Lançado em 1962, Freud: The Secret Passion, traduzido para o português como “Freud: para Além da Alma”, é uma película de teor pseudobiográfico que foi dirigido por John Huston e produzido por Wolfgang Reinhardt. Nele, acompanhamos a trajetória do jovem Sigmund Freud (interpretado por Montgomery Clift) ao longo de alguns anos de sua vida, acompanhando suas descobertas sobre o inconsciente.
O filme apresenta a visão médica da questão da histeria, onde viam a histérica como uma mulher fresca que mentia para poder não trabalhar, pois não havia nenhum problema em seu organismo. Além disso, nos é mostrado o panorama da medicina durante o final do século XIX: vemos uma forte dualidade entre a produção científica de Viena e de Paris, onde os cientistas austríacos, com influências positivistas, possuíam um certo desprezo pela visão “metafísica” dos estudos franceses. Essa dualidade é colocada em prática pelas figuras do Dr. Meynert (Eric Portman), que acredita que se existirem forças ocultas na mente, elas devem ficar trancadas; e pelo Dr. Charcot (Fernand Ledoux), que buscava entender e tratar as histéricas e os neuróticos através da hipnose.
Após conhecer o Dr. Breuer (Larry Parks) e estudar em Paris, vemos Freud iniciar seus estudos sobre hipnose como forma de tratamento, porém enfrentando diversas dificuldades, como a descrença de seus colegas quanto à eficácia de suas técnicas e os sintomas que voltavam aos seus pacientes depois de um tempo. É então que o filme nos apresenta o caso de Cecily (Susannah York), uma jovem que não consegue andar nem enxergar.
A histeria de Cecily é aqui colocada como o grande ponto para o desenvolvimento de duas das mais famosas teorias freudianas: a primeira sendo o uso da Livre Associação de Ideias como forma de buscar os “Atos Falhos” (trocar nomes e palavras) de nossa mente e a Teoria das Fases Psicossexuais da Infância, em especial, o Complexo de Édipo. O mais curioso é que nunca existiu tal paciente, ela aqui representando um compilado de casos estudados por Freud.
O filme vai até 1890, quando Freud apresenta sua teoria para a comunidade científica e é ridicularizado pelo moralismo dos seus colegas, onde acontece sua cisão com seu antigo colega Dr. Breuer. Apesar de não aprofundar nas teorias psicanalíticas apresentadas, nem se estender ao ponto de mostrar outras ideias freudianas como Tópicos do Aparelho Psíquico ou interpretação de sonhos, essa película nos dá uma boa introdução em noções mais gerais do fundador da Psicanálise. Como é colocado logo no início, as descobertas de Freud foram tão impactantes para nossa compreensão da humanidade quanto as de Copérnico no século XVI e de Darwin em 1859.
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