No último sábado (22), a banda sergipana de blues-rock, The Baggios, lançou no teatro Atheneu seu mais recente trabalho, o álbum intitulado Vulcão. O CD, que é o quarto disco lançado pela banda, mostra maturidade e a possibilidade de uma nova vertente a ser seguida pelo trio. Iremos falar abaixo um pouquinho sobre esse álbum que, com certeza, já pode ser considerado o melhor trabalho da Baggios até aqui.
The Baggios é uma banda formada em meados de 2004 na cidade de São Cristóvão, interior de Sergipe. A banda, que era uma dupla até pouco tempo atrás, (hoje formada por Julio Andrade na guitarra e voz, Gabriel “Perninha” na bateria e Rafael Ramos nos teclados) sempre transitou entre o rock sessentista, o blues e o garage rock. Além disso, a Baggios sempre fez questão de fazer um rock aberto, pra frente, sem frescura. E isso vem da então formação de somente guitarra, voz e bateria.
O que encontramos em Vulcão é a efetivação sonora do que é uma banda de rock brasileira de verdade. A impressão que se dá é que o disco todo é uma colcha de retalhos costurada com sons regionais nordestinos, marchinhas de carnaval, funk, MPB, ritmos africanos, R&B e hip hop; cobrindo uma cama muito bem montada com o tradicional rock e blues da banda. O trio conseguiu juntar o que de melhor é encontrado de estilos essencialmente brasileiros, com seu som original: E o disco se tornou uma coisa linda.
Em comparação com os últimos álbuns do trio Sergipano, Vulcão conseguiu mostrar uma profundidade e uma sensibilidade sonora diferente de tudo o que a banda já produziu. A Baggios conseguiu introduzir metais, cordas e percussão em quase todo o álbum. E com essa orquestração e arranjos impecáveis, além das doses de regionalismo do disco, é que a banda conseguiu uma guinada sonora a partir deste CD. Isso tudo acompanhado de participações da cantora Céu e do Baiana System.
Existem alguns momentos expressivos no álbum, Caldeirão das Bruxas que mostra já de cara a ideia regional proposital que o disco traz e Espada de São Jorge, que lembra muito Tim Maia e seus primeiros álbuns na década de 70 – é claro, com a soma do som da Baggios.
Conseguimos ouvir a orquestração do álbum em Em Si Menor, a psicodelia em Vermelho-Rubi, o velho blues em Samsara e a marchinha dançante de manifestações folclóricas de Sergipe em Limaia, até atingir o ápice sensorial em Bem-te-vi. Essa faixa é uma das mais lindas do disco e é cantada em parceria com Céu. Aqui é vislumbrado o clímax sensitivo do trio neste álbum. O sotaque arrastado de Julio – que canta rock o disco todo – contrasta unicamente com a guitarra e baixo dessa canção, que fala de um alento e empatia da dor na despedida. Com tudo isso, o disco fecha com um temático folk homônimo do álbum.
The Baggios é a esperança de que o rock brasileiro é sim diferente de tudo que a gente ouve por aí afora e que pode sim unicamente sofrer o mais belo sincretismo que o nosso país pode oferecer. Se eu pudesse definir esse álbum em uma frase seria: The Baggios está na crista do que é ser uma banda de rock brasileira.
Ouça o disco completo aqui: smarturl.it/baggiosvulcao
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