Ultimamente tenho tido pouquíssimo tempo para me dedicar a filmes e séries, por isso tenho sido bem criterioso quanto ao que dedico meu precioso tempo livre. E a saga Narcos, pelo menos até a temporada passada, valeu cada segundo despendidos nela. Mas será que ao chegar em sua 2º temporada da parte México, e cercada de polêmicas, ainda vale a pena? É o que discutiremos.
Recentemente tem sido notável que a Netflix mudou a direção do seu navio, buscando mais qualidade ao invés de quantidade em suas produções, muito pelo seu maior objetivo no momento que é ganhar os maiores prêmios da indústria do entretenimento, como o Oscar, Globo de Ouro, Emmy, etc. Principalmente porque a Netflix quer se provar cada vez mais como um dos grandes players do mercado e, para isso, ela tem que mostrar que produz como gente grande e estabelecida no mercado. É por isso que temos visto uma chuva de produções canceladas, e a Netflix não tem tido o menor pudor em enxugar o seu catálogo para focar nas produções de maior qualidade. Então se a saga Narcos chegou a sua 5º temporada (a 2º da parte México), é porque tem dado ótimos resultados, não só financeiros, mas de críticas também. Com isso estabelecido, vamos ao que interessa.
Sim, a 2º temporada de Narcos: México é muito boa, e digo isso sem muita enrolação, pois não tem muito o que discutir sobre isso. Pois, a cada temporada, a série preserva ótimos elementos e adiciona à receita personagens cada vez mais complexos, roteiros bem amarrados e tramas que nem parecem que estamos falando de uma peça baseada na vida real. E é justamente no fator “baseado em fatos reais”, que a receita de Narcos fica mais gostosa. Quem acompanha a série com certeza já se pegou pesquisando sobre a vida de Pablo Escobar, ou dos personagens reais que basearam os da ficção. Mas nessa temporada isso é mais latente, pois é mostrada a formação dos principais cartéis e traficantes mexicanos, os quais até hoje escutamos no noticiário, como o cartel de Sinaloa e o narcotraficante “’El Chapo”. Por diversas vezes, me peguei pausando a série para pesquisar sobre essa geopolítica dos cartéis, a divisão de fronteiras, desdobramentos de conflitos territoriais e as consequências na política e na vida dos mexicanos. E fazer essas pesquisas é uma parte essencial da experiência ao assistir Narcos, pois só através disso, você começa a ter noção da proporção das ações e do poder dos personagens da série, refletidos na vida real.
Toda essa curiosidade que a série gera nas pessoas talvez tenha sido calculada pelos produtores da série, pois essa temporada, como falei anteriormente, começa a explicar a formação dos vários cartéis, a origem dos conflitos, como e por que chegou a esse ponto, enfim, toda a geopolítica da coisa. Mas nada disso é aprofundado, pois se a série parasse pra explicar cada minúcia dessas relações, talvez perdesse o ritmo e ficasse muito extensa. Então o que os roteiristas fizeram? “Ok, a gente não vai entrar em detalhes sobre isso, vamos te mostrar que isso existe, e o resto fica como você, telespectador”. E isso é FANTÁSTICO, é como se a ficção interagisse com a vida real, e não o contrário. E uma prova disso, é que muitos acusam a série de gerar simpatia com os narcotraficantes da vida real, muito por causa dos personagens caricatos e boas atuações presentes nela, mas que são obviamente uma adaptação pra que se tornem mais atrativos ao público. A vida real é um pouco mais dura que a ficção, as milhares de mortes geradas pelos cartéis todos os anos, é só a ponta do iceberg de todo o problema.
E sim, Narcos: México, tem muito conteúdo pra trabalhar, ainda há muito espaço pra outras temporadas, e ao final desta, a série deixa isso bem claro, através do discurso final do narrador (você vai lembrar de mim quando ver). Tudo o que nos é introduzido nessa temporada, é só o começo de algo que dura até os dias de hoje, e isso gera uma curiosidade enorme. É como estar dentro da história. Então, fica aqui minha forte recomendação pra essa série fantástica. E quando tiver no Google pesquisando sobre os cartéis e achar alguma matéria interessante, me manda, ultimamente tô quase um repórter especialista em narcotráfico. Sim, graças a Narcos.
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