A Gente Se Vê Ontem (See You Yesterday) é um longa-metragem de 2019 dirigido por Stefon Bristol, produzido pelo brilhante e premiado Spike Lee e escrito por Fredrica Bailey e Stefon Bristol. Produção original da Netflix, o filme conta a história de dois jovens estudantes do ensino médio que fazem uma máquina do tempo para apresentar na feira de ciências. Durante o final de semana que precede a feira, porém, acontecem alguns fatos que os levam a usar a máquina para mudar o passado.
No começo do filme, somos apresentados a C.J. Walker (Eden Duncan-Smith) e Sebastian Thomas (Danté Chichlow), dois jovens do Brooklin. Os amigos estudam no Bronx e trabalham juntos em experimentos de Física avançada, visando ganhar bolsas universitárias. O experimento deles nada mais era do que uma mochila com um equipamento que permitia voltar no tempo. Você pode estar pensando “ai meu deus, mais um filme de viagem no tempo”, mas calma. Tem viagem no tempo, porém esse salto temporal é utilizado para tratar de um assunto completamente atual.
O primeiro teste funcional dá à dupla a possibilidade de entender mais ou menos como as regras do salto temporal funcionam. Você deve ter cuidado com suas atividades durante a volta no tempo, pois elas podem impactar o futuro. Entendemos isso desde a trilogia De Volta para o Futuro que é lembrada com um easter egg bem legal no começo da narrativa. Outra regra que eles devem respeitar é que eles só podem ficar 10 minutos no passado, não mais que isso.
Com isso, somos apresentados ao motivo de haver viagem no tempo e aos agravantes dessas regras. O irmão da C.J., o Calvin (Brian Bradley), é assassinado em uma abordagem de policiais brancos, após um assalto no qual ele não estava envolvido, no feriado de quatro de julho. A dupla então vê a possibilidade de usar a máquina do tempo para tentar reverter esse assassinato, sendo que o irmão da C.J. é inocente.
Começamos então a ver aqui os assuntos de que o filme realmente trata. Temos, de cara, a representatividade, que é absurdamente importante atualmente, na dupla de protagonistas negros. Os dois fazem parte de uma comunidade de negros, latinos e refugiados, e o destaque maior é da personagem feminina, o que me agrada muito. Porém a principal dessas questões é o preconceito e racismo institucionalizado na polícia. Ele sim é bem escancarado, e é abordado desde o primeiro ato, quando citam a morte de um outro jovem do bairro que foi assassinado por policiais.
Felizmente – ou infelizmente, dependendo da sua visão –, o final é deixado em aberto. Eu particularmente achei o final incrivelmente significativo e reflexivo. Quem gosta de finais redondos, porém, não vai encontrar nesse filme. A volta no tempo serve como mecanismo para abordar as questões raciais presentes no nosso cotidiano. A narrativa mistura drama, ação, aventura e ficção cientifica. A Gente Se Vê Ontem é um prato cheio para quem quiser apenas assistir a um filme legal, mas um banquete para quem quiser ver questões mais profundas sobre preconceito tratadas de uma forma mais prática.
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