Sabe quando a gente toma uma decisão, mas se pergunta “e se eu tivesse tomado outro tipo de decisão? E se eu escolhesse outro caminho?”? Na nossa vida, querendo ou não, sempre pensamos nas outras escolhas que poderíamos ter tomado, nos arrependimentos que temos e nos outros caminhos que poderíamos ter trilhado. Em A biblioteca da meia-noite, Matt Haig traz todas essas perspectivas de uma forma muito sensível.
É um livro sobre a vida e a morte e também o que pode existir entre elas. Temos a história de Nora Seed, dona de uma biblioteca com todos os livros das vidas que ela poderia ter tido se tomasse uma decisão diferente daquela que a levou até lá.
Aos 35 anos e sem nenhuma perspectiva de que sua vida pode melhorar, Nora decide que não tem mais por que viver, não depois que seu gato Voltaire morreu. Ela já tem arrependimentos demais nas costas para lidar com a morte do único ser vivo que a ama. Mas, então, ela se encontra na Biblioteca da Meia-noite, e tem a chance de experimentar cada um dos “e se…?”.
Ao longo do livro, acompanhamos Nora em suas possibilidades de tentar encontrar um sentido para a sua vida. A biblioteca da meia-noite tem uma forte influência da filosofia existencialista, na qual a essência do ser humano é construída a partir das escolhas que faz, tendo que lidar, então, com as consequências dessas escolhas.
E a gente passa tanto tempo desejando que a vida fosse diferente, se comparando com outras pessoas e com outras versões de nós mesmos, quando na verdade, a maioria das vidas contém um certo grau de coisas boas e um certo grau de coisas ruins.
É um livro emocionante, com várias partes difíceis de se ler por ser doloroso, mas em alguns momentos eu senti que era mais uma autoajuda do que um romance. Nada contra autoajuda, mas eu gostaria que o autor tivesse se preocupado mais em contar a história do que em colocar frases clichês para causar impacto. É um livro com muitas possibilidades de discussões, não apenas filosóficas, mas sobre todo esse multiverso e sobre as possibilidades quânticas que existem. Porque é interessante como isso é ciência e como o nosso cérebro não consegue lidar com isso, com essa complexidade, e como ele simplifica tudo o que vê.
Ser humano é resumir o mundo continuamente em uma história compreensível que mantém as coisas simples.
A biblioteca da meia-noite é uma história incrível de se ler, triste e melancólica, mas que vai te fazer repensar e te fazer valorizar o agora. Tudo isso com uma escrita bem fluida, em capítulos curtos e envolventes. O livro trata de assuntos como depressão, suicídio e automutilação que podem ser sensíveis para algumas pessoas.
…às vezes, a única maneira de aprender é vivendo.
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