O diretor Alex Garland resolveu embarcar nessa nova ficção-científica (entre aspas) quatro anos após o sucesso de Ex Machina (2014), um sci-fi que venceu o Oscar na categoria de Melhor Efeitos Visuais e foi, ainda, indicado na categoria de melhor roteiro original, mas Aniquilação não atendeu às expectativas em diversos aspectos.
O filme foi produzido pela Paramount pensado para as telonas do cinema. Mas, devido ao fracasso nas bilheterias de filmes anteriores, resolveram vender para a Netflix.
A trama gira em torno de Lena (Natalie Portman), uma bióloga e ex-militar. Seu marido Kane (Oscar Isaac) desapareceu em uma missão para investigar um fenômeno misterioso numa regiãozinha que é denominada Área X. Um ano após ele retorna de forma misteriosa e , então, Lena decide se juntar a quatro mulheres para entrar na área e investigar a natureza dos eventos. Lá elas se deparam com um cenário encantador e ao mesmo tempo cheio de bizarrices, uma espécie de mutação capaz de ameaçar a raça humana.
O enredo tem potencial e o final é bem surpreendente, mas o roteiro de Garland deixou a desejar e o gênero não foi bem explorado. Apesar de se vender como ficção-científica, esse filme é, na verdade, uma fantasia com toques de horror. O autor do livro que originou o filme denominou sua própria obra de “novo estranho”. Faz mais sentido. Diferente de filmes e séries do gênero, como A Chegada e Stranger Things, Aniquilação usa a ciência apenas como um pretexto e não explica muita coisa sobre os acontecimentos aparentemente científicos, deixando mais perguntas que respostas. A cenas reservadas para isso são super-rápidas e superficiais. Aparentemente, o objetivo principal é a pegada filosófica e reflexiva sobre o eterno ciclo da vida, além do poder de autodestruição das pessoas. Nem isso o filme conseguiu passar bem, uma vez que as revelações e desfechos não têm muita profundidade. Ele cria a expectativa, mas não cumpre.
Igualmente superficial é o desenvolvimento das personagens, que apresentam emoções básicas, tornando-as descartáveis, em detrimento da personagem Lena. O elenco é impecável e isso contribuiu para a grande expectativa. Além da renomada Natalie Portman, temos Tessa Thompson (Thor: Ragnarok), Gina Rodriguez (Jane, a Virgem), Tuva Novotny (Comer, Rezar, Amar) e Jennifer Jason Leigh, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu trabalho em Os Oito Odiados. Todo esse talento é pouco aproveitado.
Outro ponto negativo é o excesso de flashbacks. Tem momentos que eles voltam tanto que fica desnecessário e tedioso. Além disso, acabou entregando o destino final das personagens logo no início do filme.
Mas não é de todo ruim. Ele foi bom, só causou estranheza e desconforto por causa desses pontos. O ritmo da narrativa é muito bom; uma gradação de eventos em tempo suficiente para nos permitir absorver e entender o que está acontecendo.
O visual é excelente. Eles usaram a premissa do fenômeno da refração para trabalhar com as luzes e reflexos coloridos, muito bonitos, contrastando com as mutações assombrosas. Isso no cinema teria sido perfeito. Juntamente com a trilha sonora, passam a ideia de outro mundo. Bem criativo.
O suspense e a sequência de mistérios são realmente bons e prendem a atenção, fechando com um final perturbador. Apesar de ser superficial e não dizer muita coisa, dá sim para refletir um pouco sobre a condição humana e sua insignificância em relação ao universo.
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