aí vai. Mas isso não é um problema, apenas um lamento. BS é instigante, inovador e com belas referências a seus concorrentes. O que fica aquém do que o jogo merece é a própria falta de marketing que o jogo tem, podendo se tornar, facilmente, um jogo mundial e extremante popular e competitivo.
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