É assim que o mundo termina. Pela última vez.
Três coisas terríveis acontecem em um único dia: Essun volta para casa e descobre que seu marido assassinou brutalmente o próprio filho e sequestrou sua filha. Sanze, o poderoso império cujas inovações têm sido o fundamento da civilização por mais de mil anos, colapsa frente à destruição de sua maior cidade pelas mãos de um homem louco e vingativo. E, no coração do único continente, uma grande fenda vermelha foi aberta e expele cinzas capazes de escurecer o céu e apagar o sol por anos. Ou séculos.
Mas esta é a Quietude, lugar há muito acostumado à catástrofe, onde os orogenes — aqueles que empunham o poder da terra como uma arma — são mais temidos do que a longa e fria noite.
E onde não há compaixão.
Em A quinta estação somos apresentados à Quietude, um continente no qual a terra está constantemente se transformando e, consequentemente, se tornando inóspita para os seus habitantes. Porém, como isso é uma constante em suas vidas, as pessoas já estão preparadas para os momentos em que isso acontece.
A premissa do livro, contudo, é de que esta Estação — como são chamadas as mutações da terra — será como nenhuma outra vista antes, e potencialmente acabará com a humanidade.
Ao mesmo tempo em que isso está acontecendo no cenário macro, no micro acompanhamos Essun, uma mãe que chega em casa para encontrar seu filho brutalmente assassinado e sua filha desaparecida. Assim como a perspectiva de alguns outros personagens, cujo livro vai alternando em seus capítulos.
Conforme vamos nos aprofundando na história, vamos começando a entender o real funcionamento desse mundo. Pois, apesar de termos essa premissa, o livro é extremamente confuso a princípio, por se tratar de um universo novo, do qual nada sabemos. Até as palavras usadas são próprias do mundo no qual o livro se passa, a exemplo de sensar, comu, comedor de pedra, nome de uso, Costa-forte, rogga, entre outras. Com muitas dessas expressões, só aprendemos o seu sentido ao vê-las sendo usadas repetidamente em vários contextos.
Uma dica é que ao final do livro há um pequeno dicionário explicando os seus significados — que eu só descobri, bem, ao final do livro, depois de muito ter lutado para entender as expressões pelo contexto. Porém, fica a ressalva de que, mesmo com esse pequeno dicionário, muitas coisas só vão fazer sentido no decorrer da leitura, conforme vamos entendendo o modo de funcionamento desse universo. O que cada ação, comportamento, e até as palavras significam.
Por conta dessa falta de entendimento, em alguns momentos a leitura fica um pouco frustrante, mas garanto que compensa. Quando todos os pontos começam a se encaixar e, de repente, todas aquelas peças soltas formam um quebra-cabeça perfeitamente montado é extasiante. Aproximadamente depois de pouco mais da metade, a leitura começa a ganhar ritmo, e ao final do livro nos encontramos sedentos pelo próximo.
Portanto, deixo a recomendação e advirto que não se deixem desencorajar pelo início um pouco confuso. Afinal, geralmente o primeiro livro de uma série que se passa em um universo diferente é mais introdutório para montar o cenário para que os outros engatem na história propriamente dita.
Não foi à toa que cada um dos livros da série A Terra Partida — A quinta estação, O portão do obelisco e O céu de pedra — ganhou um Hugo Award.
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