Depois do grande sucesso de WandaVision, que nos mostrou todo o sofrimento de Wanda para lidar com o luto após o Visão ter sido morto por Thanos em Vingadores: Guerra Infinita, chegou ao Disney+ a série Falcão e o Soldado Invernal, com foco nos personagens Sam Wilson e Bucky Barnes. A produção foi criada para TV por Malcolm Spellman e dirigida por Kari Skogland.
Possíveis spoilers abaixo!
A história começa meses após os eventos de Ultimato, mostrando os impactos que teve na sociedade o fato de metade da população do mundo sumir e voltar após cinco anos. Diferentemente de Homem Aranha: Longe de Casa, que mostrou isso de um jeito mais bem-humorado, aqui vemos os reais impactos sociais que isso teve. Pessoas que finalmente conseguiram casa e assistência simplesmente se viram em situação de desamparo novamente por causa do retorno repentino dos donos dessas casas. Grande parte da trama de Falcão e o Soldado Invernal vai mostrar as reações populares a isso e como o governo está lidando com essas pessoas.
Nesse cenário, acompanhamos Sam Wilson devolvendo o escudo do Capitão América para o governo dos Estados Unidos e tendo que lidar com as consequências dessa decisão, principalmente pelo fato de ter sido escolhida uma outra pessoa — o John Walker — para assumir o manto sem nem se considerar que ele mesmo assuma o título. Do outro lado, temos Bucky Barnes lidando com as sombras do seu passado como Soldado Invernal, frequentando, como punição legal, sessões de terapia para garantir que ele não volte a agir daquela forma.
Enquanto cada um enfrenta seus demônios pessoais, eles devem investigar e neutralizar um grupo radical, autointitulado Apátridas, formado por pessoas que tiveram que voltar para a miséria em que viviam antes do estalo de Thanos. Esse grupo está disposto a fazer o que for preciso para ser ouvido e atingir seu objetivo. Esse embate vai render cenas de ação sensacionais, além de trazer de volta à cena o Barão Zemo e Sharon Carter, que ficaram sumidos desde Capitão América: Guerra Civil em 2016.
O destaque da série não está apenas nas lutas e cenas de ação, mas em como trata com muita sensibilidade questões sociais importantes. Do lado do Sam, enquanto ele precisa lidar com o dilema de saber se fez a coisa certa ao devolver o escudo, são levantadas questões raciais que nunca tinham sido levantadas antes no MCU. Nessa jornada Sam conhece Isaiah Bradley, que, junto com outras pessoas negras, foi submetido a testes do soro do Supersoldado contra a sua vontade. Isaiah foi um dos poucos que sobreviveu a esses testes. E, mesmo tendo servido na guerra da Coreia e sido um herói para o país, sua história e a de todos os outros obrigados a serem cobaias do governo foram simplesmente apagadas. Em uma conversa com Sam, Bradley diz que o governo dos Estados Unidos nunca aceitaria um Capitão América negro. Isso apenas serve de motivação para que se dissipem as dúvidas que o Sam tinha em relação ao escudo e o assuma para si, deixando de ser o Falcão e se tornando o novo Capitão América.
Do lado dos Apátridas, é posto em perspectiva o que define terroristas. Para o governo, eles são terroristas por estarem agindo de forma inconsequente e colocando várias vidas em risco para atingir o que querem. Para os Apátridas, os terroristas são os governos que os estão deixando de lado e os desamparando para darem assistência apenas aos que voltaram do estalo, sendo que eles sempre estiveram ali e nunca foram vistos ou ouvidos. Tudo isso nos faz refletir e pensar melhor nessas questões.
Apesar de tudo isso, alguns arcos saíram prejudicados pela pequena quantidade de episódios. Muitos arcos foram abertos e, obviamente, não haveria tempo para que todos tivessem um desfecho satisfatório.
Bucky cresce muito ao longo da série, mas seu caminho para a redenção não encontra tanto espaço para ser desenvolvido. O único episódio que mostra mais dele sozinho é o primeiro. Em todos os outros ele aparece mais em cenas de ação ou investigação dos Apátridas. A grande cena do personagem acontece em poucos segundos de forma corrida no último episódio, deixando a impressão de que poderia ter sido melhor.
O Barão Zemo e Sharon Carter exercem um grande papel ajudando o Sam e o Bucky no conflito contra os Apátridas, mas aparentam terem planos misteriosos por trás de suas ações. Mesmo dando a impressão de que esses personagens poderiam ter sido melhor aproveitados, a Marvel não os traria de volta em vão. Então podemos esperar que eles retornem com mais relevância em projetos futuros do estúdio, como talvez em Capitão América 4, que já foi confirmado.
Um dos melhores arcos que temos é o do John Walker. Ele começa apenas como um cara aleatório cheio de ambição que recebe o manto de Capitão América e, ao longo dos episódios, vamos conhecendo mais do personagem e quão complexo ele é. Essa complexidade faz Walker transitar por várias facetas, por vezes de herói, em outras de herói e vilão. Ao final não fica tão claro qual dessas facetas ele vai adotar dentro do MCU, mas acaba assumindo o título de Agente Americano, como nas HQs.
Mesmo deixando algumas pontas em aberto, dando espaço para uma possível 2ª temporada ou uma nova série, Falcão e o Soldado Invernal dá um show em fotografia e cenas de ação. A produção também levanta reflexões que apenas tinham sido pinceladas em filmes anteriores, chegando a render lágrimas em muitas cenas. Por tudo isso, é uma série que vale muito a pena conferir. Até aqui, com WandaVision e Falcão e o Soldado Invernal, a Marvel comprova que ainda tem muito a mostrar além da tradicional fórmula de filme de herói.
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