Lançado em 2013, Antes da Meia-Noite (Before Midnight) é o terceiro e último filme da trilogia Before do Richard Linklater. Da mesma forma que o segundo filme, esse se passa 10 anos depois dos acontecimentos anteriores. Confesso que, entre os 3, é o que eu menos gosto. Céline e Jesse agora estão casados, moram na França e têm duas filhas gêmeas. Jesse largou tudo e foi morar com o amor da vida dele em Paris. No entanto, não é tão simples assim.
Jesse tem um filho que mora em Chicago com a mãe, com quem ele estava se relacionando nos eventos de Antes do Amanhecer. Porém, vamos abordar isso em outro momento. O casal que encontramos, depois de dois filmes nessa expectativa (finalmente veio aí), é um casal real, com questionamentos dos mais simples e mundanos. Abandonando de vez o lado “mundo dos sonhos”, presente de forma muito clara no primeiro e de forma mais leve no segundo filme. Pela primeira vez, temos outros personagens com falas expressivas e mais do que respostas a perguntas diretas dos protagonistas.
Num desses diálogos, o Jesse descreve seu próximo livro e reconhecemos o enredo como sendo o segundo filme da trilogia. Em outras conversas se debate sobre como a tecnologia tem mudado a forma de amar e ver os relacionamentos. Como as coisas serão daqui a uns anos? Bem, estamos vivendo esse momento.
Nesse ambiente menos utópico, os protagonistas entram em diálogos sobre felicidade e trabalho, questionando as posições e deveres um do outro perante os filhos e perante o relacionamento. Céline continua cética quanto ao amor, apresentando sempre o medo de se machucar ao entregar sentimentos, enquanto Jesse está menos sonhador. Eles se questionam se, caso se encontrassem hoje em dia, iriam se apaixonar um pelo outro ou não, ou como eles estariam com 80 anos. Essas reflexões nos fazem ver como as prioridades mudam com o tempo: eles não são os mesmos e se preocupam com isso. Porém, a meu ver eles estão muito próximos ao que eles eram quando estavam juntos, mas menos tolerantes com as diferenças e, talvez, se eles fossem iguais, o relacionamento não teria durado o tanto que durou.
Atenção! O parágrafo a seguir contém alguns spoilers.
O final de Antes da Meia-Noite é o mais fechado dos três, dialogando diretamente com a sequência da obra. Após uma grande discussão, eles se afastam por alguns minutos. Logo depois, ele vai atrás dela e busca de uma forma levemente bem-humorada trazer o assunto de reconciliação — e eles acabam assim, sentados numa mesa de um restaurante, conversando e mostrando que mesmo os casais mais apaixonantes podem discutir. Quem imaginaria que um casal de jovens de 25 anos que se apaixonaram em um trem ia acabar discutindo sobre como e quando eles deveriam se mudar ou como deveriam cuidar dos filhos?
Apesar de trazer à tona questionamentos relevantes sobre a vida, futuro, tecnologia e relacionamentos, Antes da Meia-Noite foi o “pior” filme da trilogia. O tom mais realista sobre a vida e os relacionamentos faz perder toda a magia do primeiro, e que ainda vemos em partes do segundo. Esse pé no chão me faz pensar “será que vamos todos perder a magia do amor?”.
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