Meu Primeiro Verão (My First Summer), lançado em 2020 com direção de Katie Found, aborda a relação entre Claudia e Grace, que são quase completamente opostas, principalmente no que se trata da visão de mundo. Grace é sinônimo de graça, um dia de verão ensolarado, cheio de cores e vida. Claudia nunca experenciou o mundo com os próprios olhos, vivendo-o a partir da visão melancólica da mãe.
Claudia encontra em Grace um pouco de cor que faltava em seu mundo. É a partir da relação das duas que Claudia descobre um pouco sobre o que existe para além do seu mundo. E Grace faz questão de ensinar tudo o que sabe para ela: o significado simbólico de cada gesto com os dedos da mão, fazer pulseiras e o prazer que é beber leite com morango direto da caixa.
Ambas descobrem a ingenuidade do primeiro amor: genuíno, potente e, portanto, avassalador. O conforto que é encontrar de maneira despretensiosa alguém que se propõe a entender o universo que habita no outro. Ao decorrer do filme é perceptível o nascimento do amor entre elas, a maneira que ele cresce a partir dos momentos mais insignificantes possíveis, existindo em cada gesto das protagonistas.
Ademais, Meu Primeiro Verão apresenta uma representatividade maravilhosa de um romance entre duas mulheres, adentrando no universo desse amor e deixando de lado todo preconceito que possa existir acerca dessa relação — uma vez que, na inocência do primeiro amor, não cabe nada diferente da utopia.
Apesar de toda a beleza de tal sentimento, há sempre a presença da melancolia como pano de fundo, tendo em vista que essa ótica é a forma que Claudia percebe o mundo. Isso acarreta na dualidade entre ela e Grace, porém também faz parte de uma das pontas soltas que há no enredo, pois não é propriamente trabalhada. Todavia, a história apresentada em Meu Primeiro Verão é nada mais que bela e singela ao abordar a ingenuidade existente na adolescência e a singularidade de cada descoberta realizada.
Enquanto assistia ao filme, me senti transportada para a sensação que é estar vivenciando o primeiro amor, com toda a incerteza do significado dos turbilhões de sentimentos que nos atravessam durante esse momento único — principalmente quando se trata do amor entre duas mulheres. E, principalmente, relembrei a maneira como pode ser doloroso e tinhoso, atravessando o tempo. Todavia, é justamente a dialética desses sentimentos que proporciona a sensação de sentimento “único”, o qual mergulharíamos novamente sem pensar duas vezes, pois é o sangramento desse intenso e belo primeiro amor que nos lembra o que é estar viva.
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