Em agosto de 2022, estreou na Netflix do mundo todo a primeira temporada de Queer Eye Brasil, uma versão brasileira da já consagrada Queer Eye. Será que funcionou?
Queer Eye Brasil segue quase exatamente o mesmo formato da Queer Eye que conhecemos, mas se passando em São Paulo. Por uma semana, cinco especialistas em áreas diversas entram na vida de um participante e buscam ajudá-lo a se transformar em sua melhor versão. Ou pelo menos guiar na direção certa. Os Fabulosos da versão brasileira são Fred Nicácio (médico e fisioterapeuta, cuida do bem-estar), Guto Requena (arquiteto, responsável pelo design de interiores), Luca Scarpelli (publicitário especialista em comportamento, responsável pela parte de cultura), Rica Benozzati (estilista, responsável pela moda), e Yohan Nicolas (cabeleireiro, cuida da beleza). Nessa versão não há um especialista em culinária como Antoni, mas o trabalho de Fred engloba outros aspectos da saúde e bem-estar que compensam essa diferença.
Os heróis da primeira temporada de Queer Eye Brasil são seis: uma mulher divorciada que precisa de ajuda para se valorizar no presente; um homem viúvo que vem se dedicando em tempo integral aos filhos após perder a esposa para o câncer; uma mãe solo que sente que seu único propósito na vida é proteger o filho transgênero; uma divertida acumuladora que tem a necessidade de aprender a se organizar e se mostrar de verdade; um agricultor viciado em trabalho, mas de bom coração, que não sabe se priorizar; e um motorista de táxi de pets que ama tanto os animais que esquece de si.
Essas seis histórias se encaixam perfeitamente no padrão que a nova versão de Queer Eye vem estabelecendo ao longo dos últimos anos. Trata-se de pessoas que fazem muito pelos outros, ou por uma causa, mas que se abandonam no processo. Existem algumas nuances: ou eles esquecem de olhar para si mesmos, ou se recusam porque acham que isso seria egoísmo, ou não conseguem parar de se sabotar, por exemplo.
E Queer Eye Brasil ainda é Queer Eye, então é lógico que lida com essas questões com sensibilidade e muitos elogios sinceros — mas sem nunca deixar de lado o conhecimento profissional que, afinal, levou aqueles especialistas até ali. Alguns dos heróis mostram dificuldade para aceitar e concordar com os elogios do quinteto. Parecem, como tantos de nós, incapazes de se ver por trás dos defeitos que acreditam ter e, portanto, incapazes de se reconhecer no olhar gentil do outro. Na semana de transformação, é bonito acompanhar como vão se soltando e aprendendo a se ver de forma diferente com a influência dos Fabulosos.
Mexe bastante com as emoções, como já era de se esperar, então prepare os lencinhos.
Acredito que seja injusto comparar qualquer grupo com o Fab5 de Antoni, Bobby, Jonathan, Karamo, e Tan. Se partirmos desse ponto, nunca vamos ficar satisfeitos. Mas Fred, Guto, Luca, Rica, e Yohan já mostram uma boa harmonia e autenticidade, parecem confortáveis no programa, e fazem isso do jeito deles, sem tentar emular ninguém. A vantagem de ser uma versão de um programa que já existe, por outro lado, é que tanto a exibição original quanto a nossa cultura brasileira abrem alguns precedentes: os apresentadores se sentem confortáveis para realmente brincar, pular na cama, vestir as perucas dos heróis, fuçar fotos de família; sem parecer que estão forçando a barra.
À primeira vista, sem conhecê-los, pode ficar a impressão de que a maioria se parece demais, mas essa impressão some nos primeiros minutos. Ao fim do primeiro episódio, já é possível conhecer um pouco mais da personalidade de cada um; ao fim da temporada, conhecemos também um pouco da história deles. E o fato de brincarem uns com os outros, se emocionarem, se conectarem com os heróis, até exporem suas próprias questões, realmente nos aproxima deles.
A produção da Floresta e a direção de Andrea Cassola, com altíssima qualidade e muito coração, ajudam muito nessa aproximação. O trabalho não deve nada à versão gringa do programa, e pra mim conseguiu atingir um bom equilíbrio entre a identidade do formato original e a identidade local. Até um vira-lata caramelo chamado Britney essa temporada incluiu. Não sei as limitações que podem aparecer caso uma temporada futura se distancie da cidade de São Paulo (que era um começo óbvio e perfeito para essa jornada) e arredores, mas fiquei curiosa para ver como eles mostrariam essas tantas outras facetas do Brasil.
Se você tinha algum receio da versão brasileira de Queer Eye, pode se tranquilizar. Queer Eye Brasil está à altura do formato, misturando diversão e emoção e aproximando essas histórias da nossa cultura. Que esse seja o começo de mais uma longa trajetória de sucesso.
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