Na sexta-feira, 20 de novembro, estreou na Netflix a produção indiana Match Imperfeito (Mismatched). Inspirada no livro When Dimple Met Rishi, de Sandhya Menon, a série é uma comédia romântica universitária que se passa em Jaipur.
Dimple Ahuja (interpretada pela influenciadora Prajakta Koli) vive se desentendendo com a mãe. Aos 17 anos, ela gosta de jogar League of Legends, sonha em se tornar programadora e não tem tempo nem vontade de seguir as expectativas da “família tradicional indiana”. Já Rishi Singh Shekhawat (interpretado por Rohit Saraf, de Ludo) é um cinéfilo romântico que vive com a avó e o irmão. O que ele quer mesmo é não ser igual ao pai, que sempre aparece em casa com uma garota mais nova que a anterior e nunca se apega.
Quando Dimple consegue ser aprovada para um curso de três meses em Jaipur, voltado para desenvolvedores e aspirantes, fica até surpresa que a mãe a deixe ir. É óbvio que ela não sabia os reais motivos. Sem que Dimple saiba, sua mãe e a avó de Rishi acabam entrando em contato uma com a outra e tentam “arranjar” os dois. Ele se encanta pela foto dela, acha que ela também está a par de tudo, mas descobre da pior forma possível que não estava…
A premissa é bem parecida com a do livro, e a ambientação também, mas existem algumas diferenças. Enquanto o livro se passa nos EUA e retrata famílias indianas-americanas, a série realmente se passa na Índia, mudando de certa forma essa questão da identidade dupla que os dois protagonistas enfrentam originalmente. O livro também traz muitas referências a Bollywood e algumas homenagens mais óbvias, incluindo um arco dedicado a isso, coisa que a série não faz.
Já a icônica cena em que eles se conhecem é igualzinha ao que se esperaria de uma adaptação — tanto que até aparece no trailer. Os dois protagonistas estão perfeitos como Dimple e Rishi. Perfeitos mesmo. Ele tem todo o carisma necessário para o Rishi, e ela consegue retratar bem a evolução da Dimple.
“Como assim, evolução?”
Eu gosto da personagem e reconheço meu eu adolescente nela em alguns aspectos. Dimple é uma garota de exatas, é um tanto rebelde por se sentir diferente, gosta de jogar, não liga para a própria aparência e não coloca o “ideal” do casamento em um pedestal. Só que ela também sabe ser bem agressiva e grosseira — na série, até um pouco menos que no livro. É compreensível que ela seja assim, até por ser adolescente mesmo, e a série faz um bom trabalho na hora de mostrar situações em que ela precisa se impor para ser ouvida. Mas mesmo assim… pobre Rishi.
É só depois de passar um tempo com Rishi e colegas como Namrata (melhor amiga de Rishi) e Celina (colega de quarto) que Dimple começa a se abrir e ficar um pouco mais agradável. Ela começa também a perceber que talvez goste da companhia daquele cinéfilo um pouco romântico demais — e que talvez os dois tenham algo a aprender um com o outro.
A fotografia de Match Imperfeito é belíssima. Geralmente fica um pouco mais escura do que imaginei, mas é um dos pontos mais positivos da série e é até incorporada de leve na história. Eles aproveitam que a série foi lançada em uma plataforma global para nos mostrar um pouco da beleza de Jaipur, e estão certíssimos.
Algumas coisas são diferentes do que eu esperava e outros momentos deixam a desejar. Os personagens secundários ganham um pouco mais de atenção na série que no livro, então são mais reais e tridimensionais, mas não têm muito a ver com o que me lembro do livro. A relação entre dois personagens específicos, que não vou comentar por ser um spoiler, é desenvolvida de forma meio desastrosa. É essa a causa de um dos grandes momentos de tensão da temporada e parece que a relação vai ser trabalhada em uma temporada seguinte, mas deixou um gosto ruim.
Também há momentos mais pesados do que eu imaginava na produção: a censura é de 16 anos por conter piadas um pouco mais adultas, bebida, drogas e uma quantidade considerável de insinuação sexual. Isso não significa que seja uma obra pesada, pois o tom que predomina ainda é mais leve, mas tem seus momentos. Vale o aviso.
Por fim, preciso mencionar minha personagem mais queridinha da série: Zeenat (interpretada por Vidya Malavade), viúva de 40 anos que também está fazendo o curso. Ela se sente um peixe fora d’água entre tantos adolescentes, mas cativa a audiência desde o começo e também se apega a Dimple.
Vale a pena maratonar a série, especialmente considerando que essa primeira temporada tem apenas seis episódios de meia hora cada um. Porém, fica um alerta: o final não é fechado, então ainda há muito drama para resolver nas possíveis próximas temporadas. Netflix India, já estamos no aguardo da renovação de Match Imperfeito.
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