E se um teste fosse capaz de afirmar quem é sua alma gêmea? Você estaria disposto(a) a fazer? Será que isso significaria o fim do sofrimento por amor ou o fim do amor em si? Soulmates se passa em um futuro relativamente próximo, daqui a 15 anos, em que a tecnologia é capaz, através de um simples teste, de determinar sua verdadeira alma gêmea.
Muito diferente do que muitos podem esperar, Soulmates se distancia das comédias românticas e propõe uma análise social de diferentes perspectivas sobre a nova dinâmica das relações amorosas. O “ar” de ficção científica se aproxima muito da série Black Mirror, inclusive por ser do mesmo diretor e produtor, William Bridges, além de contar com um elenco com nomes bastante conhecidos. Mesmo sendo uma série curta, com apenas seis episódios, não é tão fácil de se maratonar, já que alguns episódios podem ser intensos.
As histórias variam entre casais que já se conheciam antes do início dos testes (ou seja, formados do jeito tradicional), pessoas que se conhecem enquanto estão em busca de suas almas gêmeas e casais formados a partir do resultado dos testes. Com uma mistura de drama, romance e ficção científica, Soulmates pode ser uma realidade muito distante… ou não.
O primeiro episódio, “Divisor de águas”, conta a história de Nikki e Franklin, um casal estável, que se conheceu antes de os testes de alma gêmea existirem. Mesmo felizes em seus casamento e realizados com a família que formaram, são bombardeados diariamente com inseguranças sobre a relação deles, afinal, eles nunca fizeram o teste. E se não foram almas gêmeas? E se, mesmo que aparentemente felizes, estiverem deixando de viver uma vida ainda mais completa com suas almas gêmeas? Parece loucura escutar seus sentimentos e não fazer um simples teste e ter certeza.
Com uma história interessante, o episódio é bem desenvolvido, apesar de um pouco previsível. O casal, formado por Kingsley Ben-Adir (Franklin) e Sarah Snook (Nikki) tem uma química interessante, verossímil a uma relação longa em que existe sentimento, mas nem tudo é perfeito. Com um gostinho de Modern Love, ele é um bom episódio de início, mas destoa do que vem a seguir.
No próximo episódio, “Os amantes”, Alisson (Sonya Cassidy) vira a vida de David (David Costabile) de cabeça para baixo após se apresentar como sua alma gêmea e começar um caso intenso, mesmo que os dois sejam comprometidos. Inclinados a não deixarem essa oportunidade passar, Alisson e David experimentam o que poderia ser um relacionamento com suas almas gêmeas.
Apesar de saber que os episódios são independentes, ao ver na sequência os episódios 1 e 2, é criada uma expectativa muito óbvia de que essa segunda história caminharia numa direção semelhante à anterior. Mas é nesse momento que o toque meio “Black Mirror” começa a aparecer. Tentando sair do previsível de uma história de amor impossível, o suspense toma conta do episódio, mesmo não sendo tão bem executado.
Adam (Shamier Anderson) e Libby (Laia Costa) têm um casamento fora do convencional, mas muito feliz, no episódio 3, “Pequenas Aventuras”. Depois de o resultado do teste de Libby chegar, ela se encontra dividida entre manter sua relação com seu marido protegida e conhecer um pouco mais sua alma gêmea, Miranda. Com uma química muito boa, esse episódio traz um respiro necessário depois do anterior, mas sem se tornar tão clichê. Isso porque, mesmo com apenas 43 min, esse tempo é muito bem aproveitado e faz com que a história progrida bem contextualizada, com evoluções dos personagens e suas dinâmicas. A sensação é quase como se a gente estivesse ouvindo a história de amigos.
Já o episódio na sequência, “A escala”, provavelmente o mais fraco dessa temporada, é excessivamente apelativo, com uma história de amor criminoso. Mateo (Bill Skarsgård) e Jonah (Nathan Stewart-Jarrett) se conhecem em um bar e se dão bem de cara, mas não demora muito até que Mateo perceba que foi roubado e sem seu passaporte não pode chegar até a Colômbia, onde irá conhecer sua alma gêmea. Desesperado, Mateo faz de tudo para conseguir seu passaporte de volta. Apesar da boa interpretação dos atores, a história em si do episódio é muito irreal e destoa do caminho que os episódios antes e depois dele seguem.
Os últimos dois episódios são bastante intensos, sendo o quinto “Travesia”. Nesse, Kurt (Charlie Heaton) fica devastado ao saber que sua alma gêmea está morta. Apaixonado pelo ideal que criou e jamais terá, ele encontra na fé uma forma de ajuda, e assim busca a Igreja da Transição Justa, que promete auxiliar aqueles cujas almas gêmeas já faleceram. Por fim, o sexto episódio se chama “A balada de Caitlin Jones”. Caitlin (Betsy Brandt) esperou por anos para conhecer sua alma gêmea, alimentando um ideal de que sua vida iria mudar radicalmente depois que isso acontecesse. Quando ela finalmente combina com o médico Nathan (JJ Feild), mas sem saber nada sobre sua alma gêmea, ela precisa acreditar naquele estranho.
Apesar de serem histórias completamente diferentes, esses dois episódios são “socos no estômago”. Em um, o fanatismo é levado a um nível absurdo, numa situação em que pessoas se aproveitam da dor alheia, alienando os que sofrem da realidade. Um episódio particularmente difícil de ver. Já o outro termina de uma forma completamente inesperada, e se falar qualquer coisa além disso será spoiler.
Soulmates é uma série com alguns ótimos episódios e outros não tão bons assim. A falta de consistência na série incomoda, já que são apenas seis episódios nesta temporada. Mesmo com bons atores, a direção e roteiro têm falhas que são sentidas principalmente nos episódios dois e quatro. Apesar disso, a segunda temporada já foi confirmada. Quem sabe essas falhas sejam corrigidas a partir dela.
Particularmente, os episódios três, cinco e seis são os melhores e os que fazem a série valer a pena. Os outros três só valem se você quiser ver tudo de uma vez ou dar o benefício da dúvida.
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