Será que uma inteligência artificial é capaz de amar? No drama sul-coreano Holo, Meu Amor (My Holo Love), o triangulo amoroso entre uma mulher, uma inteligência artificial super humanizada e seu criador é inesperadamente adorável. Assim como em Her, o drama não aborda um futuro apocalíptico com a supremacia das máquinas ou carros voadores. Na verdade a história se passa numa versão da atualidade em que a empresa de tecnologia GIO Lab lança seu mais novo produto: uma inteligência artificial incrivelmente humanizada.
O ponto de partida acontece justamente no evento de apresentação dessa tecnologia a investidores. Holo é um assistente pessoal (como a Siri, Alexa, etc) que funciona a partir de um óculos e assim é possível ver seu holograma e se comunicar com ele. A tecnologia que a GIO Lab desenvolveu deixa todos surpresos e ao final do evento a maior concorrente da empresa tenta furtar os óculos. Desesperada para manter Holo à salvo, Ko Yoon-jin (CEO) tenta ao máximo escapar dos criminosos e a única opção que lhe resta é esconder seu único protótipo. Após uma rápida análise do nível de confiança das pessoas ao seu redor feita por Holo, ela esconde os óculos na bolsa de So-yeon, uma total desconhecida naquele momento.
O primeiro contato de So-yeon com Holo foi traumatizante. Sem ter qualquer ideia da tecnologia que tinha em mãos, ela acreditava que estava sendo assombrada por fantasmas ou por um stalker. Até que Holo consegue, aos poucos, fazê-la acreditar que ele na verdade era uma inovação do laboratório GIO — uma das cenas mais engraçadas do drama — e gradativamente a relação dos dois se desenvolve, tornando-se complexa. Paralelamente, na GIO Lab, Ko Yoon-jin e seu irmão Ko Nan-do (criador da IA) perceberam, acompanhando para onde Holo foi levado, que o que antes era apenas uma forma de salvar a IA se transformou em um teste beta.
So-Yeon (Ko Sung-Hee, conhecida por seu papel em Suits Coreia) é uma protagonista forte que após um trauma na infância perdeu a habilidade de reconhecer o rosto das pessoas (prosopagnosia). Por isso, sua personalidade alegre e extrovertida se torna fechada e muitas vezes incompreendida, principalmente porque quase ninguém sabe que ela sofre de cegueira facial. Aos poucos ela começa a se sentir mais confiante em relações interpessoais, isso porque Holo, sabendo de sua condição, começa a ajudá-la e gradativamente a relação entre eles cresce e os dois se tornam amigos. É notório como a protagonista muda conforme sua relação com a IA aumenta. Antes ela se sentia solitária e ter Holo sempre por perto preenche esse espaço. É quase impossível frear os sentimentos e por fim ela acaba se apaixonando. Um ponto que se destaca é a interpretação de Sung-Hee, que é sutil e fora de qualquer estereótipo possível.
Interpretados pelo mesmo ator, Yoon Hyun-min, Ko Nan-do e Holo têm personalidades completamente diferentes. Ko Nan-do é um jovem desenvolvedor que desde criança dedica-se a criação e aprimoramento da inteligência artificial. Nos primeiros episódios da série tudo que sabemos sobre ele é que tem uma personalidade ríspida e irritável. Ele vive como um fantasma, já que, ainda na adolescência, fingiu sua morte. A relação dele com Holo vai muito além de criador-criatura e parece mais uma amizade de longa data, afinal, como viveu muitos anos como um fantasma, nenhuma outra amizade foi mantida.
Holo, como disse anteriormente, é o completo oposto de seu criador: extremamente carismático, sem sombra de dúvidas deixa qualquer outra IA no chinelo. É claro que sua personalidade foi moldada por códigos, mas não deixa de ser um ponto de alegria na vida de So-Yeon e de qualquer outra pessoa que tenha contato com ele. Assim como Sung-Hee, Yoon Hyun-min faz um trabalho muito bom em sua atuação, principalmente quando comparamos Nan-do e Holo. Por serem interpretados pelo mesmo ator, era possível que os personagens não ficassem tão distintos e que o telespectador os confundisse, mas isso não acontece. De forma geral, os demais personagens da série são bem trabalhados, mas sem grandes backgrounds; suas contribuições sempre giram em torno da trama principal. Particularmente não acho que isso causa algum prejuízo.
(Alerta de possíveis spoilers!)
São doze episódios que misturam romance, ação e amizade, afinal nenhuma relação é tão simples como parece. Enquanto o teste beta acontece, Nan-do acompanha tudo o que Holo faz e começa a, mesmo que de longe, também ter uma relação com So-yeon. O interesse em conhecer melhor essa mulher é tão grande que faz com que ele se mude para o apartamento ao lado, para que tenham pequenos momentos de interações sem que ela saiba a verdade. Quando finalmente So-yeon se declara para Holo, que mesmo sem saber ao certo se poderia ou não amá-la decide tentar, Nan-do chega a um dilema: finalmente depois de anos ele começou a sentir algo romântico por alguém, mas a mulher por quem ele está apaixonado gosta de seu melhor amigo.
(Livre de spoilers!)
O drama sul-coreano Holo, Meu Amor não decepciona. A história é interessante e trata de temas que não são tão comuns, além de ter interpretações muito boas. Mesmo que você não se interesse tanto pela complexidade de uma relação entre uma humana e uma IA, ainda assim o background dos protagonistas é rico. Ambos tiveram situações muito difíceis em sua infância e carregaram consigo traumas que os tornam livros difíceis de se resumir em apenas uma página.
A evolução da série é boa, dificilmente algum episódio não prende a atenção, mas sem sombra de dúvidas os últimos têm bastantes surpresas e um ritmo mais acelerado comparado aos demais. Se você gosta de séries para maratonar em um final de semana, essa é uma ótima opção.
Mais sobre A-WORLD
Opinião Sincera | See You in My 19th Life
Em See You in My 19th Life, Jieum se lembra de suas vidas passadas. Após a morte precoce na 18ª …
Opinião Sincera | Publishing Love
Publishing Love é um webtoon de comédia romântica escrito por Rosa (Yeondu) e ilustrado por Song Yi. Também conhecido como …