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O retorno das atividades presenciais levou à potencialização do estresse, tornando de extrema necessidade um lazer mais leve, sem maiores complexidades. Pensando nisso, trago como indicação hoje um livro que é o famoso mamão com açúcar (porém não tanto) e que vai atravessar a vida dos queridos leitores com um pouco de clichê.
O medo é feito de gelo, de L. S Englantine, lançado em 2021, tem como personagens principais Nicola Wolf e Aster Campbell, vizinhas que mantêm um relacionamento, na maior parte do tempo, cordial. Nicola é apaixonada por patinação artística desde sua infância, tendo sido uma grande patinadora e conhecida por toda a pacata e gelada cidade de Salt – onde basicamente todos têm o mesmo hobby e nada demais acontece. Após se ver sem poder mais competir, ela vai em busca de saber quem é, o que deseja, o que realmente quer fazer. Enquanto isso, Aster é uma popular jogadora de hóquei, que sabe quem é e o que deseja. Ao menos é assim que Nicola a enxerga. Todavia, quando conhecemos Aster mais a fundo, descobrimos que isso não é tão real assim.
A relação “fria” que elas mantêm acaba sendo consequência da ideia construída no decorrer da vida de ambas. Elas acham que são completamente opostas, o que se comprova ser um equívoco à medida que se conhecem cada vez mais.
O sonho de Nicola de ser uma grande patinadora é interrompido quando ela sofre um grave acidente, e só vamos descobrir mais sobre ele nos últimos capítulos do livro – o que, de certa forma, é um dos mistérios que rondam o enredo. Ela competia com seu melhor amigo Harvey, que também escolhe parar de competir após o acidente sofrido por Nicola.
A amizade dos dois é uma das coisas que mais adoro no livro – além do romance, mas daqui a pouco chegaremos lá –, pois é permeada de cumplicidade, sinceridade e amor. Eles são o apoio um do outro, não importa o que aconteça, e se conhecem de modo que palavras não são mais necessárias para saber o que o outro está sentindo.
Buscando ajudar Harvey com a dívida universitária, Nicola trama um plano para encontrar uma parceira para participar com ele da competição artística e assim concorrer ao grande prêmio em dinheiro. No entanto, o que ela não esperava era que a parceira perfeita estivesse a poucos metros de sua casa.
O desenvolvimento da relação entre Nicola e Aster é o que tem de mais clichê possível e não tem como não torcer para que as duas fiquem juntas. A relação que começa com uma passagem do ódio para a amizade e logo depois para o romance é construída de forma leve e atravessada de amor nos pequenos detalhes. Elas se ajudam a traçar o caminho desejado.
Além disso, o livro nos apresenta um enredo repleto de representatividade. Temos uma bissexual e uma lésbica se relacionando e, apesar de abordar o preconceito, este fica em segundo plano, sendo o amor das duas a maior celebração de toda a história.
Apesar de ter afirmado no início que O medo é feito de gelo é um livro mamão com açúcar, não se engane. Ele também aborda temas complexos de digerir, como relações abusivas, apesar de não se aprofundar tanto nisso. Não obstante, essa é uma das coisas que me gerou um certo incômodo, pois o livro não se propõe a trabalhar de forma mais aprofundada nada do que é apresentado, tudo é resolvido na maior facilidade e de forma superficial.
De forma sucinta, se fosse descrever O medo é feito de gelo em poucas palavras, diria que é um ótimo companheiro para a “sessão da tarde”, mas nada além.
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