O hip-hop é um movimento cultural surgido nos Estados Unidos na década de 70. Oriundo da união entre latinos, jamaicanos e afro-americanos, o movimento foi criado para contravenção e autoafirmação no combate contra o preconceito racial americano. No Brasil, o hip-hop achou seu lugar nas periferias de São Paulo no final da década de 80, com grupos que se reuniam nas galerias e estações de metrô da grande cidade. Certo… Mas onde entra o rap nisso tudo? Segundo Afrika Bambaataa, criador do movimento, existem 4 elementos que compõem o hip-hop: O DJ (ou MC no brasil), o breakdance, o graffiti e o rap. E é neste último componente que eu quero me ater a falar hoje.
Todo o desenvolvimento do hip-hop no Brasil é claro e deveras muitíssimo importante como movimento cultural dos jovens de classe média baixa. Esse estilo de contravenção é presente e é salvação para muitos jovens que encontram um destino alternativo para a vida no crime que muitas vezes é porta de “trabalho” nos lugares mais pobres do país. E é no rap que eles encontram portas para ter voz e protestar sobre a dura realidade em que eles vivem. Entretanto, durante a maior parte do tempo e de existência desse tipo de música, existiu renegação, tanto de outros artistas e de gravadoras que entendiam que o som não seria comercial, como dos próprios artistas de rap que, pelo viés social da música, não aspiravam ao marketing comercial o retorno monetário que eles poderiam desfrutar.
Quem nunca ouviu um pai, ou uma mãe falando: “Essa música é coisa de vagabundo”, sobre alguma música de rap tocando na rádio? De fato, devido à agressividade (das letras), o rap não era a coisa mais palatável que existia para se ouvir, e gerava uma barreira para pessoas que não entendiam todo o movimento por trás, e a importância de se falar sobre aqueles temas dos quais ninguém nunca quer saber.
E então, por que é que de tempos pra cá, os cantores de rap têm se tornado muito mais comerciais e figuram nas indicações de Grammy Latino e listas de melhores álbuns do ano? A resposta parece boba, mas, na minha opinião, muito assertiva. Se você perceber e até se quiser tirar a prova dos 9, pegue um CD do grupo Racionais MC’s da décade de 90, escute, e depois ouça um disco de 2016 de Criolo (influenciado declarado dos Racionais), a resposta vai sair rapidamente do seu cérebro: A sonoridade (e não as letras) do rap estão muito mais modernas e criativas! Teclados, guitarras, sintetizadores e metais compõem cada vez mais as bases (beats) dessa nova geração do rap. Essa evolução é muito apreciada e já aconteceu historicamente com outros ritmos, como samba, por exemplo, que hoje são aclamados.
Isso tudo transformou o rap brasileiro em uma música mais vendável, as criações melódicas muito bem-feitas interagindo com a temática sufocante do nosso país que é retrato nas letras. É como se o rap não precisasse ser somente aquela música amarga, com beats lentos e graves feita na década de 90, ela pode ser uma música de boa qualidade, comercial, feliz e, principalmente, continuar a ser uma música de luta!
Por fim, deixo neste post um plus: 3 albúns de rap e 01 single para ouvir durante o fim de semana, espero que curtam e atestem o que escrevi acima!
Até mais!
Djonga – o menino que queria ser deus
Criolo – single Boca de Lobo
Marcelo D2 – amar é para os fortes
Rincon Sapiência – Ponta de lança
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