A família Vance se muda para Ohio em busca de uma vida melhor e longe da pobreza, mas, apesar de sua “ambição”, a vida dos mesmos é bastante difícil. Em Era uma vez um sonho, acompanhamos J.D., o membro mais novo da família e estudante de direito em Yale, que, após sua mãe sofrer uma overdose, precisa retornar a Ohio e encarar a realidade que o espera.
Ora explicitamente, ora nas entrelinhas, nós conhecemos as sombras e as luzes de cada membro da família Vance. Permeado por carinho, amor e o senso de dever familiar, vamos mergulhando em relações que são espelhos das personalidades que a formam: doces e conturbadas. Uma avó fumante e doente e uma mãe viciada em drogas são as peças mais marcantes e complicadas da família à qual pertence o protagonista.
J.D. é carismático e até meio bobo, do tipo que te faz torcer pelo personagem. Porém a característica que fez com que eu torcesse por ele também foi a que me trouxe mais indignação: depois de uma infância marcada por tanta dureza e dificuldades, nosso protagonista guarda uma inocência quase infantil. Pois, por trás do seu coração (excessivamente) bondoso, existem 2 J.D.s que coexistem em um dilema: perdoar ou não a sua mãe? Entre sentimentos de “ela não merece minha ajuda” e “não posso deixá-la dessa forma”, a cada crise de vício que sua mãe vive, existe um J.D. vivendo um conflito interno.
Era uma vez um sonho trata da vida sonhadora de J.D., que, como um herói, ultrapassa os obstáculos e consequências de uma criação traumática e vai contra a vida conformista que a maioria das pessoas ao seu redor tinha; assim como num sonho. Mas seu sonho é constantemente (tão constantemente que chega a dar agonia) acordado para a realidade de uma mãe viciada, cujo tratamento e melhora são tão instáveis que parecem impossíveis de acontecer.
Essa é uma história tão hollywoodiana que fiquei surpresa quando nos créditos finais apareceram as continuidades das vidas dos personagens após os acontecimentos do longa. Baseado na obra homônima que retrata as memórias de J.D. Vance, o filme é uma versão atenuada de um livro que teve bastante visibilidade nas eleições estadunidenses de 2016, por retratar a realidade de diversos americanos nessa época, sendo alvo até de disputas políticas.
Por fim, o longa Era uma vez um sonho teve bastante atenção há algum tempo, mas não tanta quanto aparenta ter sido feito para ter. Com algumas extravagâncias para tentar atrair indicações ao Oscar, o longa não saiu do 0 a 0 e ainda contou com algumas cenas forçadamente emocionais que pareciam deslocadas dentro do seu contexto, que ficaram longe de cumprir o seu objetivo. Porém, mesmo entre altos e baixos, me envolvi com o filme e terminei quase “sem querer”, como quem queria saber até onde essa história iria me levar.
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