Ao fim de sua quarta temporada, This is Us se consolida como uma das séries mais aclamadas por público e crítica nos últimos anos. São primorosos o roteiro, as atuações, a escolha de elenco, a trilha sonora e a forma como tudo é sempre perfeitamente amarrado — sempre deixando espaço para uma nova surpresa.
This is Us já me chamou a atenção antes do lançamento por causa do elenco principal. Quase todos os protagonistas de todos os núcleos eram atores conhecidos dos quais já gostava por outras séries, e pelos quais me encanto mais a cada episódio.
A série de Dan Fogelman fala sobre a vida, contando a história de quatro pessoas que fazem aniversário no mesmo dia e começando em seus respectivos aniversários de 36 anos, em momentos decisivos de suas vidas. São elas:
- Jack (Milo Ventimiglia), casado com Rebecca (Mandy Moore), que está grávida e prestes a dar à luz. Jack é o tipo de pessoa que faz as coisas acontecerem e de quem todos gostam, é completamente apaixonado pela esposa (bom, ela É a Mandy Moore) e já deixa evidente desde o início que vai ser um personagem bem “paizão”.
- Randall (Sterling K. Brown) é um executivo rico e bem-sucedido que acaba de encontrar seu pai biológico, William (Ron Cephas Jones), que o abandonou recém-nascido. Randall é casado com Beth (Susan Kelechi Watson) e tem duas filhas fofíssimas, Tess (Eris Baker) e Annie (Faithe C. Herman).
- Kate (Chrissy Metz) quer mais do que tudo perder peso, mas sempre se sabota e acaba se sentindo pior. Ela está começando a frequentar um grupo de apoio, onde conhece o divertido Toby (Chris Sullivan), mas não quer se envolver com alguém que não vá ajudar na lenta e difícil jornada da perda de peso.
- Kevin (Justin Hartley) é o famoso protagonista da série de comédia The Man-ny, onde interpreta um babá e é obrigado a passar o tempo inteiro sem camisa. Cansado do trabalho vazio e de não poder mostrar do que é capaz, ele se demite, em um surto de integridade artística, mas sente medo de ser uma fraude e de esse ter sido o ápice de sua carreira como ator.
Até aqui, a conversa nem passou do episódio piloto. A proposta da série é explorar as conexões que podem existir entre essas pessoas, e isso vai se desenvolvendo ao longo dele e ao longo da história.
A partir daqui, o texto vai conter spoilers do que se revela no primeiro episódio, mas só nele.
Sério, volte aqui só quando tiver passado dele.
This is Us está disponível no Prime Video da Amazon, então é só clicar aqui pra começar. Também está disponível na Fox Premium.
Eu avisei.
A forma como os pontos se ligam e como a verdade sobre a família Pearson é mostrada já fazem do primeiro episódio um dos melhores — se não o melhor — que já vi. Obviamente, a revelação não responde muita coisa, só nos enche de novas perguntas e de curiosidade em relação ao que os levou até ali. Desde o piloto, This is Us já instaura o ótimo e péssimo hábito de revelar algo que nos enche de perguntas ao final de um episódio.
Felizmente, as perguntas sempre são respondidas. Nem sempre tão rapidamente quanto gostaríamos, mas sempre são respondidas, e sempre de uma forma bonita, complexa e bem amarrada. O roteiro constrói paralelos entre o passado e o presente, e mais adiante com pedaços diversos do futuro também, revelando novos mistérios à medida que os anteriores vão sendo solucionados.
Coisas que todo fã ou mero espectador de This is Us já se perguntou ao menos uma vez: “como essa pessoa morreu?”; “o que aconteceu naquele lugar?”; “por que essa pessoa age da forma que age?”; “Fulano não está presente em tal momento?”; e, mais importante, “será que essa cena é mesmo o que parece ser?”. Esta, aliás, foi a minha dúvida pessoal em vários momentos da quarta temporada, a mais recente, que é cheia de idas e vindas. Raramente algo é o que parece ser, e a equipe por trás da série brinca e subverte nossas expectativas o tempo inteiro — o que é perfeito.
Como já deve parecer pelos próprios arcos que os personagens mostram no primeiro episódio, há muitas conversas que podem ser tiradas da série. Racismo, obesidade, adoção, fama e integridade são só alguns dos vários temas. This is Us fala de família e memória, de expectativas e saúde mental, de luto e vício, de segredos e histórias de amor épicas, tudo isso com sensibilidade e realismo.
Os personagens são complexos de verdade, e nos apegamos a eles porque parecem as pessoas que amamos: imperfeitos, e perfeitos nessa imperfeição. Temos vontade de bater em todos eles às vezes, mas, na maior parte do tempo, o que temos é vontade de abraçar, dizer que vai ficar tudo bem… e mandar fazer uma terapia. Todo ator do elenco principal tem ao menos uma grande chance de brilhar, mas, se Sterling K. Brown e Mandy Moore não estiverem ganhando todos os prêmios existentes, algo não está certo.
A personagem de Mandy, aliás, é talvez a que mais cresce ao longo da série. No começo, é natural que fique apagada atrás de Jack, figura de paizão que Milo Ventimiglia traz à vida com maestria, mas com o tempo eu comecei a sentir que é, na verdade, em torno dela que as coisas giram. Ou talvez que seja ela que faz as coisas girarem, não sei.
Por último, mas não menos importante, não é possível falar de This is Us sem falar de dois personagens do núcleo de Randall que são meus favoritos: a esposa Beth e o pai biológico William. O arco de William é extremamente triste, e ele é um personagem tão carismático que ganha seu carinho em dois segundos de cena. É comum chorar em todos os episódios da série, mas as cenas de William costumam ser mais pesadas pra mim. E Beth é uma força da natureza, simplesmente. A relação deles dois, que a princípio é de grande desconfiança, logo se torna uma das melhores da série.
É raro encontrar uma série que se supere tanto assim a cada episódio e não tenha um momento ruim sequer, mas foi isso que encontrei aqui. Eu nem me sinto capaz de fazer jus a This is Us com qualquer texto que seja, mas, mesmo assim, não podia deixar de falar dela. Como já diria Rony Weasley em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, “você vai sofrer, mas vai ficar feliz por isso”. Você vai chorar, rir, ficar sem ar… e amar cada segundo.
Serão, ao todo, seis temporadas, e agora, ao fim da quarta, a série parece tão nova quanto era no começo, com apenas uma diferença: agora, os personagens parecem fazer parte da nossa própria família. Parecem um pouquinho com nós mesmos, também. Somos nós.
Mais sobre SÉRIES
Puxadinho Cast #110 | One Piece (Netflix)
A Netflix finalmente lançou a adaptação em live action de One Piece. Em meio a desconfianças, a série conseguiu superar …
Puxadinho Cast #108 | BBN Especial: Indicados Emmy 2023
Neste Beyblade News especial, nós comentamos os indicados do Emmy 2023 e quais são nossas expectativas para essa premiação. Dá …