O Mito de Sísifo tem uma premissa interessante: o futuro de uma Coreia destruída por uma guerra nuclear, onde a sociedade não mais existe e está tudo em ruínas. A única esperança dos sobreviventes é se arriscar em uma máquina do tempo e voltar para o passado para tentar ter uma vida normal – apenas 5% dos que tentam essa saída conseguem chegar vivos ao objetivo final. Seo-hae (Park Shin-hye), uma jovem sobrevivente acostumada a viver nessa Coreia distópica, acredita que conseguirá mudar esse futuro e retorna ao passado para tentar alcançar esse objetivo.
Toda essa situação parece estar ligada de alguma forma à figura do jovem Han Tae-Sul (Cho Seung-woo), um brilhante engenheiro que vem sofrendo constantemente com a culpa que carrega pela morte de seu irmão. Tae-Sul tem sido alvo de ataques misteriosos e Seo-hae acredita que, se conseguir protegê-lo, a guerra poderá ser impedida.
É assim que começa Sisyphus: The Myth, também conhecido como O Mito de Sísifo, k-drama de ação, aventura, ficção científica e mistério disponível na Netflix. Com 16 episódios, a trama chama a atenção pela temática que aborda em relação à distopia e viagem do tempo, e foi justamente por essa razão que decidi dar uma chance a ela.
O nome desse k-drama não é coincidência: há bastante relação entre a trajetória dos nossos protagonistas e a história de Sísifo, da mitologia grega. Para contextualizar, no mito original Sísifo era um rapaz inteligente que, em resumo, foi condenado por desafiar os deuses. Sua punição era empurrar uma pedra pesada até o alto de uma montanha e, todos os dias, quando estava quase chegando ao seu destino, por estar cansado acabava falhando e a pedra rolava até chegar a base da montanha, obrigando-o a começar tudo novamente. O mesmo se repetia todos os dias, por toda a eternidade. O que poderia mudar o destino de Sísifo? O que no k-drama pode ser feito, então, para mudar o terrível futuro?
A primeira impressão que tive do k-drama foi de que ele era bastante repetitivo. A fórmula “protagonistas vão para qualquer lugar + vilões aparecem querendo capturá-los ou matá-los + perseguição intensa + fuga inesperada” acontecia o tempo todo. Na verdade, acontecem de forma recorrente durante toda a trama, e essa frequência me incomodou. “Como os vilões sempre sabem onde os protagonistas estão? Não faz sentido!”, eu pensava. Confesso que essa questão quase me fez largar o drama, mas ele tinha outros pontos positivos que me fizeram continuar.
Um dos fatores que me fizeram continuar assistindo foi querer saber mais sobre o futuro distópico no qual Seo-hae vivia, e as próprias motivações dela em voltar para o passado. O que aconteceu na Coreia do futuro? Como a guerra explodiu? Como ela se salvou? Como ela foi criada? Como era a vida lá? Por que ela sabe lutar tão bem? O que aconteceu com seus pais? Como ela conseguiu voltar para o futuro? Eu considerei as cenas da Coreia em ruínas muito bem-feitas, os plots (arcos do enredo) eram interessantes e me deixavam bem animada com a história. O diretor do k-drama fez uma boa escolha ao nos apresentar as cenas do futuro por partes, sempre no início de cada episódio. Nossas dúvidas iam sendo respondidas à medida que os episódios iam avançando, e os flashes do futuro se relacionavam muito bem com a trama do presente que era apresentada em cada episódio. Dou nota 10 para isso.
Uma das melhores cenas, para mim, foi a que mostrou o início da guerra. Eu esperei ansiosamente até que o plot que mostrava o futuro se desenvolvesse para resgatar essas lembranças da protagonista. Tenho apenas uma coisa para dizer: impactante. Inclusive, achei os efeitos do k-drama muito bons (convenhamos que não é fácil representar um “mundo pós-apocalíptico”), vi muitas avaliações negativas referente a esse quesito, mas eu particularmente não tenho do que reclamar. Não reparei nos detalhes mencionados e não entendi a razão pela qual o pessoal estava criticando tanto assim – acho que você precisará assistir para tirar suas próprias conclusões. Para mim, os efeitos foram satisfatórios e acompanharam bem a qualidade visual da trama.
Um ponto interessante é que, além de mostrar o futuro e o presente, O Mito de Sísifo traz algumas cenas do passado do nosso protagonista também. E, nossa! O pessoal acertou em cheio no elenco escolhido para interpretar os atores mirins masculinos: eles combinam perfeitamente com suas versões mais velhas, principalmente em relação às expressões faciais que são bastante características de cada personagem. Dá para reconhecer e associar bem o “eu criança” do “eu adulto”, e isso me surpreendeu. Excelente trabalho!
Vamos mencionar, agora, os pontos negativos. Em relação ao desenrolar da trama, algumas coisas não fizeram sentido para mim. A história parece contraditória em alguns pontos. Han Tae-Sul é um CEO milionário, frequenta lugares com pessoas importantes e muita gente rica… e mesmo assim os vilões aparecem e acontecem tiroteios e perseguições nesse meio. E ninguém faz nada, é como se fosse normal! Da mesma forma, outra questão que me incomodou foram as perseguições que aconteciam em lugares públicos, com muitas pessoas ao redor e o fato de as pessoas aparentemente não se incomodarem com isso, como se nem estivessem ali. Era muito estranho, e isso dava uma quebra de ritmo grande porque eu não via sentido nessas escolhas de roteiro.
Além disso, tinha o fato de que as pessoas que queriam capturar e matar o personagem principal eram as mesmas que precisavam que ele continuasse vivo para desenvolver um projeto que seria importante no futuro. Qual o sentido, então, de perseguir e tentar assassiná-lo? Se os mesmos personagens falam que precisam dele vivo? Pois é… Tentam dar uma justificativa no final de forma indireta que teoricamente explicaria isso, mas eu não achei coerente. É importante frisar, nesse ponto, que algumas perguntas ficam sem resposta na trama.
Em relação ao final, não foi bem o que eu queria, mas não posso dizer que foi uma surpresa terem ido por esse caminho. Não direi mais para não dar spoilers, mas acredito que pessoas que já tenham mais contato com esse tipo de gênero que aborda viagem no tempo / mundo paralelo vão captar melhor o que foi que aconteceu ali. Eu fiquei com uma grande interrogação na cabeça. O drama acabou, apareceram os créditos e eu fiquei ”… Foi isso? Não acredito que terminou assim”. Pois é. Achei meio repentino também. Não pareceu, para mim, que era de fato a cena final.
Se você está procurando um k-drama para assistir sem muitas preocupações, não se importa tanto com coerência de roteiro e quer ver algo que foge um pouco do padrão comum, O Mito de Sísifo é uma ótima escolha. A experiência do drama em si foi boa para mim. Se você resistir aos primeiros episódios, a história pega um ritmo legal que vai te deixando curioso, especialmente quando começam a desenvolver mais o plot do futuro. Se você tem interesse em temáticas referentes a viagem no tempo ou distopias, esse k-drama também é uma boa pedida. E se você, assim como eu, também curte aproveitar uma história com uma pitada de romance, pode abraçar! Ver o desenvolvimento da relação dos protagonistas é muito fofo, e também foi uma das coisas que me fez seguir em frente – eu shippava bastante! E, se vocês decidirem embarcar nessa aventura que é esse k-drama, voltem aqui para me contar o que acharam!
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