Antes do Pôr do Sol (Before Sunset) é o segundo filme da trilogia Before do Richard Linklater e, diferentemente do primeiro, tem Ethan Hawke e Julie Delpy como corroteristas. O enredo se passa 10 anos depois de Antes do Amanhecer e esse também foi o tempo entre as duas produções. Outra informação legal (eu acho incrível e isso me deixa mais apaixonado pelo filme) é que cada minuto passado no filme corresponde a um minuto na vida real — enquanto no primeiro, em pouco menos de duas horas, temos entardecer, noite, madrugada e amanhecer.
Lançado em 2004, Antes do Pôr do Sol traz o Jesse mais adulto e autor de um livro publicado, porém com o mesmo ar de acreditar no amor apesar de tudo. Em uma coletiva sobre seu livro em Paris, pessoas presentes fazem perguntas e percebemos que ele não encontrou Céline na data combinada de 16 de dezembro, dando um fim para o filme anterior e também nos deixando interessados em saber o que essa nova história nos contará.
Nossa protagonista Céline aparece logo em seguida na mesma livraria, pois, obviamente, leu o livro do homem com quem viveu o amor de uma noite há 10 anos, e essa noite inspirou a obra de Jesse. Logo depois das primeiras perguntas de reencontro, como “o que você anda fazendo?”, “como está a vida?” e coisas assim, os dois entram no assunto que todos querem saber: “o que rolou nesses 10 anos antes de se encontrarem?”. Ele, como um bom romântico, foi ao local combinado no dia e hora combinados, esperou dois dias, mas a Céline não apareceu, pois sua avó tinha morrido um pouco antes.
Após as conversas sobre como as vidas deles mudaram em uma década, podemos ver como em certos períodos mudamos nossa forma de ver o mundo e/ou mantemos uma parte de nossa essência. Ela se tornou mais realista e ele, mais sonhador. Jesse e Céline chegaram a morar na mesma cidade, porém em momentos diferentes. Tão perto e tão longe. Arrisco a dizer que talvez não tenha um dia em que eles não tenham pensado um no outro, pois eles não superaram o que aquela noite poderia ter trazido para vida deles. Quantas vezes a gente se pergunta “e se?”? Acho que esse é mais um tema importante desse filme, que nos faz refletir sobre as possibilidades.
Os dois preservam a mesma fluidez e leveza na conversa, apesar de agora trazerem à tona as preocupações dos 30 e poucos anos. Viver um relacionamento porque realmente ama ou por estar preso às responsabilidades? Jesse questiona relacionamentos e fala sobre a falência deles e essa fala tem uma grande influência da vida pessoal do ator, pois ele estava vivendo crises no seu relacionamento e logo depois do lançamento do filme anunciou sua separação. A Céline mostra muito sentimento reprimido, evitando entrar em temas mais emocionais, até que em uma das cenas ela explode e solta 300 palavras por minuto com tudo o que sente naquela situação, o que dá uma aflição enorme. Nessa mesma sequência, acontece uma das minhas duas cenas preferidas desse filme: ela hesita em tocar nele por medo ou receio de criar uma conexão ou não saber exatamente como fazer isso.
Eles se questionam se são personagens dos sonhos de uma senhora que lê as mãos deles em Antes do Amanhecer. O que é engraçado, pois o primeiro filme traz um ar de sonho e liberdade que esse perde um pouco. Antes do Pôr do Sol é mais realista e flerta menos com essas abstrações, pois agora os dois são adultos com responsabilidades e não podem mais se jogar num encontro amoroso como da primeira vez.
Antes do Pôr do Sol também tem um final aberto. Somos capazes de subentender o que vai acontecer, apesar de isso não ser explicito em tela. A cena final é a minha preferida desse filme e talvez da série como um todo (rivalizando com a cena da cabine do filme anterior). Após mostrar uma música que compôs sobre a noite de 10 anos atrás, eles se encaram sorrindo. O Jesse tem que pegar um voo para voltar aos EUA em pouco tempo, mas entendemos que ele não vai.
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