Vidro é um filme que encerra a trilogia que começou em 2000 com Corpo Fechado, passando por Fragmentado, de 2016. Assistidos separadamente parecem filmes totalmente distintos, mas acontece que Fragmentado faz parte do universo de Corpo Fechado e mostra acontecimentos cronologicamente após David Gunn (Bruce Willis) tornar-se um vigilante. Em Vidro os dois filmes tiveram seu encontro e desfecho de forma primorosa.
O filme se passa 15 anos após o final de Corpo Fechado. David Dunn vive agora andando pela cidade em busca de criminosos, fazendo seu trabalho de super-herói justiceiro, com o suporte de seu filho Joseph. Ele está em busca do responsável pelo sequestro e assassinato de jovens garotas, Kevin Wendell Crumbe (James McAvoy). O encontro dos dois e o reaparecimento do Sr. Vidro como o grande gênio vilão (Samuel L. Jackson) inicia uma onda de acontecimentos intrigantes e muita tensão psicológica.
Uma psiquiatra, Dra. Ellie, interpretada por Sarah Paulson, entra na narrativa para dizer a eles que são apenas pessoas comuns com transtornos de personalidade e com complexo de grandezas. Não são nada mais que pessoas normais e com nenhum superpoder, cujos grandes feitos podem ser justificados por fatos totalmente explicáveis. O diretor conseguiu transmitir um pouco dessa dúvida a quem assistia, porém essa parte não foi muito desenvolvida, mesmo sendo o assunto central. Foi o único defeito do filme.
Diferente do primeiro filme, Vidro conta com mais cenas de ação e menos monotonia, apesar de não abrir mão do típico drama psicológico e introspecção dos personagens. Isso fica evidente nas cenas de Kevin e suas 23 personalidades. O diretor deu muitas cenas com ele, exibindo cada detalhe e suas transformações para cada personalidade. Ele fez questão de trazer o máximo possível delas, como no segundo filme.
As atuações impecáveis e a preocupação do diretor M. Night Shyamalan com os detalhes nos fazem esquecer que já se passaram 19 anos desde o primeiro filme. Joseph Dunn é interpretado por Spencer Treat Clark, mesmo ator do primeiro filme que agora está mais velho. Isso deu ao filme uma ideia de perfeita continuação dos acontecimentos. As cores e iluminação também contribuíram para isso. Sr. Vidro sempre de roxo, David Dunn de verde e Kevin com aquele tom amarelo pastel retratado em Fragmentado, só que agora com mais intensidade.
É importante ressaltar que é imprescindível assistir aos filmes anteriores. Todas as peças são encaixadas perfeitamente e o filme é autoexplicativo. A teoria do Sr. Vidro de que as histórias em quadrinhos são relatos aumentados de seres humanos extraordinários, porém comuns, ganha uma nova vida. O filme traz uma sequência de fatos sempre relacionados ao que normalmente acontece em uma história em quadrinhos: o vilão, o herói, a grande mente por traz de tudo e o grande vilão inesperado. Como o próprio filme conta, “essa é uma história de origem”. Sim, a origem dos super-heróis a partir de uma perspectiva bem única do mundo dos quadrinhos, um universo mais humanizado e mais conectado com aqueles a quem os heróis protegem. É uma reflexão muito interessante e que nos intriga de verdade, ainda mais diante desse novo cenário cinematográfico que estamos vivenciando.
É um filme muito bom e vale muito a pena assistir a toda a trilogia. Se você está esperando um filme com muitas lutas e efeitos como os filmes da DC ou Marvel, não vai encontrar. Mas a releitura feita do mundo das HQ’s é muito intrigante e original, agregando muito ao gênero. Com certeza o desfecho que se deu em Vidro não poderia ser melhor.
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