Caso você goste de musicais ou de k-pop, talvez valha dar uma chance a Imitation, drama musical baseado na webtoon de mesmo nome, que conta com vários idols no elenco.
Imitation acompanha a vida e rotina dos grupos SHAX, Tea Party e Sparkling e da solista La Lima em certo ponto de suas carreiras. Além disso, busca lentamente revelar alguns mistérios do passado, que culminaram na morte de uma trainee e no desaparecimento de um integrante da SHAX há três anos.
SHAX é o maior grupo masculino do momento, com fãs obcecadas e todo tipo de projeto acontecendo. Parte disso se deve ao talento de Kwon Ryok (Lee Jun Young), seu maior astro, que está começando a investir na carreira de ator. Mas falta alguém. Eunjo (Chani, do SF9) fazia parte do grupo, mas desapareceu no meio de um show e ninguém sabe o que aconteceu.
Com o desaparecimento, o empresário da SHAX se demite e abandona temporariamente a carreira no entretenimento. Ele resolve tentar de novo quando conhece Lee Ma Ha (Jung Ji So, de Parasita), Shim Hyun Ji (Im Nayoung) e Yu Ri Ah (Minseo). As três formavam o grupo Omega III, que foi desfeito no dia de seu lançamento devido à morte de uma ex-integrante, e recebem uma nova chance ao conhecer o empresário. Agora chamado Tea Party, o grupo fará de tudo para crescer.
O melhor amigo de Ma Ha, Lee Yoo Jin (Yunho, do ATEEZ), faz parte do quarteto Sparkling. Ele também é apaixonado por ela. Quando Ma Ha começa a se aproximar de Kwon Ryok através de alguns projetos de atuação, ele começa a ficar mais ambicioso, querendo atuar também e fazer com que a Sparkling seja maior que a SHAX.
Nos três anos entre o encerramento da Omega III e a criação da Tea Party, Ma Ha ficou conhecida como uma espécie de cover da solista La Lima (Jiyeon). Lima não acha a homenagem nada interessante e, inicialmente, não acredita que Ma Ha mereça seu respeito. Mas, com o tempo, isso vai mudando e ela acaba ensinando muito à colega mais nova com sua atitude e presença.
A minha primeira impressão de Imitation foi: elenco jovem interessante, elenco “adulto” composto por vários homens iguais tramando coisas confusas. Como são várias empresas, vários grupos e vários empresários, é mais difícil diferenciar quem é quem a princípio, mas a partir do segundo episódio já fica mais fácil — e já dá pra entender o que eles tanto tramam.
As linhas principais da história se dividem entre o relacionamento pessoal dos idols (em especial dos protagonistas Ma Ha e Kwon Ryok), suas vidas profissionais e o mistério do passado. O que, exatamente, aconteceu para que Eunjo desaparecesse no meio de um show? Quais foram os fatores que levaram à morte de Annie?
Logo de cara, um defeito é que Ma Ha e Ryok parecem ser os dois personagens menos interessantes. Demora um pouco para se afeiçoar a eles, especialmente ao Ryok, que é grosseiro o tempo inteiro. Ma Ha é mais carismática e muito mais fácil de gostar, mas sua cara semipermanente de sofrimento complica um pouco as coisas. É possível abstrair essas coisas com o tempo se você se envolver com a história, como foi o meu caso.
Algumas coisas podem parecer fora do lugar ou até absurdas para quem acompanha um pouco mais da indústria do k-pop. Geralmente são detalhes específicos que acontecem em episódios mais avançados, então seria spoiler comentar. Além disso, não é exatamente minha especialidade. Imagino que boa parte do estranhamento seja porque o drama acaba prezando mais pela mensagem que quer passar do que pelo “realismo”. Imitation ainda toma algumas liberdades em relação à webtoon, sendo uma das principais a fama de Ma Ha, que originalmente não seria a mais requisitada da Tea Party. Teria sido até mais crível seguir com a popularidade de Hyun Ji, que acaba ficando de lado no drama em prol da protagonista.
De fato, os personagens secundários chamam mais atenção que os protagonistas. Gosto muito de La Lima, Hyun Ji (Tea Party), a duplinha Do Jin e Hyuk (ambos da SHAX), os talentosos Ri Ah (Tea Party) e Lee Hyun (SHAX), o empresário Ji Hak e, obviamente, o preterido Yu Jin (Sparkling). Ou seja, basicamente todo mundo. Alguns são o alívio cômico, outros são personagens fofos e outros falam o que estamos todos pensando. Mas a relação de Ma Ha e Ryok é, no presente, a mais essencial para construir a mensagem principal que Imitation quer passar.
Através do relacionamento entre um idol no seu auge e uma colega iniciante, da competitividade entre grupos e das amizades entre eles, parece que o drama se propõe a trazer uma crítica a certos aspectos da indústria do k-pop, mas com uma mensagem esperançosa. Até a resolução do último episódio, você ainda se questiona no que tudo aquilo vai dar, mas, olhando a obra como um todo, é essa a impressão que fica. Me vêm à mente agora todos os “escândalos de namoro”, a onda de casos de suicídio por depressão e até a rivalidade entre trainees (assunto principal do livro Shine, da ex-SNSD Jessica Jung). Namorar nesse meio, por exemplo, é considerado um escândalo por ser um tabu enorme e há poucos artistas que assumem relacionamentos e não perdem suas carreiras. No drama, essa visão é personificada nos sasaengs, um tipo de fã obcecado que costuma invadir a privacidade do ídolo de forma extrema. A Ma Ha, mesmo quando mal conhece o Ryok, é hostilizada e perseguida pelas sasaengs da SHAX, que parecem incapazes de ver o mal que seu comportamento faz aos próprios ídolos que dizem amar.
E o que Imitation está dizendo é, basicamente: “dá pra parar?”.
Como era de se esperar de um bom musical, a trilha sonora de Imitation é composta principalmente pelas músicas de seus grupos e solistas fictícios. Todas elas estão disponíveis nos serviços de streaming, até as colaborações que os personagens fizeram uns com os outros em um episódio específico. Talvez a Tea Party já esteja entre os meus grupos fictícios favoritos — acompanhada de bandas como School of Rock e The Clash at Demonhead e de tudo que a Riot Games inventa.
Mas o drama foi um passo além, promovendo os artistas em programas de TV como se fossem grupos “reais”:
Pode não ter sido o melhor drama do ano, nem ultrarrealista, mas Imitation consegue entregar o que se propõe e brilha na trilha sonora. Os personagens secundários roubam a cena, em especial La Lima, que poderia dar conta de um spin-off próprio. Foi bem divertido de acompanhar nesses quase três meses e a grande apresentação final foi impecável e emocionante.
Os doze episódios de Imitation foram exibidos, um por semana, entre 7 de maio e 23 de julho de 2021. Todos estão disponíveis com legendas no Viki.
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