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A Voz do Empoderamento (Gangubai Kathiawadi, 2022) é um longa-metragem indiano, dirigido e coescrito por Sanjay Leela Bhansali, e vagamente baseado na história real de Gangubai Kathiawadi, cuja vida está documentada no livro Mafia Queens of Mumbai, escrito por S. Hussain Zaidi. Na trama, acompanhamos a trajetória de Ganga, moça de uma boa família de advogados, que foge com seu namorado para perseguir o sonho de se tornar atriz de cinema, mas acaba sendo enganada por ele e vendida para um bordel na cidade de Bombaim (atual Mumbai).
O diretor Sanjay Leela Bhansali é conhecido por ser bastante extravagante com seus cenários e estética, e em A Voz do Empoderamento não foi diferente: ele até construiu um bairro cenográfico para as gravações do filme. Bhansali sempre coloca uma purpurina de glamour em seus filmes — fator estético que eu particularmente mais amo em sua direção. Há uma decoração muito cuidadosa, hiperestilizada, quase parecendo um lugar mágico, que aqui contrasta com um enredo trágico, violento e marginalizado.
A atriz protagonista Alia Bhatt está esplendorosa no papel. Confesso que fiquei bastante receosa com sua escalação, pois esperava alguma atriz mais velha, mas ela soube muito bem iniciar Ganga para depois ascender Gangubai como uma fênix, com seus olhos hipnotizantes. Sanjay Leela Bhansali sempre obtém esse feito em suas atrizes: os olhos transparecem suas almas.
As cenas de musicais são visualmente belíssimas, e o número musical Shikayat é o meu preferido, mas na questão fonográfica achei o resultado muito inferior ao que prometeu, com músicas bem esquecíveis. Apesar de não serem ruins nem atrapalharem o caminhar do filme, sinto que o longa merecia algo mais memorável, comparando com as trilhas sonoras de outros filmes do diretor.
Também senti que faltou profundidade ao roteiro, mesmo com 2 horas e 30 minutos de duração. Arrisco dizer que, se o filme tivesse mais 30 minutos, eu não sentiria essa falta de conexão com a história. Devo agradecer a Alia Bhatt por me convencer de sua força e de seu cansaço só com o olhar, mas não é suficiente. Gangubai é uma personagem de muito carisma e cheia de bagagem. Ficamos curiosos sobre sua trajetória e a das pessoas que a cercam, que a desafiam, mas alguns personagens entram e saem de cena como se fossem descartáveis. O roteiro erra em não criar bases iniciais para inserir seus conflitos e encerra todos eles de maneira básica e sem a devida emoção, o que culmina em uma aparência meio desleixada, perdendo o peso que a história precisa ter.
Eu estava muito ansiosa para ver A Voz do Empoderamento, já que Sanjay Leela Bhansali é um dos meus diretores favoritos da indústria indiana. Somado a isso, um enredo relativamente inédito em sua filmografia apresenta uma mulher em um papel principal, o que é bastante difícil de acontecer no cinema indiano. Apesar de o filme não cumprir com as minhas expectativas, foi uma experiência emocionante, e conseguiu me prender mesmo com o roteiro parecendo incompleto. Alia Bhatt fez o que foi combinado e de quebra, com seu carisma e olhinhos castanhos, conseguiu preencher um pouco das lacunas do roteiro — Sanjay Leela Bhansali prova que os olhos são mesmo a janela da alma.
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