Um filme que não foi feito para todos, mas que, certamente, arranca algum sentimento de qualquer pessoa. Grave (Raw) é um longa franco-belga dirigido e escrito por Julia Ducournau e lançado em 2017, que nos conta como a jovem Justina (Garance Marillier), caloura universitária, descobre, nesta nova fase da sua vida, alguns desejos — bizarros — adormecidos.
O que esperar de filmes onde jovens calouros conhecem a universidade em que ingressaram? Trotes que ultrapassam os limites, muito consumo de bebidas alcoólicas, drogas e iniciação sexual, nada mais ordinário que começar um filme assim. Contudo, o primeiro trote que Justine precisou enfrentar vai totalmente de encontro com a sua filosofia e estilo de vida. Ela, vegetariana convicta, deveria comer fígado cru — de algum animal que não me recordo — como parte da sua iniciação no curso de medicina veterinária. Ficando na mão dela escolher: comer e se integrar no ambiente universitário ou recusar e ser excluída?
Obviamente, ela acaba cedendo, o que é bom para a narrativa, mas nada bom para ela e para quem assiste. A partir daí o filme começa a ganhar contornos de um drama com pitadas (grandes) de horror.
O assunto central a partir deste momento é a descoberta da protagonista por um desejo animal de consumir carne… humana. Tudo isso desaba sobre ela com um misto de horror, medo, desejo, vontade, entre outras consequências, inclusive físicas.
Para o espectador, que nesse momento do filme já está, ou deveria estar, desnorteado com as cenas um tanto bizarras, é impossível não se espantar com cenas tão viscerais, aterrorizantes e cruas. Precisei fechar os olhos em alguns momentos, porque simplesmente não dava pra ver.
Apesar desse desconforto durante todo o filme, eu acabei gostando. Até porque o objetivo principal é causar todo esse desconforto, acredito eu. Entendo que cada filme tem seus objetivos artísticos. O de Grave é te fazer sentir coisas realmente muito incômodas.
Então fica a dica. Se você não tem muito estômago, esse filme definitivamente não é para você. Mas se você, como eu, vive um misto de curiosidade e terror, vale muito a pena. Qualquer coisa, faça como eu: fecha o olho rapidão e continua como se nada tivesse acontecido…
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