Outubro já passou, mas o horror continua! O medo é uma das 6 emoções básicas da humanidade (só lembrar dos Divertida mente (2015) para saber o resto e adicionar surpresa) e tem um grande papel em nossa sobrevivência, já que é ela que nos alerta de situações de perigo e pode eliciar o chamado comportamento de luta ou fuga. Agora, como que uma emoção que serve para avisar que estamos em risco levou a criação de obras tão marcantes em praticamente todos campos das artes? E se a arte foi vista por grande parte da história ocidental como a representação do belo, como que obras grotescas e hediondas se tornaram tão populares? Respostas para essas perguntas vou deixar para os intelectuais das artes e da antropologia, vamos é falar agora sobre algumas HQs desse maravilhoso (mas não tanto) estilo que tiveram uma grande marca em minha vida.
Importante ressaltar que é uma lista totalmente pautada no que eu li e no que me marcou. Se faltar algo que você considera uma grande HQ de terror, lista nos comentários! Importante falar também que misturei HQs e mangás nessa lista por motivos de praticidade. A lista também não está numa ordem específica e pra mim todas elas são bem relevantes. Aviso também que as HQs listadas possuem violência explícita, body horror, temas sensíveis e gatilhos dos mais variados.
Como diria o H.P. Lovecraft:
Medo é a emoção mais antiga e mais forte da humanidade. E o medo do desconhecido é o seu tipo mais forte.
Então, que tal começarmos os trabalhos?
1. Junji Ito – Uzumaki
Sr. Goshima, eu acho a espiral muito mística. Ela me preenche com um profundo senso de mistério… diferente de tudo na natureza… diferente de todas as outras formas. Eu tenho certeza que você entenderá o quão maravilhosa a espiral é! É perfeita! A mais sublime arte!
Na pacata cidadezinha costeira de Kurôzu-Cho, estranhos e grotescos eventos vão ocorrendo com alguns de seus habitantes. Apesar de bem variados, todos os eventos têm um ponto em comum: se relacionam com espirais, do nível geométrico ao nível simbólico. Uzumaki (não tem relação alguma com Naruto) é um mangá de horror cósmico do grão-mestre do terror japonês, Junji Ito. Ito é conhecido por conseguir encontrar o terror nas mais simples coisas, como uma forma geométrica. É um mangá curtinho e bem gostoso de ler, pois cada capítulo segue o esquema “monstro da semana”, ou seja, cada capítulo é um evento diferente. Assim como a espiral prende o olhar em suas curvas, esse mangá te hipnotizará e prenderá nas voltas de sua forma.
2. Grant Morrison – Nameless
(…) Agora considerem a possibilidade de que sempre tivemos uma forma alienígena desincorporada entre nós. Invisível e ainda assim capaz de ocupar mentes e alterá-las. (…) Se os titãs aprisionaram um monstro sádico e psicopata nesse universo, como ele apareceria para nós? Qual nome daríamos para esse horror onipotente?
Um colossal asteroide se aproxima da terra. Seu nome? Xibalba (o local do medo, da mitologia Maia). Um magista chamado SemNome é convocado para compor um grupo de elite para tentar impedir a colisão. Entretanto, o corpo celeste é algo muito pior, que remete a traumas riscados nas profundezas de nosso inconsciente coletivo.
Como muitas obras do Grant Morrison, Nameless é uma HQ confusa. A linha do tempo se mistura em todos os sentidos possíveis, deixando sempre a dúvida sobre o que está acontecendo com os personagens é real ou uma ilusão. Também tem outra grande marca do autor: vários símbolos e elementos esotéricos compõe a obra.
3. Alan Moore – The Courtyard/Neonomicon/Providence
A realidade humana foi só um frágil construto que nós brevemente impusemos sobre o caos fundamental da existência. Filosoficamente, não posso me opor a isso. Imagino que Lovecraft também não tenha se oposto. Mas onde isso nos deixa?
Em The Courtyard, um deplorável investigador vai em busca de uma nova droga conhecida no submundo como Aklo e busca desvendar como ela se relaciona com uma série de homicídios brutais. Em Neonomicon, dois agentes do FBI estão atrás da droga Aklo e de um misterioso culto a entidades lovecraftianas. Em Providence, um jornalista viaja pela Nova Inglaterra em busca de desvelar a “América Oculta”.
Aqui trago não uma, mas três HQs. Cada uma delas vai se intercalando com a outro (tanto que é comum achar The Courtyard em uma edição única com o Neonomicon). Escritas pelo grão mestre dos quadrinhos, o auto declarado mago Alan Moore, são de longe a melhor coisa sobre a mitologia de H.P. Lovecraft que tive contato. Elas adotam uma perpectiva inovadora sobre os fenômenos descritos nas obras do famosos (e desgraçado) escritor estadunidense.
AVISO: De todas as indicações da lista, essa é de longe a com maior número de gatilhos. Tem gatilhos de estupro, suicídio, violência gráfica extrema, racismo e homofobia.
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