Lançado em 2015, El Abrazo de la Serpiente é um filme de drama que narra a saga de um pajé chamado Karamakate (interpretado por Nílbio Torres durante a juventude e Antonio Bolivar durante a velhice) durante duas linhas temporais: a primeira em 1909, quando ele ajuda um etnógrafo alemão chamado Theo (Jan Bijvoet) e seu assistente Manduca (Yauenkü Migue), um indígena ocidentalizado liberto de uma fazenda de borracha, a encontrarem a rara planta sagrada Yakruna para curar sua doença; e a segunda em 1940, quando acompanha o biólogo americano Evans (Brionne Davis), que busca a planta para poder sonhar e curar uma doença que ataca as seringueiras.
Dirigido pelo relativamente desconhecido Ciro Guerra, esse filme foi a primeira indicação de uma obra colombiana para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Apesar de não ter vencido no Academy Awards, a película ganhou outros prêmios: o Art Cinema Awards do Festival de Cannes, melhor fotografia no Festival da Riviera, e outras nove premiações em festivais internacionais de cinema. Além disso, conta com muitas avaliações positivas: com 7,9 no IMDb, 82 no Metacritics e 96% no Rotten Tomatoes.
El Abrazo de la Serpiente não é uma obra leve, não é uma propaganda turistica das belezas da Amazônia ou romantiza a relação do homem branco com as populações indígenas (como vemos constantemente no cinema). Pelo contrário: é uma obra que escancara a violência que foi, e ainda é, empreendida contra as populações nativas. Denuncia a brutalidade dos fazendeiros que destroem comunidades inteiras para aumentar suas terras e a crueldade da igreja ao converter e esmagar as tradições locais (inclusive as cenas que mostram a ação da Igreja em 1909 e seus resultados em 1940 foram as que mais me marcaram).
Nosso protagonista é um nativo que sofreu essas violências em sua pele: sua tribo foi dizimada quando ele era criança, foi levado para uma Missão Católica e viveu sozinho após fugir dela. Quando velho, ele esqueceu grande parte dos conhecimentos de seu povo. Ao receber de Theo uma fotografia sua, e ao conhecer Evans, Karamakate conta a lenda dos Chullachaqu: espíritos vazios e sem memórias, destinados a vagar pelo mundo presos num tempo sem tempo.
Quando juntamos essa lenda com a história do protagonista, ela apresenta a ideia central o filme: a saga de um homem que busca, ao longo de duas linhas do tempo, se reconectar com suas origens, com o tempo de seu povo e recuperar suas memórias e significações de sua cultura. No mito de criação narrado brevemente por Manduka, uma anaconda desceu das estrelas até o rio e criou as pessoas, dando aí o significado do título: um abraço com a serpente de nossa ancestralidade.
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