A Caixa Preta (Black Hollow Cage, 2017) é um filme de ficção científica, horror e mistério, escrito e dirigido por Sadrac González-Perellón. O longa de 105 minutos conta a história de Alice (Lowena McDonnell), que vive em uma casa afastada e reclusa com seu pai, Adam (Julian Nicholson), e sua cachorra, que ela chama de “mãe”. Um dia, passeando com a cachorra na mata, ela encontra um cubo misterioso que tenta alertá-la sobre algo que ainda iria acontecer, incluindo algumas instruções sobre como ela deve agir para impedir.
A premissa de A Caixa Preta é interessante e, ao longo da história, somos apresentados a alguns elementos que despertam a curiosidade. Entretanto, nem todos esses elementos são explicados, o que eu particularmente considero uma pena. É o caso da cachorra “mãe”. Ela tem um alto-falante no pescoço e, através dele, consegue conversar com as pessoas. Achei essa ideia superinteressante, fiquei intrigada e querendo saber mais sobre ela enquanto assistia ao filme! Era realmente a cachorra “falando”, ou eram frases prontas gerenciadas por alguma inteligência artificial? A verdadeira resposta para essa questão fica em aberto, o que me deixou um pouco frustrada.
Há outras questões que o filme apresenta, mas não explica. Alice parece ter sofrido algum tipo de acidente no qual perdeu uma parte do seu braço direito e ela culpa o seu pai pela perda, assim como o culpa pelo que quer que tenha acontecido com sua mãe. O que exatamente aconteceu? Nós não sabemos. E esse é um mistério que eu, particularmente, fiquei o filme inteiro querendo descobrir, já que é mencionado em diversos momentos. Além disso, ela trata o cachorro como sua mãe. Por quê? Reflita e tire suas próprias conclusões baseadas nas suas próprias interpretações internas, porque o filme também não explica isso.
Em A Caixa Preta, somos apresentados a outros dois personagens, Erika (Haydée Lysander) e Paul (Marc Puiggener). Eu senti falta de saber mais sobre os dois e as motivações deles, não achei que esses aspectos foram muito explorados. Novamente, como já comentado anteriormente que aconteceu outras vezes, essa é mais uma ponta solta que o filme não se dá ao trabalho de explicar. Provavelmente essa é uma característica proposital na obra. Talvez algumas pessoas curtam não ter essas respostas, mas eu senti que essa falta constante de informações fez com que a obra desperdiçasse muito do seu potencial.
O filme também me deixou desconfortável em alguns momentos. O figurino principal da Alice, por exemplo, me causou muito estranhamento. Não dá para saber ao certo a idade da personagem dela, nem se sabe quantos anos a atriz tinha na época que fez o filme (ou talvez eu que não tenha pesquisado direito), mas ela parece uma criança no filme e o principal estilo de roupa que ela usa é uma camisa masculina larga que, nela, fica super curta. Está certo que ela usa um short por baixo, mas ainda assim me causou certo desconforto por parecer uma sexualização da personagem.
A Erika foi outra personagem que eu achei que parecia uma adolescente, embora também não saiba a idade real da atriz. O fato de ela parecer uma adolescente jovenzinha e ter cenas de nudez, além do fato de o Adam (que parece muito mais velho) parecer ter sido seduzido por ela, foi… estranho. Essa foi a minha percepção, e a de outras pessoas pode ter sido diferente. Mas, de qualquer forma, alguns desses elementos foram importantes para a construção da narrativa e da história, porque tiveram repercussões relevantes.
Uma das reflexões mais marcantes que A Caixa Preta me deixou foi que é possível ver um ciclo de violência. Uma pessoa perde algo precioso e busca se vingar, e essa vingança deixa marcas em uma pessoa inocente, que por sua vez também tenta se vingar ou impedir aquilo de acontecer. Nisso, entramos em uma espiral na qual o machucado tenta machucar quem o machucou e, no processo, acaba ferindo outras pessoas, que tentam se vingar depois, e assim sucessivamente. Ao terminar o filme, essa foi a lição que ficou comigo.
Quanto à cadência, é um filme muito lento e esse aspecto dele não me agradou muito. Outra coisa que eu não curti é que o funcionamento da caixa-preta não é bem explicado e dá margem a muitos furos de roteiro, principalmente porque ele envolve viagem no tempo. O final da história fecha o conflito principal e abre outro problema que poderia ter várias repercussões, deixando para que nós próprios novamente tiremos nossas próprias conclusões sobre como aquilo se resolveria.
Mas um ponto positivo é que o cenário no qual a história se passa é realmente bonito.
No geral, eu diria que A Caixa Preta oferece mais perguntas do que respostas. Se você não se importa de assistir a obras mais lentas que deixam perguntas em aberto, ou até gosta de ficar criando teorias sobre os elementos que aparecem, pode ser que esse seja um bom filme para você. Pessoalmente, apesar de apreciar o cenário, curtir a ideia do cachorro falante e ter tido boas reflexões enquanto assistia, o filme em si não fez meu estilo.
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