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Entre os dois filmes do Doutor Estranho, a Marvel leva a esquisitice a outro nível com Cavaleiro da Lua, sua mais nova série do Disney+. Estrelando Oscar Isaac como Steven Grant, a série é a primeira no serviço de streaming a apresentar um personagem inédito sem conexão direta com o universo do cinema.
Steven Grant é um cara tímido e retraído que trabalha na lojinha de um museu em Londres. Acreditando ter sonambulismo por acordar sempre em lugares estranhos, ele se acorrenta a sua cama todas as noites. Porém, após ter vários apagões, ele se vê no meio de um conflito com Harrow (Ethan Hawke), o líder de uma seita. Nessa briga, ele descobre que na verdade tem outra personalidade, Marc Spector, que aparece pedindo o “controle” do corpo para poder ajudá-lo na luta.
O alter ego de Steven, Marc, é um mercenário que, prestes a morrer, recebe uma oferta do deus egípcio da lua, Khonshu. Em troca de sua vida, ele se tornaria o avatar do deus, cumprindo todas as suas vontades. Marc aceita essa oferta e se torna o Cavaleiro da Lua. Com suas novas habilidades, ele precisará derrotar Harrow, que na verdade é o avatar da entidade Ammit, que quer julgar a humanidade por seus pecados antes mesmo que sejam cometidos.
Cavaleiro da Lua começa muito bem. Os dois primeiros episódios são os melhores da série. Nesses episódios, conhecemos Steven e o acompanhamos enquanto ele tenta entender o que está acontecendo e por que ele tem esses apagões. A cereja do bolo desses episódios é quando Marc entra em cena como o herói que dá nome à série e vemos a relação conturbada entre esses dois seres habitando um mesmo corpo.
Chegando ao terceiro episódio, conhecemos melhor o vilão e suas motivações, enquanto Steven e Marc não conseguem entrar num consenso sobre quem ficará no comando do corpo. Muitos acharam esse um episódio fraco, mas até aqui a série é muito legal de acompanhar. É nos três últimos que a história começa a desandar.
Se já estava um pouco confusa até aqui, a partir do quarto episódio a história entra numa grande viagem sem explicação. O vilão fica um pouco esquecido em relação aos “dois” protagonistas. Há uma grande quebra no ritmo de antes e começa uma sequência bem discrepante do que está sendo mostrado aqui. Ficamos na expectativa de que em algum momento teremos uma explicação, mas a série retoma o arco do vilão para o grande confronto final e deixa de lado essa sequência que tomou parte do quarto episódio e todo o quinto.
Com CGI duvidoso e um desfecho um tanto anticlimático, Cavaleiro da Lua é mais uma série que começa com grande potencial e não o alcança. Oscar Isaac é quem segura a obra, mais até do que Ethan Hawke, que também é um grande ator, mas ficou meio apagado. Isaac consegue alternar de Grant para Spector de um jeito sensacional. Tudo em sua atuação muda: voz, sotaque (Marc tem sotaque americano) e comportamento. Por mudanças sutis, já dá para saber qual a personalidade que está no comando.
Até a publicação desta Opinião Sincera, não há confirmação de uma segunda temporada, mas a Marvel deveria continuar essa história, pois ficaram muitas pontas soltas. Já que a Disney está ramificando o MCU para o streaming, ela deveria trazer para perto as pessoas que trabalharam nas séries da Marvel em parceria com a Netflix e usar o conhecimento adquirido nas produções solo dos quatro Defensores, replicando o que deu certo, principalmente em Demolidor. Assim, poderia fazer algo mais adequado ao formato de TV, que não pareça um grande filme dividido em 6 partes.
Isso nos leva a outro ponto de melhora nas séries do Disney+. Apesar de deixar a história mais concisa, seis episódios está parecendo muito pouco para contar essas tramas. Fica tudo muito corrido, não há tempo para desenvolver os personagens e seus conflitos e o episódio final da temporada não transmite tanto que ali é o clímax de tudo. Trabalhando melhor essas séries para o formato de TV, de 8 a 10 episódios talvez seja melhor para entregar histórias mais interessantes. O que não foi o caso, por exemplo, da série do Gavião Arqueiro, que ficou esquecida.
Cavaleiro da Lua é uma série sobre um grande personagem, com grande elenco, mas que não foi bem aproveitada. Na pior das hipóteses, vale a pena assistir pelo entretenimento que ela proporciona.
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