My Roommate is a Gumiho é aquele tipo de história que você começa a acompanhar despretensiosamente, mas logo se envolve e não tem mais volta.
Shin Woo-Yeo (Jang Ki-Yong) é um Gumiho de 999 anos. Gumihos são as raposas de nove caudas das lendas asiáticas, que inspiraram personagens como Ahri (League of Legends) e Ninetales (Pokémon) e outros dramas como Tale of the Nine-Tailed. Aqui, um Gumiho carrega uma esfera vermelha em seu corpo e pode se tornar humano caso a esfera se torne azul. Caso não consiga fazer isso em até mil anos, ele desaparece. E Woo-Yeo está a um ano do fim de seu prazo quando conhece Lee Dam (Hyeri).
Dam é uma estudante universitária de 22 anos apaixonada por História, seu curso na faculdade, e é vista como estranha pelas pessoas ao seu redor. Certa noite, ela está levando para casa seu amigo Jae-Jin (Kim Do Wan), que bebeu um pouco demais, e os dois esbarram em Woo-Yeo. Por um acidente, Dam acaba engolindo a esfera vermelha, que fica alojada no seu corpo. Então, para garantir a segurança da esfera, Woo-Yeo precisa ficar de olho em Dam o tempo inteiro — e também garantir a segurança dela. É assim que os dois acabam indo morar juntos. A questão é que a esfera só pode ficar dentro do corpo de Dam por até um ano, ou ela pode morrer.
Tanto My Roommate is a Gumiho quanto Doom at your Service, que passou em maio e junho na tvN e está disponível no Viki, exploraram essa mistura de fantasia e comédia romântica que tem um quê do famoso drama Goblin. A premissa básica também é bem parecida: mocinho é uma criatura mitológica de centenas de anos, mocinha é a única humana capaz de fazê-lo ter uma vida normal, eles moram juntos e ao menos um dos dois vai morrer. Mas, enquanto Goblin vai por um caminho guiado pelo drama e pelo mistério, Doom at your Service já é bem mais reflexivo e My Roommate is a Gumiho investe na comédia. Muita gente torceu o nariz para as duas, acreditando que seriam “cópias de Goblin”, só que as três acabam sendo bem diferentes.
Woo-Yeo é um dos protagonistas mais bonzinhos dos últimos tempos, enquanto Dam é uma das mais engraçadas. Hyeri mostra que tem todo o carisma necessário para interpretar a jovem adulta sorridente, comilona e dedicada, além de funcionar bem com Ki-Yong. Embora exista há quase mil anos e viva tranquilamente, sem fazer mal a ninguém, ainda faltam coisas muito básicas para o Gumiho em termos de humanidade. E é aí que entra o relacionamento dos dois, pois ela traz um brilho diferente para essa vida monótona — e, com ela por perto, a esfera começa a ficar azul.
Enquanto isso, Hye-Sun (Kang Han Na) se tornou humana há cinco anos, após 700 como Gumiho. Sua amizade com Woo-Yeo é quase como uma relação entre irmãos, uma grande mistura de preocupação, implicância e parceria. E sua experiência com a transformação de Gumiho para humana pode ajudar muito nessa reta final. Especialmente quando o Espírito da Montanha, uma espécie de deus, começa a querer brincar com o destino e provocar Woo-Yeo. Isso provoca algumas idas e vindas na história, que poderiam passar a impressão de andar em círculos caso não fossem bem desenvolvidas. Felizmente, sempre são.
Um trabalho peculiar da faculdade pede que os alunos se dividam em duplas, que devem sair em três encontros e escrever relatórios sobre eles. A ideia é trabalhar a comunicação interpessoal e construir relacionamentos. É aí que Sun-Woo (Bae In Hyuk), um dos veteranos mais populares do curso, aceita uma aposta para fazer Dam se apaixonar por ele. Mas, como é de se esperar, é ele que se vê apaixonado e sem nenhuma chance com ela — uma situação que o Espírito da Montanha aproveita para conectar os dois com o fio vermelho do destino. Sim, aquele mesmo de Your Name. A única coisa que pode ser mais forte que o fio vermelho do destino é a força de vontade de um humano, algo que Dam parece mais que disposta a provar, recusando qualquer destino que não seja Woo-Yeo.
Sun-Woo inicialmente se apresenta como egocêntrico e convencido, mas ser constantemente desafiado e rejeitado é um belo exercício de humildade. Ele se torna um personagem pelo qual você torce. E digo isso no sentido absoluto da coisa, de torcer para ele ser feliz e se encontrar, não no sentido específico de torcer “para ele ficar com a mocinha”. É até refrescante, no meio dos clichês de comédia romântica e fantasia, ver em My Roommate is a Gumiho que as coisas estão caminhando para essa dinâmica. Há uma espécie de triângulo amoroso, mas todos os personagens têm desenvolvimento na história, nenhum deles é alguém detestável com um breve momento de redenção e nenhum é injustiçado. O que une os protagonistas é simplesmente a vontade deles. Será que se foram de vez os tempos de mocinhos escrotos, mocinhas inocentes e melhores amigos “bonzinhos”? Espero que sim.
Ainda no assunto dos melhores amigos e do trabalho peculiar de comunicação, Hye-Sun e Jae-Jin formam uma das duplas — e, mais adiante, o casal secundário do drama. Ela é conhecida por ser linda e viveu centenas de anos sendo objetificada por isso, então está exausta e vê todos os homens com desconfiança. Já ele é bonzinho e se doa demais em relacionamentos, mas sempre acaba sendo abandonado e bebendo demais para afogar as mágoas. Os dois já são personagens engraçados e carismáticos individualmente, mas juntos são ainda mais e sempre roubam a cena.
Eu soube que My Roommate is a Gumiho existia justamente por causa de Han Na e Do Wan, que interpretaram dois dos personagens mais legais de Apostando Alto, de 2020. E não me arrependi de investir no drama. Aqui eles estão completamente diferentes, mas continuam sendo destaques.
My Roommate is a Gumiho usa vários clichês conhecidos. Você já imagina como muitas coisas vão terminar e não há nenhuma surpresa negativa. Mas é uma história que usa isso tudo da forma certa e consegue criar algo que parece novo, especialmente por causa dos personagens cativantes e divertidos. Os 16 episódios foram exibidos de maio a julho na tvN e estão disponíveis no iQiyi.
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