Miracle é uma história leve sobre sonhos e amizade, mas pode não agradar quem busca o romance que é prometido na divulgação.
Lee So-rin (Kang Min-ah, de True Beauty) é uma estudante de ensino médio e sonha em ser idol de k-pop, como seu ídolo Luice (Chani, do SF9). Sua vida muda drasticamente ao sofrer um acidente a caminho de um evento de fãs: ela é atropelada e sofre uma lesão que a deixa com um zumbido no ouvido. Isso torna incômodo o treinamento para ser idol, e So-rin desiste do sonho, passando a atuar nos bastidores. Alguns anos depois, seu principal trabalho é gerenciar o grupo N/S, do qual seu melhor amigo Min Si-woo (Hwiyoung, também do SF9) faz parte. Ele gosta dela desde sempre, mas não tem coragem de dizer nada.
Luice mora no exterior e volta para a Coreia para fazer uma parceria com Si-woo, que vem se destacando em projetos solo e dentro do grupo. O N/S superou Luice em popularidade naquele momento, o que faz com que ele se sinta deixado para trás e tenha certo ciúme — ele também é bem metido, intensificando a forma como age nessas situações. Até So-rin, cuja vida girava em torno do ídolo, também o deixou um pouco de lado. E eles são forçados a conviver um com o outro após Luice sofrer um golpe e todos os seus bens serem apreendidos pela Receita Federal.
Parte da premissa de Miracle não tem nenhuma grande inovação, particularmente em kdramas centrados no mundo dos idols. Ainda gira em torno de uma mocinha determinada, um melhor amigo com medo demais de dizer que gosta dela, e um mocinho famoso e metido. Mas o drama é feito de uma forma bem competente, com um elenco jovem e promissor — incluindo idols da vida real — e surpreende no final, o que pode ser encarado como algo bom ou ruim.
Através da convivência com So-rin e Si-woo, Luice vai lentamente se abrindo e se acostumando a ter amizades normais. Ele passa por um certo exercício de humildade por ser obrigado a deixar de lado a vida de luxo e ficar mais recluso. Também descobre que é capaz de conquistar a amizade e o afeto das pessoas, e de se importar com elas, simplesmente sendo quem é. A relação dele com os pais de So-rin é divertida de acompanhar e uma das melhores do drama.
Mesmo que não seja mais uma fã obcecada, e sim uma profissional competente do ramo, So-rin também se abre e se sente em paz na convivência com Luice — por mais difícil que ele seja no começo. Até o zumbido que ela sente no ouvido passa a diminuir. Já Si-woo e Luice enfrentam dificuldades porque ambos percebem que têm uma certa rivalidade por So-rin. Os dois têm interesse nela, mas ela não demonstra o mesmo por nenhum deles e se mantém, acima de tudo, como profissional competente e amiga leal. E, com o apoio dos dois e um empurrãozinho da chefe (a sempre excelente Hwang Bo-ra), começa a considerar investir novamente na vida de trainee.
A implicância divertida e um tanto boba entre o trio de protagonistas faz com que Miracle seja um drama muito leve. Os episódios não demoram a passar e a companhia deles garantiu um sorriso no rosto toda semana. Parte do público, no entanto, se decepcionou com o final e algumas escolhas do roteiro. Era esperado que essa fosse a reação, mas ainda funcionou para mim.
Explico nos próximos parágrafos com alguns spoilers.
Ao longo dos últimos episódios, tensões que foram construídas aos poucos com personagens secundários culminam em alguns momentos mais sérios. Através desses arcos, o drama fala sobre tópicos como inveja, determinação e a importância da comunicação no trabalho. Ele explora levemente a dor de ver o seu sonho ser tirado de você, colocando em oposição So-rin e outra personagem, que processam essa informação e agem de formas completamente diferentes.
Embora essas questões pudessem ser abordadas com mais profundidade, a mensagem ficou clara e os momentos pesados provavelmente foram usados dessa forma para não tirar a leveza do drama. Mas parte da audiência pode sentir como algo raso e desnecessário, que destoa do resto e acaba muito rapidamente.
Outra questão que pode não agradar em Miracle é a resolução do romance, já que não existe um desenvolvimento romântico, embora o drama seja categorizado assim. Ao longo de todo o drama, Luice e Si-woo demonstram o interesse deles da forma mais ineficaz (e engraçada) possível, que é brigando entre si. Obviamente, os dois não conseguem esconder isso de ninguém, exceto do próprio alvo do interesse. Mas, mesmo quando descobre que eles gostam dela, So-rin escolhe não investir em nenhum deles e priorizar sua carreira e o bom relacionamento com ambos. E a mensagem final que os três passam cantando juntos é de lealdade e parceria acima de tudo. De que ela não está sozinha na busca por seus sonhos. Ainda assim, é um final aberto o suficiente para você preencher por conta própria da forma que preferir.
É anticlimático para uma comédia leve que também foi vendida como um romance? Sim. Mas é coerente com o desenvolvimento da própria protagonista, além de ser uma mensagem bonita. E, pelo que o próprio Chani falou em uma entrevista, parece que um dos motivos de nada ser desenvolvido é o fato de eles serem todos funcionários da mesma empresa. Em situações assim, alguém pode acabar perdendo o emprego, então foi escolhida uma abordagem um pouco mais realista nesse aspecto. É uma abordagem oposta à de Imitation, por exemplo.
Se você estiver buscando um drama leve com momentos engraçados, Miracle pode ser uma boa companhia. Recomendo evitar expectativas com o romance. É melhor concentrar a atenção nas mensagens sobre amizade, lealdade, parceria, e acreditar nos seus sonhos. Sinceramente? Em 2022, estamos precisando.
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