Dickinson (2019) é uma série norte-americana criada por Alena Smith e conta a história da escritora Emily Dickinson, interpretada pela atriz e cantora Hailee Steinfeld. Comecei a ver acreditando que seria uma série biográfica ambientada no século XIX com seus vestidos longos e seus trajes rebuscados, tudo muito típico, mas fui surpreendida. (Tem uns spoilers leves por aqui, ok?)
Uma parte tinha tudo isso sim, mas o que mais me surpreendeu foi a maneira como algumas metáforas eram inseridas ao longo da narrativa. Era de maneira tão agressiva que a personagem conseguia, literalmente, conversar com a metáfora — como no caso da Morte, interpretada pelo rapper Wiz Khalifa, que aparece caracterizado exatamente com o visual moderno que tem hoje.
Imagina só a surpresa ao ver algo assim. No início, isso me gerou certo desconforto e estranheza, o que acredito ter sido exatamente a intenção dos produtores. Eu não soube dizer, em diversos momentos, o que era real e o que era apenas um devaneio. A trilha sonora moderna e extremamente atual — que incluía uma canção da própria Hailee — também tratou de deslocar qualquer espectador. Ainda assim, é uma trilha muito boa.
Além disso, os personagens têm comportamentos que provavelmente não seriam aceitos de forma tão explícita para a época, como aconteceu quando Austin (Adrian Enscoe), irmão de Emily, se vestiu de Desdêmona durante um ensaio de Otelo.
Afora toda a estranheza — e não foi pouca — que a produção me causou, ter assistido a essa série me ofereceu a oportunidade de conhecer, ainda que superficialmente, a obra de Dickinson. Prometo que mergulharei mais nesse universo depois. Quem sabe não rola uma Opinião Sincera dos poemas, não é mesmo?
O romance entre Emily e Sue Gilbert (Ella Hunt) é um pouco conturbado. Sue se casa com o irmão de Emily — tudo em família, né —, então elas passam a ser cunhadas e se afastam um pouco. O que achei mais interessante nesse sentido foi que, ainda que amasse Sue de forma genuína, Emily se envolveu com alguns homens em vez de passar a narrativa inteira sofrendo por sua amada inalcançável, como geralmente ocorre.
Mesmo com todos os percalços e a distância entre elas durante bastante tempo, o amor entre elas não morreu. Confesso que me senti meio desconfiada pela mudança de personalidade que a Sue mostrou, mas, se a Emily está feliz, está tudo bem.
Dickinson é uma série interessante que, acredito, buscou fazer exatamente o que os poemas da escritora fizeram na época: expandir a mente de quem lê/assiste e apresentar novos pontos de vista. A série tem, hoje, duas temporadas com dez episódios de até 30 minutos cada, é bem rápida de ver, prende a atenção e a terceira temporada já está por vir. Confesso que não faço ideia do que esperar da terceira temporada, mas estarei na expectativa.
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