How to Be Thirty é um drama sul-coreano de 2021. A história, inspirada na webtoon Something about 30: Born in 85, mistura comédia, romance e slice-of-life, acompanhando a vida de três amigas que estão entrando na casa dos trinta anos.
Seo Ji Won (Jung In Sun), a protagonista de fato, é autora de webtoons e muito bem-sucedida. Sua vida sai um pouco dos eixos quando um namoradinho da infância, Lee Seung Yoo (Kang Min Hyuk), reaparece e os dois percebem que talvez se gostem. Enquanto isso, eles também devem trabalhar junto com o exigente diretor Cha Do Hoon (Song Jae Rim) para adaptar uma das webtoons de Ji Won. As outras duas amigas são Lee Ran Joo (Ahn Hee Yeon), antiga âncora de TV que agora é locutora de rádio, e Hong Ah Young (Cha Min Ji), dona do café onde o trio costuma se reunir. Cada uma tem suas próprias crises: Ah Young tem um ex-namorado tóxico que precisa superar e Ran Joo fica com um cara mais novo sem saber.
O desenvolvimento desse drama é meio que uma bagunça e talvez tenha flashbacks demais, mas os episódios são curtinhos, a história é gostosa de acompanhar e o final foi o melhor que podia ser. Pelo que li por aí, parece ter adaptado bem a webtoon de Hyewon. Para o bem e para o mal, são só quinze episódios de vinte minutos, então não fica cansativo, mas pode ficar um pouco raso.
Entrando nos spoilers leves: a principal causa dessa bagunça toda em How to Be Thirty é que Seung Yoo tem uma namorada. O drama até faz um suspense em relação a isso, pois Ji Won tem essa suspeita quando começa a sair com ele. Dando um pouco de crédito ao Seung Yoo, ele vai atrás da namorada Lee Hye Ryeong (Kim Ji Sung) e pede o término assim que percebe que está se envolvendo com outra, mas ela não aceita. Ainda faltou transparência da parte dele e veio um pouco tarde. Embora tenha pedido o término, esse arco acabou virando uma questão meio chata de rivalidade feminina por um homem. E ele não é responsabilizado por isso.
Além disso, a personagem da Ah Young é quase completamente esquecida no churrasco. O arco relacionado ao ex-namorado dura pouquíssimo tempo e ela mal aparece na tela em relação às outras duas amigas. Um ponto positivo é que a pouca história que ela tem acaba sendo mais relacionada ao âmbito profissional que ao sofrimento pelo relacionamento. Hyung Joon Young (Baek Sung Chul), o cara mais novo com quem Ran Joo fica (e que depois namora), passa a trabalhar no café e também se torna uma amizade importante para Ah Young.
Bom, o que acontece é que Ran Joo e Joon Young roubam completamente a cena em How to Be Thirty. É compreensível. Essa é uma história curta que tem a difícil tarefa de fazer com que o espectador se “interesse” por um protagonista que trai a namorada, além de criar alguma expectativa com o interesse amoroso secundário da protagonista — o diretor, que pouco aparece no início. Enquanto isso, o carisma, a química e a falta de complicação do casal de amigos chamam atenção naturalmente. Eles são parceiros, se gostam muito e não têm a menor vontade de enganar ninguém. E, sem grandes enrolações no relacionamento em si, mesmo se conhecendo há pouco tempo, eles podem desenvolver outros arcos, como suas vidas profissionais, com muito apoio um do outro. Muita gente chegou a comentar que os dois eram a única coisa que valia a pena ver no drama.
Entrando nos spoilers mais profundos e no final: essa talvez tenha sido a única vez em que torci para a protagonista acabar com um interesse amoroso secundário ou sozinha — exceto naquela decepção que foi Was It Love?, da Netflix. Em pouquíssimo tempo de tela, Do Hoon convence muito mais que Seung Yoo fez em todo o drama. E, nesse aspecto, o final de How to Be Thirty funcionou: um traidor sozinho, alguns recomeços e um futuro melhor subentendido.
Algo do final que não funcionou para muita gente, pelo que vi em comentários por aí, foi uma certa conversa que Ji Won teve com Hye Ryeong. É uma conversa sobre culpa. O que mais incomodou foi que as duas não parecem, em momento nenhum do drama, atribuir a culpa ou responsabilidade da traição ao Seung Yoo. Somente uma à outra ou a si mesmas. E, de fato, é incômodo. Mas não é inverossímil.
Talvez seja uma resposta automática se diminuir ou se culpar ao ser vítima de uma traição, assim como é mais fácil culpar a terceira pessoa por “estragar” um relacionamento que estava “indo bem”. Não acho que a conversa delas tenha a pretensão de ser tão desconstruída ou de mostrar a perspectiva que achamos ser a “certa”. Essa conversa só acontece porque as duas precisam de uma espécie de encerramento. E porque a Ji Won enxerga na Hye Ryeong algo que ela mesma sentiu há um tempo — essa culpa e desvalorização — e tem o cuidado de tentar fazer com que não passe pela mesma coisa. Eu já acho que há algo de positivo aí.
Fim de todos os spoilers.
How to Be Thirty não foi perfeito, entre personagens deixadas de lado, flashbacks e um homem muito chato nunca responsabilizado por seus atos. Foi um pouco bagunçado. Mas a pretensão dele é contar uma história sobre certo momento da vida de três amigas, o que cumpre direitinho. Até porque a vida é mesmo uma grande bagunça. As três protagonistas têm questões profissionais e pessoais, evoluem ao longo da narrativa e funcionam bem juntas. E o final amarra tudo que precisa.
O drama do KakaoTV tem 15 episódios de cerca de 20 minutos. Todos estão disponíveis com legendas em português no Viki.
Mais sobre A-WORLD
Opinião Sincera | See You in My 19th Life
Em See You in My 19th Life, Jieum se lembra de suas vidas passadas. Após a morte precoce na 18ª …
Opinião Sincera | Publishing Love
Publishing Love é um webtoon de comédia romântica escrito por Rosa (Yeondu) e ilustrado por Song Yi. Também conhecido como …