A Netflix deu um tiro certeiro com esta produção francesa de tirar o fôlego. Produzido por Alexandre Aja, Oxigênio (Oxygèn, no original em francês) foi lançado em 12 de maio de 2021. O filme de suspense e ficção científica aborda de forma brilhante o isolamento social e a pandemia da Covid-19, além de nos fazer refletir sobre o futuro da humanidade em meio a tudo isso.
Uma mulher sem memórias, vivida por Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios), acorda atordoada dentro de uma cápsula criogênica (uma câmara utilizada para congelar seres vivos, normalmente em estado terminal, com o intuito de reanimá-los no futuro) e percebe que o oxigênio da cápsula está diminuindo e que não tem muito tempo de vida. Tudo o que ela tem é MILO (na voz de Mathieu Amalric), a inteligência artificial que responde às suas perguntas e realiza procedimentos médicos e técnicos da máquina. Então, ela luta para reconstruir suas memórias e se libertar da cápsula, obtendo de MILO informações sobre si mesma e tentando pedir ajuda.
Ela começa a ter flashbacks de um hospital lotado, pessoas de máscara, seu parceiro doente…. e vai aos poucos entendendo quem ela é e como foi parar na cápsula de criogênese. Mas esse mistério é só a ponta do iceberg, o que nos leva a mais e mais questionamentos e muitas reviravoltas impressionantes. O suspense é muito bem executado, deixando o espectador vidrado e se perguntando: será que ela vai sair dali? Será que isso é mesmo possível de acontecer?
Quase 100% do filme ocorre apenas dentro da cápsula, havendo apenas breves momentos em outros ambientes através dos flashbacks da protagonista. Mesmo com o cenário limitado, o roteiro é extremamente dinâmico e marcante, o que diz muito da qualidade do roteiro e produção de arte audiovisual.
A sensação de falta de ar é transmitida ao espectador de forma genial pela claustrofobia característica do ambiente, pela contagem regressiva da porcentagem de oxigênio e pela atuação maravilhosa de Mélanie Laurent. Ela passa muito bem seu estado de alucinação e ao mesmo tempo sanidade, o que faz com que ela e nós — do outro lado da tela — nos questionemos a própria realidade. São quase duas horas de agonia e tensão, prendendo a atenção do início ao fim, sem falar no suspense incrível. Só de lembrar para escrever aqui, já fico ansiosa.
Há inspirações fortes em Contra o Tempo (Source Code, 2011), um filme do mesmo gênero e igualmente interessante estrelado por Jake Gyllenhaal, mas sem parecer uma refilmagem de uma mesma história. Vale lembrar que Mélanie já atuou com Jake em O Homem Duplicado (2013), um filme do tipo “explode neurônios”. A escolha de Mélanie para Oxigênio não poderia ser melhor.
Oxigênio é um filme tenso e que toca num tema muito sensível atualmente, que é a pandemia da Covid-19. Aos poucos, ele vai trazendo o surto de infecção viral e o colapso social e sanitário que a civilização está enfrentando, o que me deixou muito reflexiva e até preocupada. A luta pela vida e para manter a sanidade, o sofrimento generalizado, pouco contato humano, solidão e medo… é exatamente o que estamos vivendo agora, e o que nos move é o suporte tecnológico e a esperança de que tudo voltará ao que era antes. É exatamente disso que se trata o filme e recomendo muito.
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