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Seguindo no rastro do sucesso dos filmes Turma da Mônica: Laços (2019) e a sequência Turma da Mônica: Lições (2021), a plataforma Globoplay lançou em tempo recorde a continuação Turma da Mônica – A Série. Agora, acompanhamos Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e companhia não mais em aventuras infantis, mas tendo dilemas de relacionamento e amizade pré-adolescentes.
Também dirigida brilhantemente por Daniel Rezende, mesmo diretor dos filmes, a série se passa no mesmo universo onde não é possível identificar o ano em que a trama acontece, nem se é no passado ou no presente. Nos filmes essa característica fica muito marcada, com o Bairro do Limoeiro recheado de casas com cercas baixas e carros antigos. Na série, esse anacronismo não é importante, já que a temporada toda se passa dentro de locais “confinados”: a Mansão Frufru, o clubinho da Turma, e a padaria.
A narrativa em cada um dos filmes é centrada em um dos personagens principais da Turma da Mônica: a história de Laços é marcada pelos sentimentos de Cebolinha (Kevin Vechiatto), enquanto Lições, apesar de trazer indícios de aprendizados para as quatro crianças, mostra mais Mônica (Giulia Benite) expandindo seu mundo limitado da infância para outras amizades e iniciando um processo de amadurecimento pré-adolescente. A série, por sua vez, expande esse conceito e traz outros personagens carismáticos que já foram apresentados nos filmes, mas com mais detalhes. Milena (Emily Nayara) é elevada a personagem principal, merecidamente, e os outros quatro têm papéis igualmente importantes na história. Porém, é Cascão (Gabriel Moreira) quem mais evolui durante a temporada, numa narrativa que se aprofunda no personagem (mesmo sem explicitar). Entre os principais, Magali (Laura Rauseo) e Milena são as únicas que ainda não tiveram grandes tramas no universo de Daniel Rezende, assim como a resolução de problemas reais com uso de recursos do mundo real. Cebolinha e Humberto (Lucas Infante) vão à fonoaudióloga para ajudar com seus problemas de fala, e seria interessante ver Magali na terapia para tratar sua ansiedade.
Nas férias, os pré-adolescentes do Bairro do Limoeiro não têm um lugar para se encontrar. Não sendo mais crianças, mas também não sendo adolescentes ainda, eles se encontram num espaço entre essas duas faixas etárias. Essa fase de desenvolvimento da personalidade, pressão social e traumas é abordada de forma engraçada, com mistérios e reviravoltas interessantes. Sem lugar definido para se encontrarem, a turma começa a reformar um barracão do tio da Mônica. Mas a chegada de Carminha Frufru (Luiza Gattai) faz com que os pré-adolescentes fiquem divididos entre a lealdade para com a amiga e a nova garota, o que culmina numa festa na Mansão Frufru.
O mistério da temporada de Turma da Mônica – A Série está em quem derrubou um balde de lama em Carminha na festa. Com as reviravoltas, o público vai descobrindo que cada personagem tem seus próprios motivos para estar lá. É Denise (Becca Guerra) quem coordena as revelações durante a temporada, de forma magistral e totalmente neurótica. A série vai por caminhos de flashback com um ritmo natural e interessante, e uma construção bem feita entre os episódios. A direção de arte e a ambientação são mais brasileiras que nos filmes, deixando o anacronismo anterior um pouco de lado, mas ainda não introduzindo elementos tecnológicos na história. Assim, a série não tem o estranhamento do uso de elementos do passado que os filmes têm, o que a aproxima do público atual, mas não perde o sentimento de nostalgia da Turma.
O universo de Daniel Rezende para a Turma da Mônica parece ir se aproximando cada vez mais do universo Turma da Mônica Jovem. Com o acréscimo de secundários da Turma de forma mais aprofundada, Turma da Mônica – A Série traz os personagens dos quadrinhos de um jeito familiar, sem perder a personalidade de nenhum deles pelo caminho. Os atores mirins sabem utilizar as características de seus personagens e o relacionamento entre eles de forma emocionante, sem afetação ou grandes divergências do material base.
Com potencial para contar muitas outras histórias relevantes para a faixa etária pelos próximos anos, Turma da Mônica – A Série, por enquanto apenas uma temporada de apenas 8 episódios, já se consagra no audiovisual brasileiro juvenil como uma obra que consegue representar a nova geração adolescente. Pode vir a se igualar hoje ao que Confissões de Adolescente (1994), Malhação (1995-2020) e Tudo Que É Sólido Pode Derreter (2009) foram no passado.
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