Satoru Fujinuma, 29 anos, é aspirante a mangaká e trabalha como entregador de pizza. Ele também tem a capacidade de voltar alguns minutos no tempo para impedir que algo ruim aconteça, uma habilidade que chama de “revival” (ou “revivescência”). Quando sua mãe, Sachiko, é brutalmente assassinada dentro de casa e Satoru é incriminado, ele se vê em um revival que o leva de volta dezoito anos. Um mês antes de começar uma série de desaparecimentos e assassinatos de crianças na cidade em que morava.
As memórias que ele tanto enterrou, de colegas desaparecidos e um amigo que não foi capaz de salvar, precisam ser revividas para descobrir o que realmente aconteceu naquela época. Agora com onze anos novamente, mas com a cabeça e a memória de quase trinta, ele precisa ser rápido e esperto o suficiente para salvar a mãe, as crianças e o amigo.
Erased, também conhecido como Boku dake ga Inai Machi (“a cidade onde só eu não existo”), é um anime de mistério baseado no mangá de mesmo nome, escrito e ilustrado por Kei Sanbe. Dirigido por Tomohiko Itō (Sword Art Online) e escrito por Taku Kishimoto (Haikyuu!!), ele conta com 12 episódios de 20 minutos, transmitidos originalmente entre janeiro e março de 2016.
Erased é, principalmente, um suspense. Há um assassino à solta, que Satoru deve identificar e deter antes que, mais uma vez, seja tarde demais. Mas, em essência, é também uma história sobre amizades, relações humanas e acreditar nos outros — o que pode parecer curioso, visto que o protagonista é muito fechado e diz que precisa “fingir” se importar com outras pessoas. Ele leva a vida sem muito entusiasmo, sem sentir que pertence, e esse sentimento é reconhecido quando se aproxima de dois colegas que sentem a mesma coisa. Um deles é o gênio Ken’ya Kobayashi; o outro é a excluída Kayo Hinazuki, que se torna o primeiro alvo do assassino em série.
Aliás, um dos pontos mais positivos da obra é ter ótimos personagens: o grupo de amigos, a mãe, o amigo repórter, a amiga do trabalho, o professor, além de outros que aparecem só lá na frente, então seria um pouquinho de spoiler mencionar. Na minha opinião, Sachiko e Ken’ya são os que mais brilham.
A ferramenta do revival é um recurso útil para comparar duas versões do mesmo momento, e isso acontece várias vezes ao longo da história, mas a comparação também vem de outras formas. Através da interferência de Satoru na vida de Kayo, Erased acaba pondo lado a lado duas famílias radicalmente diferentes, ambas lideradas por mães solo, mas uma acolhedora e uma abusiva. Isso é até o que torna a situação extremamente pessoal para Sachiko. E talvez seja essa uma das mensagens que a obra tenta passar. Embora as circunstâncias muitas vezes sejam as mesmas, as pessoas ao nosso redor e as nossas próprias atitudes fazem uma diferença enorme entre um resultado positivo e um negativo.
O anime de Erased é mais sucinto que o mangá no início: o primeiro episódio adapta de forma simplificada o primeiro volume do mangá. Perde-se detalhes, mas é compreensível, afinal era preciso condensar esses acontecimentos ali para ter o mesmo efeito no espectador. Falando da perspectiva de alguém que antes viu o anime e só depois viu as outras adaptações e leu a obra original, os detalhes não fazem falta naquele contexto a não ser que você tenha lido. Funciona muito bem.
Aliás, embora tenha seus defeitos, o anime quase inteiro é uma adaptação fiel do mangá, mas que ainda respeita bem o novo formato. Com apenas uma exceção…
Os próximos parágrafos contêm spoilers.
Antes, falemos sobre os defeitos. Erased não apresenta muitos suspeitos para o grande mistério, de modo que a revelação acaba ficando óbvia para muita gente. Há apenas dois possíveis obstáculos para não matar a charada logo no começo: primeiro, não querer acreditar que seja aquilo (o meu caso quando vi pela primeira vez, em 2016); segundo, a questão da mudança de nome do personagem.
Quanto às diferenças do final, todo o plano desenvolvido por Satoru e Ken’ya para o confronto, embora funcione, parece um pouco corrido. Isso acontece, inclusive, porque esta adaptação de Erased sofre do mesmo mal que a adaptação cinematográfica de Scott Pilgrim contra o Mundo, que é ter sido feita antes da conclusão da série original. Faz falta um pouco mais de desenvolvimento. Mas talvez isso não fique tão evidente se você estiver vendo o anime pela primeira vez sem ter lido o mangá nem visto as outras adaptações.
Fim dos spoilers.
É um anime bem feito, que consegue cumprir boa parte do que promete e tem ótimos personagens, mas perde um pouco do brilho se você já tiver lido o mangá. Os doze episódios de Erased foram exibidos originalmente entre janeiro e março de 2016 na Fuji TV. Hoje estão disponíveis na Crunchyroll e na Netflix.
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