Baseado no mangá de Haro Aso, Alice in Borderland é uma série japonesa de suspense que conta a história de Arisu, um jovem gamer recluso e sem muita perspectiva de vida que, juntamente com seus dois melhores amigos, acaba sendo transportado para uma realidade alternativa que é exatamente igual a Tóquio, só que deserta. Os jovens inicialmente acreditam ser as únicas pessoas desse mundo, mas logo encontram outros habitantes e descobrem a terrível regra desse lugar: para permanecerem vivos, são obrigados a participar de uma série de jogos sádicos de sobrevivência.
Alice in Borderland faz diversas referências a Alice no País das Maravilhas e é interessante perceber a similaridade nas obras. Alice em japonês pronuncia-se Arisu — o nome do nosso protagonista, que, tal como Alice, acaba indo parar em uma outra realidade. Uma personagem que aparece na trama posteriormente e se junta ao núcleo principal chama-se Usagi, que significa “coelho” em japonês, representando o papel do “Coelho Branco” da história infantil. O gato de Cheshire é o inteligente, perspicaz e manipulador Chishiya, e tal qual na obra original também temos o Chapeleiro Louco, chamado aqui apenas como Chapeleiro. Além disso, o próprio jogo gira em torno de uma série de cartas de baralho, cada naipe com um significado diferente — o de Copas, por exemplo, indica um jogo de traição que mexe com a mente dos participantes, um dos mais difíceis de conseguir ganhar.
Eu fui assistir a Alice in Borderland por recomendação após terminar Sweet Home e achei que a vibe seria parecida. Admito que eu não tinha muita expectativa, a sinopse não me atraiu muito e por isso demorei um pouco para começar a assistir, mas nossa — esse drama me surpreendeu BASTANTE! Quando eu comecei, eu não consegui parar de ver e maratonei tudo em dois dias. A história te prende de um jeito logo no primeiro episódio que te faz querer saber mais e mais o que acontece a seguir. Os personagens são carismáticos e incríveis, o roteiro é bem elaborado, os jogos que os personagens participam são muito bem construídos e a sequência de acontecimentos nos deixa cada vez mais envolvidos com a história da trama. Vale citar que o J-drama possui 8 episódios na sua primeira temporada, variando de 42 a 53 minutos cada e possui classificação indicativa de 18 anos.
Por falar em jogos, muitas pessoas associam esses jogos a uma espécie de Jogos Mortais em versão japonesa. Eu achei parecido com a ideia dos escape rooms: você tem um objetivo a ser alcançado e precisa desvendar pistas, resolver enigmas ou se utilizar de força/agilidade para resolver os problemas e poder sair do “quarto”, que no caso seria “sair do jogo” com vida. Ganhar os jogos significa sobreviver por mais um tempo, perder os jogos significa morte. E os roteiristas não poupam nosso coração em relação a isso: prepare-se para torcer para que seus favoritos ganhem o jogo, porque o roteirista não tem medo de matar os personagens quando preciso. E que jogos, hein. Você sente a tensão junto dos participantes, se surpreende com eles quando as instruções do jogo são dadas e se impacta com as decisões que os personagens tomam em prol de benefício próprio. É emoção atrás de emoção, o ritmo dos acontecimentos é bem dinâmico e a série garante que nunca ficaremos entediados.
Um dos pontos fortes de Alice in Borderland é a representatividade feminina. Somos apresentados a mulheres fortes, independentes, ambiciosas e determinadas, inteligentes e com uma presença marcante. O J-drama foge do estereótipo de mulheres fracas e dependentes, embora no final apresente uma leve contradição ao apagar um pouco a personagem Usagi em prol do protagonista. Um outro ponto interessante é o fato de as relações de amizade serem bem construídas, servindo como um alívio após alguns momentos de tensão. A gente se apega junto dos personagens, e torcemos para que todos fiquem bem.
Alice in Borderland é um drama dinâmico, com bastante tensão, sangue e mortes. A princípio a sinopse não parece chamar muito a atenção, mas a história que se esconde por trás é definitivamente digna de nota, nos prendendo cada vez mais na trama e nos seus personagens. Os jogos de sobrevivência têm um destaque especial por serem o cerne do J-drama e serem construídos de maneira inteligente, impactando tanto os personagens quanto os telespectadores. A série cai de ritmo nos últimos episódios, ainda que eles sejam importantes para construir os acontecimentos que darão fim a temporada. E, para nossa alegria, Alice in Borderland já foi renovada! Aguardo ansiosamente sua segunda temporada, e espero que vocês também deem uma chance a ela, é realmente uma série que vale a pena assistir.
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