Se você leu minha opinião sincera sobre Rua do Medo: 1978 – Parte 2, lembrará que falei sobre talvez termos uma reviravolta em Rua do Medo: 1666 – Parte 3, o que, de fato, tivemos. Todavia, admito que não imaginei que seria uma reviravolta da dimensão que tivemos. Mas falaremos disso mais para a frente.
Rua do Medo: 1666 – Parte 3, já chama a atenção pelo fato de o ano ser 1666, o qual, ao ser composto por três seis, remete diretamente ao “número da besta”, segundo a crença cristã. Tendo a ver ou não com o número da besta, esse é o ano em que se inicia a maldição de Shadyside. É simbólico então pensar que é nesse mesmo ano que se inicia a maldição de Shadyside.
A terceira parte da trilogia tem início de onde parou o segundo filme, com Deena sendo transportada para as memórias de Sarah Fier, no século XVII, onde ela vive com seu irmão Henry (Benjamin Flores) e seu pai, George Fier (Randall P. Havens), nos arredores do que se tornaria, posteriormente, Shadyside. Estamos então agora em uma colônia como qualquer outra, com famílias aproveitando o máximo do campo e suas dádivas.
Um dos pontos interessantes é que temos a volta dos atores dos filmes anteriores da trilogia, como Julia Rehwald, Sadie Sink, Olivia Scott, McCabe Slye, entre outros. Eles interpretam aqui outros personagens, como Kiana Madeira, que interpreta Deena em Rua do Medo: 1994 – Parte 1, e aqui, em Rua do Medo: 1666 – Parte 3, interpreta Sarah Fier. A volta desses atores faz com que tenhamos a sensação de familiaridade e nos conectemos com o longa já no início.
Contém spoilers a partir daqui!
A grande reviravolta começa quando damos conta de que Sarah Fier não é uma bruxa. Longe disso. Ela é “apenas” uma mera apaixonada e a sua bruxaria foi se apaixonar por sua amiga Hannah em pleno século XVII – não que hoje seja visto de forma muito diferente por algumas pessoas. Quando acontecimentos estranhos ocorrem e são vinculados a uma possível maldição/diabo, a acusação recai para Sarah Fier e Hannah (Olivia Scott), sendo ambas acusadas de bruxaria. Mas, como se essa reviravolta já não fosse o suficiente, temos outra. Se a causadora da maldição sobre Shadyside não é Sarah Fier, quem é?
Começamos a busca incessante do autor e descobrimos que é nada mais que Solomon Goode (Ashley Zukerman), que detinha completa confiança de Sarah, sendo uma das pessoas mais próximas dela. Essa reviravolta me pegou totalmente desprevenida, principalmente por ele ser a única pessoa que demonstrou apoio para Sarah em um primeiro momento, além de aparentemente ser totalmente cético em relação à maldição.
Com o embate iniciado entre Sarah Fier e Solomon Goode, temos então finalmente o conhecimento acerca de como começou a maldição sobre Shadyside. Foi fruto exclusivamente da sede por poder de Solomon Goode, que faz um pacto com o diabo para conseguir ter o que quer em troca da vida de uma pessoa, citada por ele no ritual e marcada permanentemente na pedra, assim sendo usada pelo diabo em uma matança de moradores de Shadyside. Esse conhecimento é passado de geração para geração na família Goode, perpetuando assim a prosperidade da família e de Sunnyvale em cima do sofrimento de Shadyside.
Então, Solomon, para ter seu segredo salvo, entrega Sarah Fier como então autora dos acontecimentos, o que ela confessa para que Hannah não tenha que ser enforcada com ela. No entanto, antes do enforcamento, ela promete que a verdade o perseguirá e um dia ela será capaz de acabar com tudo.
Ao voltarmos para 1994 com Deena e Josh, temos outra reviravolta que o telespectador mais atento já conseguiu notar desde o início do filme: Nick Goode é descendente de Solomon Goode. O nosso doce Nick, que foi o amor de Ziggy em 1978, é o responsável pela morte de Tommy Slave.
Temos, então, grandes reviravoltas na última parte da trilogia, além de explicações do porquê de estarem perseguindo Sam, se ela não tinha tido seu nome colocado na parede e era, agora, moradora de Sunnyvale. Ela viu Sarah Fier ao sofrer o acidente, portanto o segredo da família Goode estava comprometido. A maldição ficou comprometida.
O paralelo entre a relação de Sarah Fier e Hannah e a de Deena e Sam faz com que a história produza uma tragédia maior. Além disso, apesar de a relação delas ser um plano de fundo, a forma que o enredo faz o contraponto indireto dessas relações torna mais dolorosa até mesmo a morte de Sarah Fier – nada no filme me impactou mais que a morte dela, admito.
O plano de fundo se estende até mesmo para o terror, quesito em que Rua do Medo deixou bastante a desejar, mesmo tentando construir um pouco de horror psicológico nessa parte final da trilogia. Mas, apesar disso, Rua do Medo: 1666 – Parte 3 entrega um ótimo desfecho para trilogia. A regressão no tempo permitiu que a tensão fosse prolongada no enredo do longa, assim como imergir em todo o mistério que cerca Shadyside e seus moradores. Fica a dúvida, tendo em vista o final, se haverá uma continuação. A diretora já deixou claro que tem a intenção de criar um universo de Rua do Medo, então aguardemos.
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