Apesar de não ser o seu forte, vez ou outra conseguimos ver a DC se sobressaindo e acertando em seu universo cinematográfico. Isso pode ser visto, por exemplo, na trilogia Superman, em Mulher Maravilha e, novamente, em Aquaman. Não, antes que comecem a falar, não estou criticando Batman Vs Superman ou Liga da Justiça, apenas cito que são filmes que contém erros simplórios que a DC já poderia ter resolvido e que, apesar de serem bons, não são o suficiente para emplacar como alguns de seus outros títulos ou até mesmos de sua concorrente, Marvel. Mas, como disse, a bola da vez está em comentar um dos seus atuais acertos, Aquaman, que vem para mostrar que falar com peixes talvez não seja um poder tão inútil assim.
[possíveis spoilers abaixo]
Brincadeiras à parte, inicialmente somos apresentados a uma breve história contextualizando a origem do Aquaman. Ela é narrada pelo próprio e conta como seus pais se conheceram. Atlanna, rainha e fugitiva de Atlântida, após ser escolhida para um casamento forçado, resolve fugir e acaba se machucando ao ser perseguida. Em meio a uma tempestade, ela é encontrada por um faroleiro que resolve acolhê-la, dando início, assim, ao amor que resultou no nascimento do nosso herói. Já com Arthur (Aquaman) nascido, Atlântida manda alguns guerreiros novamente em busca de Atlanna, que resolve retornar para a cidade para poder dar segurança à sua família na superfície. Anos passam e é mostrado um pouco mais do crescimento de Arthur, onde aparece uma das cenas mais legais do filme, no oceanário, onde o garoto descobre seus poderes. A cena por si só é de arrepiar e já demonstra a qualidade do CGI e da atmosfera do longa.
Logo após, somos mandados para os tempos atuais, após os acontecimentos de Liga da Justiça. Durante um roubo de piratas a um submarino russo, onde já conhecemos um dos vilões mais famosos do herói, Arraia Negra, (que, convenhamos, foi muito mal aproveitado). Conhecemos ele antes de se tornar realmente o vilão dos quadrinhos e sua origem até a cria uma certa empatia conosco. Uma pena que, ao longo do filme, simplesmente esqueceremos dela. Vemos também que Arthur, ou Aquaman como já é conhecido, se tornou bastante famoso e continua ajudando pessoas e salvando vidas, principalmente nos mares.
No submarino é mostrado bem mais do potencial do herói e a cena usa e abusa de takes que mostram o quão foda o herói é (apesar de exagerar e se tornar repetitivo em certas partes), mesmo assim, dá uma ótima introdução ao filme. Depois vemos Arthur retornando para o cais, se reencontrando com seu pai e saindo para um “passeio”. Aqui é importante contextualizar dois pontos, o filme soube trazer um sentimento de família muito forte vindo do herói, e humanizá-lo bastante mesmo nas cenas iniciais, e parte disso vem do fator cômico que é muito utilizado, tal fator aparenta ser um pouco clichê e pastelão, mas funciona bem principalmente com a reviravolta ao final da cena no bar.
A trama tem seu real início após sermos apresentados a Mera, atual rainha de Atlântida e noiva de Orm Marius, real vilão do filme. Mera tenta buscar Arthur para assumir seu lugar no trono, pois percebe a iminência de uma guerra entre seres marítimos e terrestres. Arthur inicialmente mostra-se relutante em aceitar o convite de ir para Atlântida, principalmente ao sabermos o que aconteceu com sua mãe (assista e descubra). Porém, depois de alguns acontecimentos, ele se vê obrigado a aceitar e a real aventura começa, onde a dupla, juntamente a Vulko, conselheiro real, buscam o tridente do rei, uma arma que confere ao portador a capacidade de controlar os sete mares, para que, assim, Arthur possa recuperar o seu direito ao trono.
O filme engloba diversos temas, um deles é a conspiração existente no reino para atacar a superfície, assunto bem recorrente principalmente em algumas HQ’s e animações do nosso herói. Demonstra também um pouco mais da fragilidade de Arthur e é nesse ponto que temos um grande destaque. Todos já estavam esperando um Aquaman praticamente imbatível e assustador, o que é normal quando se tem Jason Momoa atuando, ainda mais depois das apresentações que tivemos nos filmes e trailers anteriores, porém aqui conseguimos o contrário, vimos um grau de humanidade e empatia bem grande no personagem, principalmente por sua preocupação com o reino terrestre (mais ainda de Arthur por ser mestiço). E essa humanidade faz com que o filme consiga se sustentar e trazer um diferencial.
Também temos a evolução do relacionamento do herói com Mera, algo que também já é conhecido pelos fãs de longa data. Mera inicialmente não liga tanto assim para os terrestres, tendo bem mais empatia por ser uma rainha diplomática e não tão ligada a guerras. Isso vai mudando conforme ela conhece esse mundo novo e se apaixona por suas diferenças e seus seres (inclusive pelo herói que ela tanto buscou). Vale ressaltar que esse relacionamento também vai gerar diversas cenas divertidas, como a cena do deserto. Vale assistir para ver.
As batalhas marítimas também conseguem ser extraordinárias. Os efeitos utilizados não são os melhores já vistos no cinema, mas conseguem fazer brilhar os olhos, principalmente nas cenas de exploração do oceano. Todos os personagens também tiveram seu momento para brilhar, tanto os efeitos dos guerreiros e suas armas e armaduras quanto os poderes de outros personagens como Mera. Todos conseguiram um brilho extra na tela, principalmente ao final do filme. A trilha sonora também é muito boa, combinando principalmente com as cenas mais agitadas e tensas.
Por fim, é muito importante lembrar: eu sou fã e eu quero service. Críticas à parte, achei que conseguiram desenvolver bem, inclusive, a clássica e vergonhosa roupa laranja e verde do Aquaman. A substituição do colã pela armadura foi muito boa. Claro, não passava a mesma seriedade e imponência que a roupa anterior, mas, mesmo assim, conseguiu trazer aquele sentimento de nostalgia, principalmente para os que já acompanhavam o herói desde cedo. Por isso, recomendo o filme fortemente e espero logo poder ver também Momoa como Aquaman, empunhando seu gancho no lugar de sua mão, já que o ator é incrivelmente parecido principalmente com o Aquaman da animação da Liga da Justiça, uma das animações mais incríveis criadas pela DC.
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