Em plena década de 1970, numa época em que correr na Fórmula 1 significava arriscar a própria vida, dois pilotos se destacavam. Porém esse destaque não se dava apenas por suas vitórias, mas principalmente por serem muito diferentes e alimentarem uma das maiores rivalidades da história do esporte, algo que os motivava a desafiar a própria morte. Seus nomes eram James Hunt e Niki Lauda.
Rush – No Limite da Emoção é um filme de 2013 dirigido por Ron Howard (O Código da Vinci) e que conta uma história baseada em acontecimentos verídicos. Sua produção foi tão bem recebida pelo público que muitos acreditavam que haveria alguma indicação ao Oscar, o que não aconteceu. Porém não posso negar que, mesmo tendo assistido ao filme alguns anos depois, ainda assim fiquei bastante impressionado com ele e com o esforço que tiveram para fazê-lo ser um sucesso.
Esse esforço é evidenciado primeiramente pela contratação de Chris Hemsworth para viver o piloto James Hunt, o que daria boa visibilidade ao filme, visto que na época o ator começou a ter bastante destaque na pele do Thor. Em segundo, algumas das composições foram feitas por Hans Zimmer, compositor das trilhas de grandes filmes, como A Origem e a trilogia O Cavaleiro das Trevas. Além disso, foi importante contratarem Daniel Brühl (Bastardos Inglórios) para viver o rival de Hunt, Niki Lauda, e consultarem o próprio Niki na produção do longa. Sem contar que o próprio diretor já tinha experiência com obras biográficas (Uma Mente Brilhante).
Com essa “fórmula”, se Rush não ganhasse nenhum Oscar, ao menos uma boa bilheteria ele conseguiria — o que de fato ocorreu. Entretanto, apenas o sucesso de cada um desses elementos no passado não garantiria um bom filme. Por isso, a obra contou não só com atores conhecidos, mas com boas atuações. Chris esteve bem no seu papel: ainda que interpretando um personagem impulsivo e fanfarrão, ele se manteve em uma posição bastante confortável. Já Daniel teve uma atuação que me chamou bastante a atenção, especialmente pela personalidade peculiar do personagem. Acredito ter sido difícil de interpretar, mas ele conseguiu convencer no papel durante todo o filme.
Contudo, por ser um filme sobre Fórmula 1 e principalmente por abordar a história desses dois pilotos, não poderiam faltar boas cenas de corrida com altas doses de tensão (o que não é apenas força de expressão). Isso porque a todo momento são evidenciados os altos riscos que as competições traziam, seja pelos constantes acidentes ou pelas crises que Hunt tinha antes de cada corrida — o que dá a impressão de que o seu corpo rejeitava o perigo, mas sua determinação o mantinha firme no seu objetivo.
E essa determinação dos pilotos é algo bastante retratado em Rush, e que no caso do Lauda é visto de forma bem clara após o momento mais dramático da sua carreira (se já assistiu ou conhece a história, vai saber que momento é esse). Além disso, essa vontade de vencer serviu de gancho para trazer o principal elemento do filme, que é a rivalidade entre os dois. Mesmo sendo uma época com grandes nomes na Fórmula 1, um dos personagens chega a dizer que a maior vontade do público era a de ver mais uma vez o embate entre os dois pilotos, tamanha era a disputa entre eles. Porém essa rivalidade, apesar de se iniciar nas corridas, se estende até mesmo para a sua vida pessoal, em que um sempre tenta superar o outro em algum aspecto. São exemplos disso os momentos pós-corridas em que, ao perder nas pistas, o derrotado sempre busca um alívio na vida pessoal — mas que, em certos momentos, não era uma forma de se consolar.
Sobre a história em si, ela é muito interessante. Como Rush é um filme baseado em acontecimentos reais, pode-se imaginar que saber sobre os personagens previamente é melhor, mas a impressão que tenho é que a experiência de assistir ao filme sem informações prévias seria ainda mais interessante, já que permite conhecer cada um dos protagonistas aos poucos. É justamente conhecer um pouco mais que diverte no filme, pois o diretor consegue fazer um ótimo paralelo entre os personagens que eram perfeitos opostos: Lauda, o piloto centrado, racional e que apostava na consistência dos resultados; e Hunt, o piloto talentoso, mulherengo, agressivo e que apostava tudo em cada corrida. Sempre ressaltando que, ainda que rivais, eles sempre tiveram respeito mútuo.
Outro paralelo entre eles é a concepção que cada um tem sobre o que é, de fato, vencer. E isso é interessante, pois deixa clara a mensagem do filme sobre o custo da vitória e qual o melhor caminho: se seria vencer colocando sua vida ou sua felicidade em risco ou se poderia haver um outro meio.
Rush – No Limite da Emoção é um daqueles filmes que você assiste e já pensa em quando vai rever, pois tem a capacidade de agradar fãs e não-fãs de Fórmula 1, com uma fotografia muito boa e que coloca o público na época retratada. Além disso, conta com uma trilha sonora adequada para cada momento. Por fim, se você gosta de uma história real (com o “pé” na ficção, claro) e que vai te deixar tenso como em uma final do seu esporte favorito, esse filme pode ser uma ótima escolha.
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